Com o aproximar do findar da época, o FC Porto prepara a próxima temporada de forma estratégica e gradativa. Estando atualmente a dez pontos do primeiro lugar, e a cada jornada que passa mais longe do título, os Dragões reconhecem os erros cometidos a nível interno e projetam a próxima época com uma aposta assente no futuro. Esta projeção futura está bem saliente nas várias ações que o FC Porto tem tomado, como a renovação do contrato de Otávio, um jogador extremamente relevante no plantel portista, a contratação do promissor Pepê ao Grémio de Porto Alegre e a recente subida de Francisco Conceição à equipa principal dos azuis e brancos.
No entanto, a questão que se coloca é sobre os jogadores que outrora já foram um “projeto futuro” ou uma aposta para a próxima temporada: estarão estes incluídos neste novo planeamento dos Dragões para a época que se avizinha? Jogadores como Evanilson, Fábio Vieira e Romário Baró enquadram-se neste panorama de jogadores que foram apostas na presente temporada, no entanto, por algumas razões, não se firmaram no conjunto de primeiras escolhas do treinador da equipa principal, Sérgio Conceição.
⚽ FC Porto B-SC Covilhã
11 inicial 👉 Ricardo Silva, Baró, Evanilson, Namaso, João Marcelo, Fábio Vieira, Tiago Matos, R. Conceição, Carlos Gabriel, R. Valente, Gonçalo Brandão
👉 Jornada 25, Liga Portugal 2
⌚ 15h 📺 Porto Canal/ FC Porto TV #FCPorto #FCPortoB #LigaPortugal2 pic.twitter.com/qbOIh976lr— FC Porto (@FCPorto) March 21, 2021
Para os leitores menos atentos aos jogos do FC Porto B, os três jogadores citados acima estiveram presentes no jogo do passado domingo contra o SC da Covilhã, a contar para 25.ª jornada da Segunda Liga. Por vezes, jogadores da equipa A que são “convidados” a jogar na equipa B, de certa forma desmotivam-se, pois constatam que, de momento, não têm espaço na equipa ou no plantel principal. No entanto, este não foi o caso de Evanilson, Romário Baró e Fábio Vieira: a cada toque que davam na bola espelhavam a enorme vontade do “eu mereço e quero estar nas primeiras opções da equipa principal”. Este “grito interior” refletiu-se no resultado de 2-1 a favor do FC Porto B, que já não vencia há quatro meses, com Evanilson e Fábio Vieira a faturarem os dois golos, sendo que Romário Baró assistiu para o primeiro golo, com um toque de calcanhar “à craque”.
Para aqueles que desvalorizam, ou dão qualquer um destes jogadores como descartado, lanço o desafio de voltarem o jogo atrás e verem a primeira parte do jogo FC Porto B x SC da Covilhã. É impossível não notar que estes três jogadores se destacam dos demais: a qualidade que apresentam está patente em várias fases e vertentes do jogo. Fábio Vieira, para além do seu fantástico pé esquerdo e da sua técnica espantosa, tem particularidades que, a meu ver, são traços de líder. Para assumir um papel preponderante na equipa, creio que o jogador precisa de mais oportunidades, ou seja, precisa de acreditar que confiam no seu talento para mudar o jogo.
Claro, atualmente, com a forma de Sérgio Oliveira e Uribe torna-se difícil para o jogador entrar no onze inicial, no entanto, pode ser um substituto direto de Otávio, como extremo que parte da direita, mas que funciona muitas vezes como terceiro médio. O jogador precisa da confiança que tem na Seleção Portuguesa de sub-21, onde soma exibições fantásticas, ou da confiança que teve no jogo contra o Manchester City, onde atuou como titular e cumpriu o papel que lhe foi atribuído.
A situação de Romário Baró é idêntica, precisa que lhe deem confiança: nas poucas vezes que entrou nos jogos da equipa principal parecia um jogador apático, sem vontade e com medo de errar. É de certo que a lesão que teve fez com que perdesse espaço na equipa, ficando tapado com a entrada de novos jogadores do plantel, porém, todos nós sabemos, e creio que Sérgio Conceição também, que o jogador é diferenciado. Recordo-me da exibição que fez na temporada 2019/20 em pleno Estádio da Luz: todos nós, ao final do jogo, dizíamos que o jogador ficava por terras portuguesas por pouco tempo, até ser contratado por algum gigante europeu.
Evanilson também é outro caso similar. O jogador tem uma característica ou aptidão que poucos têm: está no lugar certo à hora certa. Sempre que entra dentro de campo marca ou está envolvido em algum lance de golo, exemplo disso foi o golo que fez contra o Nacional na Taça de Portugal, com apenas um minuto em campo, que levou o FC Porto a prolongamento. É oportunista, algo vital num ponta de lança, que se torna valioso e consistente caso tenha mais oportunidades a titular.
Com a entrada destes jogadores nos jogos do Porto B, creio que (e quero acreditar que sim) é uma aposta do FC Porto no futuro. Sabendo que têm talento para estar no onze titular, penso que a direção do clube e os responsáveis técnicos lançam estes jogadores na equipa secundária não só como forma de ganharem alguns minutos, mas também como um modo de voltarem à estaca inicial, fase onde se sobressaíram aos outros e mostraram a vontade e o querer de estar na equipa principal. Eventualmente culpamos o treinador por não dar a confiança necessária a estes jogadores, porém, por vezes, estes próprios precisam de ganhar a garra e a petulância que outrora tiveram por si só, para então mostrarem de facto os jogadores que realmente são.