“A Vida de Pi” foi o grande filme que valeu o segundo Óscar para Ang Lee na categoria de melhor realizador. O filme retrata a viagem de Pi, um jovem indiano que, após o naufrágio do navio em que viajava, se encontra preso num bote salva-vidas com um tigre de Bengala no meio do oceano. Para sobreviver, Pi aprende a partilhar o seu espaço e a conviver com o tigre. Nabil Ghilas é o Pi do Porto. Após o naufrágio do Moreirense, chega ao bote salva-vidas do Porto. Pode até não haver nenhum tigre, mas há Jackson.
Quando a contratação de Nabil Ghilas foi oficializada pelo Porto pensei que fosse para ser uma opção para concorrer com Jackson Martinez. Por muito bom que fosse o argelino, nunca teria hipóteses de jogar constantemente neste Porto. Até porque o ADN azul e branco impõe que se jogue exclusivamente em 4-3-3.
Os jogos de pré-época nunca são um indicador muito viável da qualidade e competência de um jogador. Os treinos são mais intensos, há processos novos para assimilar e, logo depois das férias, há alguma ferrugem que precisa de ser tirada. No entanto, são jogos que são vistos por muitos adeptos, nem que seja para ver as novas caras com a camisola do clube.
Já na pré-época Ghilas mostrou pouco. Jogos apagados e apenas dois golos, contra Maastricht e Nápoles. Podemos sempre dizer que se está a ambientar ao Dragão, que eram apenas os primeiros jogos e que estava a integrar-se no plantel. Na altura, com Jackson em forma imperial, passou por debaixo do radar.
Com o começo da Liga, as minhas presunções tornaram-se certas. Sem hipóteses perante o colombiano Jackson Martinez, Ghilas foi renegado para o fundo do banco e esquecido. Em 14 jogos oficiais, Nabil Ghilas, grande estrela do Moreirense na época 2012/13, não fez um único golo. Sejamos, porém, justos. Na Liga, são poucos os minutos que soma. Foi em jogos da Taça de Portugal e Taça da Liga, clássicos métodos de rotação de plantel, que teve as suas grandes oportunidades, sem grandes resultados pessoais.
O jogo de quarta-feira, perante o Penafiel, apoia a minha teoria de que Ghilas não se está a apresentar como uma solução. Espero que esta situação se possa alterar. Não é possível criar bons jogadores de um dia para o outro mas é possível direccionar jogadores para esse caminho. Este não é, nem será, o ano de Ghilas. O argelino ainda tem de escalar muito para chegar ao topo da montanha.
Não há certezas sobre se Jackson Martinez estará cá para o ano. O apetite de grandes clubes europeus para avançados da classe de Jackson é ávido. A qualquer momento pode surgir uma proposta. Tenho muito receio de que, caso perca Jackson, o Porto perca todo o poder ofensivo. Até porque as opções estão escassas. Há Ghilas e pouco mais. Da equipa B podem surgir Thibault Vion, Mauro Caballero ou André Silva mas, nesta altura, nunca serão os jogadores certas.
Falta metade da época. É a partir de Fevereiro que o campeonato começa realmente a carburar no que toca à forma física. Ghilas vai, certamente, ter mais oportunidades. Espero que as aproveite e mostre não só a mim como a todos os apoiantes do Porto que pode ser solução.