Clássico-Rei

    dosaliadosaodragao

    Dos Clássicos que a História foi formatando ao longo do seu curso, o Benfica-Porto dos nossos dias, mais do que qualquer outro, paralisa um país apaixonado por futebol. E logo às quatro da tarde de um Domingo – o espaço, por natureza, do Desporto-Rei, roubado nos últimos anos por imperativos comerciais. Sejam, por isso, bem-vindos ao maior espectáculo do Mundo!

    Para os portistas, o Estádio da Luz transformou-se, nos mais recentes anos, num recinto confortável. Se olharmos para os dados estatísticos, nos últimos dez encontros aí disputados, em todas as competições, o Benfica venceu três, o FC Porto quatro, somando-se por empates as restantes três partidas. Mais do que isso, o Clássico dos Clássicos, nas recentes temporadas, tem proporcionado jogos absolutamente espectaculares, repletos de golos, intensidade e emoção. E ainda exibições de grande personalidade dos Dragões! Talvez por isso a ida à Luz não seja, actualmente, encarada como o regresso a um terreno tão hostil quanto já foi; tem sido claro nos mais recentes confrontos a superioridade ao nível emocional do FC Porto face aos seus maiores rivais.

    Porém, Domingo a história reescrever-se-á. O FC Porto 2013/2014 está longe de emanar a confiança e o à-vontade (e mesmo a qualidade de jogo) que os anteriores conjuntos azuis e brancos demonstraram aquando das idas à Luz. É certo que a equipa deu sinais positivos nas últimas semanas mas mantém-se, ainda, muito longe da estabilidade desejável para um confronto desta dimensão.
    Entrando nas quatro linhas, surgem, claramente, duas dúvidas: quem fará companhia a Fernando e Lucho no meio campo e, por outro lado, quem ocupará a posição de extremo para além de Varela. Se há algo que a história recente tem demonstrado – até por contraponto com o seu rival – é que o FC Porto não se deve condicionar a si próprio nem a sua estratégia (dentro de um limite de razoabilidade) só por defrontar o Benfica. Deve ser convicto de si, fiel aos seus princípios e não mudar por mudar.

    FC Porto a festejar no Estádio da Luz – o que se espera (repetir) no próximo Domingo. Fonte: http://imagem.band.com.br/zoom/f_147803.jpg
    FC Porto a festejar no Estádio da Luz – o que se espera (repetir) no próximo Domingo.
    Fonte: http://imagem.band.com.br/zoom/f_147803.jpg

    Partindo deste pressuposto, acredito que a melhor solução passe, então, por oferecer a Carlos Eduardo o espaço de playmaker da equipa, depois de tão boas indicações dadas. Não apostar nele (e antes em Defour ou Herrera) seria, simultaneamente, um sinal de temor dado ao seu adversário e um descrédito ao ex-Estoril com implicações na sua confiança. Relativamente ao extremo, todos podemos ansiar por Quaresma. Parece-me, no entanto, precipitado apostar no ‘Mustang’ desde já; será, pois, realista pensar em Licá (apesar dos desempenhos menos conseguidos nos últimos tempos) como uma opção mais válida para entrar como titular. Será, contudo, inevitável que o novo nº 7 dos Dragões surja em campo independentemente do curso do jogo, até pelo upgrade psicológico que isso pode dar à equipa.

    Independentemente dos nomes, Paulo Fonseca deve perceber por que o FC Porto tem sido tão competente nos últimos anos na Luz. Para além do claro demérito do Benfica em determinados momentos, a equipa – com Villas-Boas ou Vítor Pereira – nunca se amedrontou, soube ser personalizada, muitas vezes pressionando e surpreendendo o Benfica. É certo que não há hoje craques tão fabulosos como Falcão, Hulk ou James que decidam um jogo num pormenor; no entanto, todos os que entrarem com o Dragão ao peito têm de ser capazes de perceber a dimensão deste jogo e encarnar aquilo que continua a ser a maior das vantagens: ser Porto! Exactamente aquilo que os nossos rivais mais receiam; exactamente aquilo que faz uma convicta benfiquista, imediatamente antes do 2-3 de há duas épocas, questionar-me desconfortavelmente (como que dando a resposta) sobre se achava que o FC Porto vai vencer; exactamente aquilo que tem feito da Luz, nos últimos anos, o nosso espaço mais predilecto de saborosas vitórias.

    Rei

    Para quem gosta de Futebol, a última semana foi dolorosa. Não vi jogar Eusébio para além dos vídeos e clips disponíveis no mundo da Web. Todavia, consigo descortinar o que representou e representa para uma geração, para um clube, enfim, para um país triste como era o Portugal dos anos 60.

    Eusébio até na hora da morte soube ser grande: faleceu no dia do futebol por excelência, um Domingo, horas depois de um Benfica 5-0 Gil Vicente – exactamente o mesmo resultado que se verificou no dia em que a sua estátua foi inaugurada, a 25 de Janeiro de 1992 – e foi sepultado no dia que todos denominam por Dia de Reis, quando ele era o King;

    Pinto da Costa e Eusébio
    Eusébio e Pinto da Costa. Homens maiores do que o Tempo.
    Fonte: Público

    Acrescentar adjectivos à sua qualidade futebolística seria, hoje, um exercício pouco original, dado o manancial de declarações chegadas de todos os cantos do Mundo, aferidoras da sua grandiosidade. O meu desejo – agora dirigindo-me aos adeptos que apoiarão o FC Porto no próximo Domingo, na Luz – é que saibam, nesta hora, ser tão grandes quanto Eusébio. Esqueçam a camisola vermelha que envergou vezes demais, desprezem a quantidade de golos que nos marcou também vezes demais, omitam a quantidade de vezes também demais que nos infligiu a dor da derrota. Se forem apaixonados pela bola e um bocadinho por este país, relembrem o monstro que foi em campo e a forma como levou o nome de Portugal a todos os recantos deste Planeta. E homenagem-no. Com aplausos ou com silêncio – mas com todo o respeito. E, depois, com uma vitória.

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