Adeus, 12.º jogador

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    O verdadeiro adepto nunca abandona a equipa. O verdadeiro adepto está sempre no estádio a apoiar independentemente do momento que a equipa esteja a viver. Mas, sejamos sinceros, o FC Porto já viveu melhores dias. Depois do empate na Luz, muitos foram os dissidentes que baixaram a cabeça, baixaram os braços, que deixaram de acreditar. Não os culpo.

    Não culpo nenhum adepto portista por já não acreditar que é possível. Diz-se que o tamanho da desilusão é diretamente proporcional ao tamanho das expetativas criadas. E as expetativas não foram criadas tendo em conta apenas a hegemonia dos últimos 30 anos. Foram alicerçadas também no orgulho ferido da má época de 2013/14. Foram fortalecidas com o vislumbre do plantel para o novo ano, com as boas exibições da pré-época e do play-off da Liga dos Campeões. As expectativas foram, acima de tudo, fundamentadas pela qualidade individual do FC Porto, que se destacava das demais equipas da Primeira Liga.

    Foram demasiadas desilusões: na Taça de Portugal, em casa, frente ao Sporting; na Taça da Liga, onde desde há muito tempo se assumem posturas distintas dentro e fora do campo; no Allianz Arena, depois de um resultado favorável que deixou o universo portista a sonhar. Mas se o resultado desfavorável frente a uma das melhores equipas da atualidade foi, por muitos, compreendido, nada poderá desculpar a incapacidade portista no jogo da Luz quando se exigia sangue, suor e lágrimas para inverter um resultado desfavorável de dois golos no confronto direto. Para piorar a situação, os dois que eram vistos como as “vozes” do balneário terminaram o jogo a sorrir e a abraçar o adversário.

    Não culpo nenhum adepto portista por já não acreditar que é possível. E aqui entro no cerne da minha crónica de hoje. Uma equipa de futebol é muito mais do que onze jogadores dentro de um campo retangular. É muito mais do que uma formação a fazer uma bola rolar de um lado para o outro à procura das redes da baliza adversária. São também as horas de sono de cada jogador no dia anterior. É a refeição comida antes de cada partida. É o grão de areia dentro da chuteira que incomoda e não deixa jogar. “É muito mais do que aquilo que imaginamos. E uma das coisas que o FC Porto parece esquecer, várias vezes, é que uma equipa de futebol é também os seus adeptos. E, neste momento, a relação do FC Porto com os seus adeptos não é a melhor. Mas um adepto está lá sempre a apoiar nos bons e nos maus momentos. Quer dizer… está lá se o deixarem! O futebol praticado não é, vastas vezes, o melhor. A vontade de apoiar a equipa quando já pouco há a fazer é escassa… e, ainda por cima, o adversário é o Gil Vicente, penúltimo classificado.

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    Tabela de preços dos bilhetes para o FC Porto-Gil Vicente

    Parece-me completamente descabido que o FC Porto coloque, por exemplo, preços de 30€ para as bancadas centrais ou de 20€ para as laterais. Mais do que isso: acho inadmissível. Parece que o clube está completamente alienado da conjuntura económica atual do país e do contexto desportivo em que se encontra neste momento.

    Quando deveria ser o primeiro a dizer e a mostrar que o título da Primeira Liga ainda é possível, o FC Porto diz aos seus adeptos que quantos menos melhor e que não precisa de apoio.

    Adeus, 12º jogador.

    Foto de capa: fcporto.pt

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    Nuno Ribeiro Margarido
    Nuno Ribeiro Margaridohttp://www.bolanarede.pt
    O Nuno sabe que o futebol se assume muitas vezes como a perfeita metáfora da vida. Entre muitas frases do mundo do futebol que o marcam há uma que guarda e que o inspira em tudo o que faz: "Ganhar, ganhar, ganhar... e voltar a ganhar, ganhar e ganhar... é isto o futebol".                                                                                                                                                 O Nuno não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.