Caro míster,
Antes de mais permita-me que, em nome de todos os portistas, o congratule a si e à sua equipa técnica, bem como aos jogadores que briosamente comandou durante esta época desportiva, pelo título nacional conquistado. O 28º da nossa história.
Obrigado. Este título é de todos os portistas, mas é, acima de tudo, seu. E é seu porque o clube estava moribundo e só alguém com o seu carácter e paixão pelo jogo, mas, principalmente, com a sua competência, poderia ser capaz de resgatar um grupo de jogadores que vinha falhando a cada momento decisivo que enfrentava.
Contas no vermelho, uma contratação, meia dúzia de jogadores em final de contrato e outra meia dúzia retornada de empréstimos mais ou menos bem-sucedidos e de quem já ninguém (ou quase ninguém) se lembrava. E assim se iniciou uma época na qual toda a crítica especializada optou por colocar, sobranceiramente, o último lugar do pódio como triste fatalidade para um clube que começava a ver um duradouro ciclo hegemónico terminar. Os arautos do penta reservavam o Marquês, confiando num Benfica forte, mas acomodado nos seus tentáculos, os eternos sonhadores confiavam nos milhões de um Sporting pujante (qual poço de petróleo encontrado para os lados de Alvalade) e nós, o mar azul, acreditámos em si, Sérgio. Aposta ganha.
O FC Porto não foi uma enciclopédia de bom futebol (como já aqui disse) mas desengane-se quem pensa que o clube ganhou este título pela raça. Revolta e uma vontade enorme de vencer, sem dúvida. Mas foi pela competência, sua e dos jogadores, que o FC Porto voltou a vencer contra tudo e contra todos. Chega a hora de citar algumas palavras que lhe enderecei há algumas semanas aquando da vitória na luz: “O FC Porto não é, como já o referi, uma máquina de bom futebol, mas é, sem sobra de dúvidas, uma equipa de autor. A marca do seu timoneiro está bem patente em tudo o que a equipa faz em campo e a forma como este tem sabido gerir os recursos à sua disposição para obter os resultados pretendidos tem sido de uma competência imensurável. Pujança física, busca incessante pela profundidade, largura dada pelos laterais, jogo interior dos extremos, poder aéreo ofensivo e defensivo, rápida e eficiente reação à perda de bola e uma alta rotação constante são tudo impressões digitais de um treinador que recebeu em mãos um navio à deriva e o transformou num porta-aviões. Bravo mister.”
Pedindo-lhe que permaneça como líder do mar azul resta, após os festejos, preparar exigentemente a próxima época que, estou certo, se revelará ainda mais trabalhosa do que a que está prestes a findar. O Sérgio e os seus jogadores terão um alvo nas costas. Todos os canhões dos adversários, da imprensa e de todas essas máquinas de propaganda terrorista estarão apontados ao estádio do Dragão e voltará a ter que ser “contra tudo e contra todos”. Alguns jogadores abandonarão o barco na busca por melhores praias e outros chegarão com créditos, ainda, por firmar. Mas nós, o mar azul, confiamos cegamente no nosso comandante. E começará tudo de novo. Eu quero o Porto Bicampeão.
Termino como comecei. Obrigado míster. Este título é de todos nós. No entanto, este título é seu. Oh captain my captain!
Foto de Capa: FC Porto
artigo revisto por: Ana Ferreira