O mercado de transferências fechou e chega o momento de fazer a análise ao plantel que dele resultou. O campeonato já vai para a quinta jornada, mas só agora as equipas encontram a paz e o sossego após várias e largas semanas de rumores, especulação, entradas e saídas.
O FC Porto acabou, apesar de tudo, por fazer um bom mercado. Fica marcado pela positiva pelas incorporações de Nico González, Alan Varela e Ivan Jaime, para além da permanência de Diogo Costa. Pela negativa, o incompreensível e desnecessário regresso de Chico Conceição e a celeuma à volta do caso João Moutinho que, embora não fosse, de todo, prioritário, não merecia o tratamento que recebeu da parte do clube. Fica a ideia de que terá sido Sérgio Conceição o responsável pelo veto, mas o que mais preocupa é a falta de articulação entre a SAD e a estrutura técnica na abordagem ao caso.
Fica a faltar falar da saída de Otávio. Não a elenquei como ponto negativo do mercado porque acredito que foi uma venda inevitável e recusar a proposta seria um ato de gestão danoso que poderia prejudicar a saúde e sustentabilidade do clube a breve prazo. Era o jogador mais importante da equipa, é certo, mas transacionar um jogador de 28 anos por 60 milhões de euros (recorde do clube) e, para além disso, poupar quase um terço desse montante em salários, só pode ser entendido como uma boa decisão.
Quanto ao plantel portista, comecemos, como é habitual, de trás para a frente.
Na baliza e no centro da defesa fica tudo na mesma. Diogo Costa, titular do clube e da seleção nacional, mantém a companhia de Cláudio Ramos, como primeiro suplente, e Samuel Portugal. Já no eixo defensivo, mantém-se a dupla veterana Pepe e Marcano, com as alternativas Fábio Cardoso (chamado por Sérgio Conceição sempre que um dos titulares está ausente) e David Carmo (aparentemente proscrito, mas que acredito dará a volta por cima) na retaguarda.
Para as laterais defensivas chegou, por empréstimo, Jorge Sanchéz. O mexicano de 25 anos joga preferencialmente pela direita (embora possa jogar no flanco esquerdo) e chegou do Ajax para se concorrer com João Mário, dono e senhor à direita, e juntar-se a Zaidu e Wendell para fechar o conjunto de laterais à disposição de Sérgio Conceição. Pela terceira época seguida, o FC Porto vai enfrentar a época com a lateral esquerda como tendão de Aquiles.
No meio-campo deram-se saídas quase irreparáveis. Uribe e Otávio rumaram a terras árabes e deixaram um enorme vazio na zona nevrálgica do terreno. No entanto, a SAD, e bem, apetrechou essa zona do terreno com valores seguros e que, apesar de características diferentes, asseguram a manutenção dos níveis de qualidade exigidos. Para o “miolo” chegaram Nico González, médio com excelente qualidade de passe e boa ocupação do espaço, e Alan Varela, com sangue na guelra e qualidade técnica. A estes juntam-se Eustáquio, Grujic e Baró que já conhecem os cantos à casa e que asseguram um meio-campo completo.
Para as alas chegou Ivan Jaime, melhor jogador jovem do último campeonato e que acredito que, a breve prazo, se tornará figura de proa do FC Porto, seja a jogar encostado à esquerda ou em zonas interiores. Para além do jovem espanhol, o último dia de mercado trouxe, também, Chico Conceição que saíra do clube há cerca de um ano e regressa sem que seja evidente a utilidade que poderá vir a ter. Pepê, um driblador nato, e Galeno, muito explosivo, têm sido as apostas da equipa técnica e mantêm-se no clube apesar de algumas abordagens do estrangeiro. A todos estes há ainda que somar Gonçalo Borges, que vai queimando etapas na sua afirmação definitiva, e Gabriel Veron, que tem enorme potencial, mas passa mais tempo na enfermaria do que no relvado.
Por fim, na frente de ataque, para além de Taremi (esteve com um pé fora do clube), Toni Martínez, Namaso e Evanilson, o FC Porto contará, este ano, com Fran Navarro no seu leque de opções. O avançado espanhol mescla as qualidades dos diferentes avançados que já compunham o plantel e tem tudo para ser um elemento muito útil ao longo da época.
Em suma, o plantel portista é extenso (na verdade, em demasia) e conta nas suas fileiras com qualidade de sobra para superar com êxito uma época longa e um calendário com quatro competições. Precisará, porventura, de alguns cortes em Janeiro, mas Sérgio Conceição não se pode queixar de falta de opções, seja em quantidade ou, até, em qualidade.