A amargura de um Grande | FC Porto

    Pouco mais de uma semana passou desde o desaire europeu do FC Porto aos pés do Olympique Lyonnais. Ainda tem aquele sabor amargo. O sabor amargo de que era possível mais, muito mais… bastava querer.

    Houve querer, mas foi pouco demais. Sérgio Conceição havia dito que a eliminação da Champions tinha sido injusta e que o FC Porto é uma equipa de Champions. Tem toda a razão. Jogámos cara a cara com o líder da liga italiana e do campeão espanhol.

    Liverpool é outro campeonato. A derrota caseira com o Atlético Madrid ainda hoje me dá angústia. Uma equipa completamente ao alcance, mas um golo caído do céu levou a equipa portista a cair de um abismo.

    A derrota com o Atlético Madrid foi o pior momento do FC Porto esta época
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Desde então o foco foi somente o campeonato. É um bom objetivo, ganhar a prata da casa, aproximar do grande rival em títulos, encaixar uns bons milhões com entrada direta na liga dos campeões do ano seguinte.

    Mas existe essa amargura. A amargura de um grande clube, em Portugal, em que o foco é apenas o campeonato. O FC Porto é líder, principal candidato, e o que está em melhor forma para alcançar o título nacional. Mas no final da época, se se consumar a conquista do 30.º título de campeão nacional, vai ficar uma amargura de que era possível ir mais longe na Europa.

    Ganhar a Liga Europa seria sempre tarefa difícil. A cada ano que passa a competição fica mais aliciante, pela competitividade e rotatividade de equipas que chegam às fases mais adiantadas da prova. Este ano havia FC Porto, Borussia Dortmund, FC Barcelona, RB Leipzig, Nápoles.

    Estas seriam, em teoria, as mais fortes e candidatas a vencer. Na rifa do FC Porto calhou a Lazio, como adversário do playoff de acesso aos oitavos de final. Uma Lazio que estava a cumprir um campeonato italiano um pouco abaixo das expectativas, fora da zona europeia, mas uma equipa forte e combativa, ainda assim.

    Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

    Logo no primeiro jogo percebi a mensagem do treinador. Levou Toni Martínez, Fábio Vieira, Grujic para o onze inicial. Aqui, Sérgio Conceição dava prioridade ao campeonato, mas levava equipa competitiva capaz de vencer os italianos.

    Foi isso que aconteceu. Houve susto, mas Toni Martínez fez, provavelmente, a melhor exibição desde que veste de azul e branco, e marcou dois golos que levaram vantagem para Roma.

    Depois do empate em Itália, todos pensámos que ao eliminar uma equipa forte, das mais fortes que estavam no playoff, era possível ir longe. Adversários dos oitavos eram, teoricamente, mais acessíveis do que a Lazio. Calhou-nos o Lyon.

    Equipa com bons jogadores – Paquetá, Dembelé, Faivre, Boateng. Mas um Olympique Lyonnais muito abaixo do que seria de esperar, um modesto 10º lugar na liga francesa, uma defesa que metia muita água.

    O jogo da primeira mão notou-se cansaço na equipa do Porto. Poderá ser essa a principal razão da derrota frente aos franceses. Porém, 1-0, completamente reversível. Começar bem o jogo, carregar, pressionar a primeira linha de construção do Lyon era fundamental para ferir o adversário. O Olympique Lyonnais sofrera 4 golos, em casa, frente ao Rennes, na jornada que antecedeu a segunda mão dos oitavos de final.

    O FC Porto conseguiu marcar apenas um golo, em toda a eliminatória. Uma equipa com poder ofensivo suficiente para fazer mais golos. Um meio campo mais do que suficiente para controlar o ritmo do jogo. Não foi isso que se viu em França.

    Viu-se uma equipa refém dos ataques dos alas, meio campo raramente conseguia impor presença e o controlo da bola. Sempre que conseguia espaço, o FC Porto causava muito pouco perigo. Como pode isso acontecer na Liga Europa, quando no campeonato é o FC Porto que manda nos jogos, frente a adversários modestos e também mais fortes?

    A rotatividade que Conceição promoveu na Liga Europa, não faria mais sentido, e tinha tido mais proveito, no campeonato? A saída de Luís Díaz foi um golpe duro, um jogador desiquilibrador, uma mais valia na equipa. Mas a sua saída não pode explicar a redefinição dos objetivos.

    FC Porto Vitória SC SC Braga
    A ausência da qualidade de Luis Díaz foi muito sentida depois da sua saída, principalmente nas competições europeias
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Taremi e Evanilson estão a protagonizar uma excelente época. Uma dupla atacante como não se via no dragão há algum tempo. No meio campo temos Vitinha, Fábio Vieira, Otávio, Uribe. Pepê tem vindo a subir de rendimento, e marcou um golaço frente ao Lyon. Tudo isso era mais do que suficiente para levar de vencida a eliminatória frente ao 10º classificado do campeonato francês.

    A principal razão do desaire precoce na Europa não foi o cansaço nem o plantel. Foi a mentalidade interna que existiu na equipa. O grande desaire não foi a eliminação frente ao Lyon, foi quando se perdeu com o Atlético. Sérgio Conceição nunca olhou para a Liga Europa como uma alternativa para o sucesso europeu do FC Porto. Porque o FC Porto é equipa de Champions. Agora, é vencer o campeonato, para salvar a época.

    Artigo de opinião da autoria de Francisco Macedo Amaral.

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