SC Braga 0-2 FC Porto: Na raça estava a 19.ª Taça de Portugal

    A CRÓNICA: EM JOGO (QUASE) DE SENTIDO ÚNICO, PORTO NUNCA PERDEU O NORTE E FOI JUSTO VENCEDOR

    Não há festa como a da Taça e o ambiente no Jamor horas antes do início do jogo refletia isso mesmo. Piqueniques, cervejas, bifanas e cânticos de parte a parte deixaram os adeptos desejosos de verem novo desfecho da mais histórica competição do futebol nacional.

    A identidade de jogo do FC Porto impôs-se na primeira parte, resultando logo em três defesas difíceis de Matheus no primeiro quarto de hora. Este domínio deveu-se muito à astúcia tática da equipa.

    O Porto sobrelotava uma das alas procurando uma de duas coisas: superioridade numérica nessa zona do terreno, ou então variar rapidamente de flanco para atacar espaços mais abertos. Isto, aliado a um Pepe seguro na defesa e a uma pressão alta eficaz conferiram uma postura dominante aos dragões.

    Artur Jorge avisara que este jogo não tinha margem para erros, mas alguns dos seus jogadores não o terão ouvido e cometeram erros que só retraíam ainda mais a sua equipa.

    O SC Braga não conseguia sair a jogar desde trás, procurando por isso jogar longo na frente e ganhar as segundas bolas para poder respirar um pouco. Os guerreiros estavam acanhados no seu meio-campo, muito contra a sua vontade e espírito – só Ricardo Horta assustou Cláudio Ramos no primeiro tempo.

    Por seu lado, os azuis-e-brancos também conseguiam progredir em velocidade e os seus avançados isolavam-se graças a movimentos de rotura.

    O segundo tempo não trouxe mudanças ao jogo, excetuando uma fundamental: houve logo golo.

    Numa jogada de insistência, Otávio isolou Galeno na área, que cruzou rasteiro e André Horta, a tentar impedir o golo de Toni Martínez, acabou por fazer autogolo.

    Pouco depois, Wendell foi expulso devido à entrada dura sobre Victor Gómez. Deste modo, Toni Martínez deu o lugar a Zaidu e a equipa atuou em 4-4-1, com Taremi na frente. Já o Braga arriscou, tirando Victor Gómez e Tormena para as entradas de Banza e Pizzi – dava o tudo por tudo.

    Os arsenalistas foram então dominantes, mas pacientes. Acercavam-se do último terço do terreno, onde a defesa compacta portista obrigava a um ataque mais lateralizado e pouco incisivo.

    Até que aos 78 minutos, Niakaté foi expulso por cometer falta sobre Taremi, que se ia isolar. De seguida, Galeno acelerou na ala, irrompeu pela área e passou para Otávio só ter de encostar para o 0-2. O Porto geriu o jogo a partir daí, tendo Galeno ainda acertado na trave.

    O FC Porto vence assim a Taça de Portugal pelo segundo ano consecutivo. A equipa também chega a um inédito trio de taças conquistadas numa época, após ter vencido a Taça da Liga e a Supertaça. Já Sérgio Conceição tornou-se no primeiro treinador na história dos dragões a conquistar 10 títulos pelo clube.

    A FIGURA

    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Otávio (FC Porto): Com uma visão de jogo apurada, intensidade na pressão ao adversário e muita lucidez, Otávio também criou a jogada do primeiro golo e fez o segundo. Mais um grande jogo do internacional português.

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Bruma (SC Braga): Vagueou por todo o terreno, mas com pouco critério. Falhou muitos dribles e não tirou proveito da sua velocidade.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    SC Braga

    BnR: Na 1.ª parte o Braga teve problemas ao sair a jogar desde trás e acabou por apostar em bolas longas para avançar no terreno – acha que essa dificuldade em bater a pressão alta do Porto permitiu que o adversário tivesse um domínio mais acentuado no jogo?

    Artur Jorge: A verdade é que teve, de facto, na 1.ª parte, maior domínio. Tentámos corrigir e sermos mais iguais a nós próprios na 2.ª parte. Quando pensávamos que o jogo teve ali um período de tempo em que nos seria favorável, quando ficámos em vantagem numérica, tentámos a partir daí arriscar tudo com substituições bem mais ofensivas, tentámos colocar a equipa mais próxima da baliza contrária e no último terço. Depois, com a expulsão do Niakaté e o golo logo a seguir, não o conseguimos.

    Já muito perto do fim acabámos por ter as nossas duas melhores oportunidades, com dois remates dentro da área do Banza, mas não foi suficiente para poder discutir aquilo que era o jogo em si.

    FC Porto

    BnR: Na 1.ª parte vimos o Porto a atacar com muitos homens numa ala e depois variar rapidamente de flanco – fez isso para tentar ter superioridade numérica numa ala e, se isso não resultasse, para explorar o espaço em aberto no outro flanco?

    Sérgio Conceição: Faz parte daquilo que é a nossa posição no futebol ofensivo, ou seja, abrir o adversário num corredor e depois sair dessa pressão e conseguirmos mudar para um espaço que nós identificámos no comportamento padrão da equipa do Braga. Eram espaços que nós queríamos explorar e tínhamos jogadores para o fazer.

    É um dos momentos do jogo, não é o único, houve outros na minha opinião que foram decisivos, mas esse também é um momento muito importante.

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    Afonso Viana Santos
    Afonso Viana Santoshttp://www.bolanarede.pt
    Desde pequeno que o desporto faz parte da sua vida. Adora as táticas envolvidas no futebol europeu e americano e também é apaixonado por wrestling.