Carta Aberta a: Julen Lopetegui

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    Caro Julen Lopetegui (queria chamar-lhe mister mas nem isso consigo),

    Comecei a colaborar com o Bola na Rede há pouco tempo e, por isso, tomei a liberdade de me certificar de que nunca tinha recebido nenhuma carta aberta. Engano meu. Não sou o primeiro a escrever-lhe mas, espero, vou ser o último. Gostaria, porém, de citar o que o meu colega Alcino Rodrigues escreveu aquando da carta aberta que este escreveu em maio último:

    Se ficar na próxima época tenha consciência e assuma para si mesmo que falhou rotundamente em várias ocasiões. O fracasso pode ser um grande aliado mas há que ter a humildade de percebê-lo como um instrumento de realização, que já foi usado por muitas pessoas de grande sucesso que souberam aproveitá-lo. Não espere obter resultados diferentes se fizer sempre a mesma coisa, que eu também não…

    E agora aproveito para o citar a si nas declarações que proferiu hoje (27 de novembro), poucos dias após o desaire em pleno Dragão frente ao Dinamo Kiev:

    As reações do público são soberanas. Perdemos um jogo em 18 e o público reage como reage. Aceitamos e de bom grado. O público é soberano e tem sempre razão.

    A arrogância com que profere estas palavras assinalam o seu fim no Futebol Clube do Porto. A primeira derrota da época 2015/16 deverá marcar o seu fim como treinador dos azuis-e-brancos. E quer saber porquê? Porque não é capaz de admitir que errou. Porque não é capaz de assumir que a derrota frente ao Dinamo Kiev começou ainda antes do apito inicial, nas opções técnicas que tomou. Menospreza a opinião pública porque esta não se alicerça em toda a sabedoria futebolística com que toma as suas opções. Pois bem… além de arrogante tem pouco caráter.

    O que é que eu faço aqui com estes plebeus? Fonte: FC Porto
    O que é que eu faço aqui com estes plebeus?
    Fonte: FC Porto

    Depois do jogo é fácil falar? Sim, claro que é. Mas antes do jogo também é fácil perceber que há opções que têm tudo para correr mal. E não é isso que o impede de as tomar. Opções que, em jogos cruciais, continuam a deitar tudo a perder. É conservador. Tem medo. Tem receio mesmo sendo treinador do Futebol Clube do Porto.

    Julen, o problema não está na primeira derrota. Está nas exibições da equipa. Não há evolução, não há um fio condutor, não há ideias… Somos demasiado previsíveis e incapazes de manter o nível exibicional perante a rotatividade. E não há milagres para tanta incompetência da sua parte. As vitórias são algo natural no seio portista porque os jogadores são melhores. Se eu juntar dez jogadores num campo e colocar os cinco melhores numa equipa, o mais natural é que estes vençam nove em dez jogos. No mínimo! Mesmo que nunca se tenham visto na vida. Mesmo que não se conheçam. Mesmo que não falem a mesma língua. São melhores e vão, naturalmente, vencer.

    O futebol até tende a ser bastante simples. Operacionalizar e interiorizar os processos é que é mais complicado. Mas nem isso você consegue. Pode ter a teoria toda na cabeça mas não consegue que os jogadores correspondam com aquilo que você exige. E a minha pergunta é: a culpa é dos jogadores?

    Há ainda outro ponto em que gostava de me debruçar. Saiu este sábado (27 de novembro) a convocatória para o encontro em Aveiro frente ao Tondela. Corona e Imbula de fora porquê? São os bodes expiatórios que encontrou para justificar a derrota consentida? Então e o Casillas não sai porquê? É imprescindível? É que o erro que o espanhol cometeu é clamoroso e acabou com todas e quaisquer expetativas de recuperação. O ano passado fez o mesmo com Fabiano. Este ano, Cissokho também já passou pelo mesmo.

    Quero pedir-lhe um favor! Já que estamos a deixar de fora os culpados do último desaire, deixe-se a si de fora. Diga ao Rui Barros para assumir a equipa.

    Caro Julen… até pode conseguir vencer um troféu interno ou o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões. Mas o seu tempo aqui já acabou. Cumpra os requisitos mínimos para que consiga sair pela porta média. A grande nunca será sua e a pequena já está entreaberta. Assuma de uma vez por todas que é um fracasso como treinador de futebol.

    Espero que estejas contente. Bateste mais um recorde. És, neste momento, o único visado a receber duas cartas abertas no Bola na Rede. Festeja lá isso e atira à cara dos adeptos se quiseres.

    Foto de Capa: FC Porto

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    Nuno Ribeiro Margarido
    Nuno Ribeiro Margaridohttp://www.bolanarede.pt
    O Nuno sabe que o futebol se assume muitas vezes como a perfeita metáfora da vida. Entre muitas frases do mundo do futebol que o marcam há uma que guarda e que o inspira em tudo o que faz: "Ganhar, ganhar, ganhar... e voltar a ganhar, ganhar e ganhar... é isto o futebol".                                                                                                                                                 O Nuno não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.