Bem sabemos que na vida como no futebol tudo corre muito depressa e principalmente, hoje em dia, a rapidez é vertiginosa nesta nova geração de jogadores no que diz respeito ao seu processo de formação.
Antigamente, um jogador fazia a sua formação nas camadas jovens, nomeadamente nos clubes grandes, chegava aos seniores, era emprestado durante 2/3 épocas e se a sua qualidade fosse comprovada ficava no plantel principal de Sporting, Benfica ou FC Porto.
Atualmente, tudo é diferente, os jogadores são descobertos e dão nas vistas cada vez mais cedo e com a pressão dos empresários levam a que os jovens jogadores se não se impuserem de imediato nas equipas principais levam-nos imediatamente a querer sair.
E os nomes dos jogadores que apresento aqui no título são os últimos exemplos no futebol português do que eu referi anteriormente neste texto.
Começo pelo ponta de lança dinamarquês do Sporting, Conrad Harder, de 20 anos. A cumprir a segunda época no clube, viveu a primeira à sombra do “galáctico” Viktor Gyokeres a tentar beber da sua qualidade.

Contudo, no início da segunda temporada, as expectativas do jovem nórdico passavam possivelmente pela sua promoção a titular com a saída de Gyokeres, a verdade é que o Sporting decidiu apostar noutro ponta de lança no caso Luis Suárez o que colocava novamente Harder como segunda opção do ataque leonino.
A verdade é que neste cenário revelou-se a impaciência desta geração de jogadores que na minha opinião, tendo em conta a sua tenra idade podia ter mais um ano de aprendizagem com outro ponta de lança com diferentes valências e vivências como o colombiano Suárez de características diferentes do avançado sueco.
Mas ao invés preferiu transmitir ao Sporting a sua disponibilidade para sair imediatamente quando se apercebeu que seria mais um ano de banco apenas a competir nas taças e a jogar poucos minutos nas competições principais não tendo a paciência necessária para perceber que mesmo não sendo titular podia ser muito importante para o clube mesmo a partir do banco.
Como consequência dessa disponibilidade, “choveram” propostas para a sua transferência com propostas do Rennes, do AC Milan, o RB Leipzig e notícia das últimas horas, o Chelsea pode ser o destino do jogador caso satisfaça as exigências financeiras da direção leonina.
É uma pena, esta eventual venda porque acho que o avançado nórdico ainda tinha margem em Alvalade para evoluir. Também com as opções que o Chelsea dispõe, Harder não tem garantida a titularidade na equipa inglesa, por isso esta movimentação de mercado pode não ser tão favorável para o ponta de lança nórdico.
Um caso semelhante a Harder é o ainda mais jovem Rodrigo Mora. Com 18 anos, foi lançado na equipa principal do FC Porto na época passada, onde não foi aposta consistente de Vítor Bruno. Porém, a partir de Janeiro, com Martín Anselmi assumiu-se como titular e assim permaneceu até ao final da época, revelando muita qualidade e sendo decisivo para a obtenção do 3.º lugar do campeonato para os portistas.

O início da temporada para os dragões, com o novo treinador Francesco Farioli ao leme, trouxe nuvens negras para a evolução de Mora nos portistas. Deixou de ser opção regular a titular no clube, à exceção do jogo em Alvalade, onde foi a surpresa no onze do FC Porto.
Só que com esta perda de importância de Rodrigo Mora levou a que se falasse que não estava satisfeito com a sua situação no clube. Logo a Arábia Saudita entrou em cena através do Al Ittihad que avançou logo com uma proposta choruda para levar o mágico portista para o Médio Oriente.
Entretanto, com a recusa da proposta por parte dos portistas, o interesse parece ter esfriado um pouco. Contudo, até ao final da janela de transferências tudo é possível apesar do técnico Farioli em conferência de imprensa já ter dito que a hora de Mora ainda estava para chegar e isso confirmou-se com a titularidade em Alvalade. Vamos ver se é para continuar.
A mim parece-me um erro crasso vender um jogador tão decisivo e desequilibrador como Rodrigo Mora, independentemente do valor. Digo isto porque é ainda um jogador em formação e seria difícil a sua adaptação num contexto tão adverso como a Arábia pode prejudicar Mora. O jovem poderia prosseguir o seu crescimento sustentado no clube portista e estar mais tempo integrado num contexto familiar em que sente bem e pode daqui a mais algumas épocas sair muito mais preparado para o que vai enfrentar no estrangeiro.
Estes são somente alguns de muitos exemplos de jovens desta geração (e de outras) que arriscam sair cedo demais dos clubes onde estão. Estes jogadores aventuram-se no estrangeiro sem a formação como jogador e como homem, concluída e sem maturidade para saírem da sua zona de conforto e imporem-se muitas vezes em contextos adversos e que depois acabam por se perder.

O maior exemplo português desta situação e o de João Félix, vendido muito cedo pelo Benfica para um clube onde não se conseguiu adaptar, acabou por andar por vários clubes na Europa. Agora, Félix está no Al Nassr a tentar mais uma vez relançar a carreira, embora como já tenha escrito neste espaço, penso que o melhor teria sido o regresso ao Benfica para finalmente estar num contexto mais familiar. Porém, o facto do destino dele ter sido outro não foi seguramente por responsabilidade exclusiva do jogador.