André Silva é já uma certeza no panorama futebolístico nacional. Desde cedo que todos lhe reconheceram capacidades para ser o Ponta de Lança que falta à seleção há vários anos e também o ponta de lança português que o Futebol Clube do Porto não tem desde os tempos de Domingos Paciência. Todos sabemos que é uma herança pesada nos azuis e brancos que tiveram em Fernando Gomes o expoente máximo na posição 9 mas o jovem avançado tem-se mostrado à altura dos acontecimentos com exibições e golos que fazem antever um grande presente e um ainda maior futuro.
Mas vejamos as estatísticas do natural de Baguim do Monte começando pela sua etapa na equipa de juniores A do Porto que, nas épocas 2012/2013 e 2013/2014 marcou 47 golos em 59 jogos. Números impressionantes para um avançado de 18 anos. Nessa época de 2013/2014 consegue a chamada à equipa B do Porto e, em 21 jogos, fatura por 3 ocasiões na sua estreia na 2ª Liga, um campeonato mais difícil e marcado todos os anos pela competitividade e equilíbrio entre as equipas.
Na época de 2014/2015, numa fase de consolidação, em 41 jogos faz 9 golos pela equipa B dos azuis e brancos, mas a explosão no escalão sénior dá-se na época passada ao capitanear a equipa secundária dos dragões e fazendo a bola beijar as redes por 15 vezes em 31 jogos, sagrando-se o melhor jogador e a revelação da 2ªLiga, o que permitiu a estreia na equipa A do Porto marcando três golos (dois deles na final da taça contra o Braga, e um no último jogo do campeonato). Os adeptos já pediam a estreia de André Silva e o fim de época a marcar deixou água na boca dos sócios e simpatizantes portistas. Também nas seleções jovens despontou, com aquele Campeonato Europeu de sub-19 em 2014 onde marcou 5 golos na fase final e se tornou numa das revelações da competição onde ajudou Portugal a chegar a final, perdendo com a Alemanha.
A continuidade de André Silva para esta época como aposta a titular na frente de ataque do Porto foi das melhores notícias que os portistas puderam receber no início da época. A herança é pesada, mas o talento deste jogador de 20 anos, quase 21, é enorme. Bateu um recorde de 88 anos da seleção e marcou o seu primeiro hat-trick com a camisola das quinas mais cedo que Eusébio e Ronaldo, sendo também titular da frente de ataque dos dragões envergando, curiosamente, não a camisola 9 mas a 10. Quer dizer alguma coisa, não?
O futuro é promissor e com o treino e aconselhamento adequados, André Silva poderá tornar-se num caso sério no futebol nacional e, acima de tudo, do futebol europeu. Claro está, existem defeitos a ser trabalhados como o 1×1 em que se mostra ainda bastante débil e, por vezes, tem de ser mais eficaz na hora de aproveitar as oportunidades, mas o talento e a inteligência estão lá, têm de ser orientados sim para os melhores interesses do atleta e do clube.
Também é factual que a estrutura do Futebol Clube do Porto, atualmente, não é a melhor para um miúdo de 20 anos se afirmar tranquilamente, porque a cultura de campeão não existe no plantel do Porto visto que vem de épocas de fracassos, sem qualquer conquista e colocar a responsabilidade de vitórias e de golos num jogador ainda com pouca experiência pode revelar-se prejudicial na sua evolução. É necessária paciência, compreensão e apoio a um jogador que pode ficar na história do Futebol Clube do Porto e da Seleção Nacional.
A sua história está a ser escrita diariamente e as próximas páginas deste livro poderão contemplar inúmeros sucessos, vitórias e golos. Bem-haja, André Silva, por colocares esta esperança em todos nós.
Texto revisto por: Carlos Valente
Foto de capa: FC Porto