Capitão? Não basta sê-lo, há que senti-lo

    A braçadeira de capitão é, no mundo do futebol, o objeto mais sagrado que um jogador pode ostentar no seu braço. Envolta em mística e tradição, são poucos aqueles que podem encher o peito de orgulho e afirmar “sou capitão”; menos ainda serão aqueles que poderão adicionar o nome do FC Porto a esta afirmação.

    Partindo desse princípio, é normal que a massa adepta olhe de forma diferente para esse líder, para o capitão de equipa, exigindo mais dedicação, mais raça, mais influência no grupo de trabalho. E, num clube da dimensão do FC Porto, toda essa exigência deve ser encarada com um orgulho enorme, um orgulho que tantos outros nomes que estão eternizados no nosso museu sentiram outrora.

    Contudo, tal sentimento, atualmente, parece sofrer uma onda enorme de dúvida e de questionamento, muito por conta de alguns episódios que rodearam o nosso atual capitão, Danilo Pereira, recentemente. Em causa está, para além de outros tópicos, a falta de empenho e de comprometimento com o grupo constatados na jogada que originou o segundo golo do Feyenoord, em Roterdão.

    E, se apenas esta situação não bastasse para colocar em causa a posição hierárquica deste jogador, factos como os incidentes na pré-temporada e os constantes rumores acerca de um possível pedido de transferência, ajudaram a criar uma certa perda de afinidade entre o internacional português e o Tribunal do Dragão.

    Apesar da recente contestação, Danilo Pereira continua a ser aposta recorrente de Sérgio Conceição
    Fonte: FC Porto

    Vamos por partes. Em nenhum momento coloco em causa a qualidade de Danilo; todavia, também não o coloco no pedestal de “melhor médio da história recente do FC Porto”. Vejo-o como um jogador importante no panorama atual do clube e, indiscutivelmente, como um dos melhores na sua posição em Portugal.

    Mas, como já tive oportunidade de referir anteriormente, Danilo é hoje um jogador acomodado, um jogador que sente que não precisa de esforçar-se a 100% para ter lugar no onze inicial. Motivado por um desejo de abandonar o clube? A isso não sei responder, apesar de considerar que aquelas sucessivas capas de jornais têm pouco de inocente…

    Bom, voltemos ao tema “braçadeira”. O nosso atual capitão tem condições para o ser? A meu ver, não; e não o tinha já mesmo antes de oficialmente o ser, uma vez que, após a saída de Héctor Herrera, a braçadeira de capitão do FC Porto só cairia bem no braço de um único jogador: Alex Telles.

    Ele não precisa de ser português, não precisa de ter nascido na cidade do Porto, não precisa de dez ou vinte anos de casa para saber o que o símbolo que carrega ao peito representa. Claramente diferenciado, não só fora das quatro linhas, como também dentro delas, onde, na minha opinião, entraria sem muitas dificuldades numa lista de melhores laterais esquerdos da Europa.

    Agora, a esta altura do campeonato, mudará a braçadeira de dono? Acredito que não, acredito que permanecerá com o “Comendador” até final de 2019/20. Resta-nos, portanto, torcer que este mude de atitude e perceba que, independentemente de qualquer quizila, o FC Porto vem em primeiro lugar.

    Foto de capa: FC Porto

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    José Mário Fernandes
    José Mário Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    Um jovem com o sonho de jogar futebol profissionalmente. Porém, como até não tinha jeito para a coisa, limita-se a gritar para uma televisão quando o FC Porto joga.                                                                                                                                                 O José escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.