O adeus oficial de quem não tem medo de ser esquecida

    cab futebol feminino

    Foram 255 jogos com o símbolo dos Estados Unidos ao peito – mais precisamente 18 363 minutos jogados. Ao ocupar zonas ofensivas do relvado, quis assegurar-se de que ficaria na história do Futebol como a avançada que deve ser temida por qualquer guarda-redes. Em 2012 foi considerada Bola de Ouro pela FIFA e neste momento detém o recorde internacional de golos marcados ao serviço de uma selecção, seja masculina ou feminina, com uma modesta marca de 184 golos. Para além das conquistas individuais, regista no seu currículo duas medalhas de ouro olímpicas e um título de campeã mundial. Podem aplaudir e curvar-se perante a atleta que desafiou todos os estereótipos patentes no futebol: Abby Wambach.

    Catorze anos depois da sua primeira aparição na selecção nacional dos Estados Unidos, uma das melhores jogadoras de futebol de sempre decidiu pôr fim à sua carreira. Aos 35 anos, Abby Wambach aproveitou o jogo particular frente à China, inserido na digressão da selecção norte-americana como forma de celebração da conquista do campeonato mundial, para se despedir dos relvados. Apesar do resultado final ter sido favorável à selecção chinesa (0-1), na noite de 16 de Dezembro pouco importava ganhar ou perder, uma vez que estava em causa a homenagem a uma jogadora de excelência.

    A capitã da formação americana fez-se acompanhar por 32 950 (!) adeptos que se deslocaram até ao estádio situado em New Orleans para tornar a sua despedida inesquecível. Mais do que as marcas no corpo como resultado de uma vida preenchida pelo desporto-rei, ficam as recordações.

    Wambach despediu-se dos relvados, esta quarta feira, perante quase 33 mil espectadores. Os Estados Unidos saíram derrotados frente à China, por 0-1 Fonte: Facebook do US Soccer
    Wambach despediu-se dos relvados, esta quarta feira, perante quase 33 mil espectadores. Os Estados Unidos saíram derrotados frente à China, por 0-1
    Fonte: Facebook do US Soccer

    Abby Wambach vestiu as cores do Washington Freedom, do MagicJack e do Western New York Flash. No entanto, e ainda de forma amadora, foi a passagem pela equipa da sua faculdade (Florida Gators) e o consequente título nacional que a catapultou para uma vida que estava destinada ao sucesso na prática do futebol. Seis vezes vencedora do prémio “Atleta do Ano” nos Estados Unidos, foi chamada a comparecer nos trabalhos da selecção nacional, pela primeira vez, em 2001. A 27 de Abril de 2002, teve o primeiro momento de explosão de alegria aquando da marcação do primeiro dos seus 184 golos com a camisola dos Estados Unidos, frente à Finlândia. Depois deste momento, a conquista da medalha de ouro nos jogos olímpicos de 2004 e de 2012, a par da atribuição do prémio de melhor jogadora do mundo e da mais recente conquista do campeonato do mundo frente ao Japão, foram as maiores conquistas da jogadora.

    Dotada de uma grande qualidade técnica e de finalização, na qual utiliza a cabeça como a sua arma letal, Wambach desenhou um percurso invejável e que dificilmente vai ser apagado pelo tempo. Ainda que apele para que o seu nome seja esquecido em prol de um legado constituído pela próxima geração, ainda que a sua humildade lhe permita pensar já no futuro do futebol feminino americano, ainda que não tenha medo de ser esquecida, Abby Wambach não pode nem deve ser esquecida agora que diz adeus ao futebol.

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    Rita Latas
    Rita Latashttp://www.bolanarede.pt
    Atualmente a trabalhar na Sport TV, Rita Latas está no mundo do jornalismo desportivo há sete anos. O futebol foi a modalidade que a levou a ingressar na área, depois de 13 anos como jogadora federada