O assumir do comando técnico do plantel portista por parte de Luís Castro é uma situação que continua a não ser totalmente clara. Vozes ecoaram dizendo que Marco Silva iria ser o novo treinador após a saída de Paulo Fonseca, mas até ao momento é o ex-treinador da equipa B que parece ser mesmo o escolhido para acabar a época. Só importa saber o quão interino é, afinal, este treinador.
O Porto ganhou bem ao Arouca, sim, mas estamos a falar de um jogo em casa contra o 13º classificado da Liga, a apenas 3 pontos do último lugar. Para o adepto comum, a conta é fácil: 4 golos (bis de Quaresma e grande golo de Carlos Eduardo), Fernando sozinho a trinco e o triângulo invertido (com Defour e Carlos Eduardo mais avançados no terreno), e (muitos) mais minutos para Juan Quintero, o menino bonito do Dragão.
Poder-se-ia dizer que a solução Luís Castro resolveu muitos problemas do Porto. Desde logo, de forma mais directa, solucionou e facilitou a saída de Paulo Fonseca. Por outro lado Luis Castro é um homem com passado em outros escalões no clube, tendo tido a oportunidade de treinar jogadores como Quintero, Reyes, Ricardo, Kelvin e Herrera, entre muitos outros jovens que têm jogado na B desde o início da época, que podem ser importantes para a equipa A. Fora isto, são poucas as garantias que este treinador português dá ao clube, e a sua escolha não deixa de evidenciar uma clara falta de gestão de crise que previsse a saída de Paulo Fonseca.
É suposto aceitar que uma equipa a mais de meio da época passe a ser treinada pelo treinador da equipa B? Da mesma forma que jogadores treinam e jogam na B para chegar a A, também um treinador pode fazê-lo? No Porto parece que sim, pelo menos nesta época em que tudo acontece. Luís Castro pode até conhecer muitos dos jogadores do plantel, pode conhecer o clube como a palma da sua mão, mas nunca vai deixar de ser o treinador da B, até porque aos olhos dos adeptos e jogadores sempre foi essa a sua condição e, por muito bom que até possa ser, estará sempre etiquetado dessa forma.
Na generalidade dos media, o nome de Marco Silva (uma escolha que eu nunca defendi) foi confirmado como novo treinador do Porto, fazendo querer que Luís Castro iria fazer apenas meia dúzia de treinos e um jogo. Mas a cada dia que passa e a cada competição que vai sendo preparada ou jogada, é Luís Castro que ganha terreno no clube. Independentemente de se gostar ou não, estar constantemente a alterar de equipa técnica em nada ajuda a preparação, a motivação e o ambiente entre jogadores, daí que o “interino” seja aparentemente significado de “até-ao-fim-da-época”.
O jogo de Quinta-Feira contra o Nápoles tem uma importância extrema para a época 2013/2014 do Porto. Com o campeonato de parte (pretender alcança-lo é uma ilusão), é esta a (pequena) grande competição em que o Porto se deve focar. O terceiro classificado da Serie A é uma equipa bastante forte. Na semana passada bateu a Roma em casa por 1-0 e conta com grandes nomes como Higuaín, Callejón e Hamsik. Mais do que um difícil adversário, o Nápoles é um desafio ao que este Porto pode fazer. Nunca faltou qualidade ao plantel portista; o que faltou foi regularidade e motivação, e quem sabe se este não é aquele que torna uma época vergonhosa numa época semi-aceitável.
A actualidade portista é marcada por três sentimentos: um de felicidade relativamente à saída tardia de Paulo Fonseca; outro de desgosto quanto à época miserável do clube (estar a 9 pontos do Benfica e perder o campeonato na última jornada em casa são factores indesculpáveis); e por fim o de perplexidade quanto à estranha escolha do novo treinador. Luís Castro pôs o Porto B em primeiro na Segunda Liga e é um portista de vários anos no clube, mas os adeptos queriam mais, um maior nome, um histórico do clube. O Porto anseia uma lufada de ar fresco que tarda em acontecer.