Estará o FC Porto num beco sem saída?

    Normalmente, a uma equipa campeã, especialmente nos campeonatos periféricos europeus, é sempre levada a cabo o chamado “desmanche”: jogadores e treinador são sempre alvos apetecíveis para os tubarões do velho continente que, quer por uma questão de renovação, quer por mera ostentação, decidem pescar os grandes arquitetos dessas campanhas. Contudo, nenhuma regra surge sem, pelo menos, uma exceção; e, infelizmente, uma dessas exceções será certamente o FC Porto. Como já abordei num texto anterior (https://bolanarede.pt/nacional/porto/os-milhoes-que-vem-ou-nao-a-caminho/), o plantel portista sofrerá também um significativo “desmanche”, muito por demérito daqueles que têm os dossiês das renovações nas mãos. Independentemente disso, face a estas previsíveis contrariedades, há que contratar. Há que contratar, mais do que nunca, criteriosamente: verdadeiros reforços serão necessários em vários dos setores do campo, caso o campeonato ainda seja o objetivo.

    Comecemos pelo início, isto é, pela baliza. Devido ao triste episódio pelo qual Iker Casillas foi forçado a ultrapassar, as redes azuis e brancas ficaram, por tempo indeterminado, sem dono. Fabiano cessará a sua ligação contratual ao FC Porto, portanto dois nomes acabam por ser, naturalmente, apontados como possíveis herdeiros das luvas de Iker: Vaná Alves e Diogo Costa. Se acho suficiente em quantidade e qualidade? Em quantidade é discutível, porém, no que diz respeito a termos qualitativos, é claro, para mim, que nem ronda o razoável. Diogo Costa é o futuro, indiscutivelmente; seria um erro crasso não apostar neste jovem que, apesar da tenra idade, já conquistou grande parte do exigente tribunal do Dragão. Uma pré-época bem conseguida, um bom entendimento com o quarteto defensivo e confiança do treinador: caso todos estes três fatores saiam do papel, temos guarda-redes para 2019/20.

    Isto significa que não precisamos de reforços na baliza? Não é bem assim… a verdade é que os nossos recursos monetários serão limitados e, partindo desse pressuposto, não sinto que seja o mais sensato gastar meia dúzia de milhões (ou mais) num guarda-redes, numa posição que não requere a mesma rotatividade que todas as outras. Portanto, Keylor Navas e Anthony Lopes soam-me quase a um absurdo, tendo em conta as despesas que estes atletas acarretariam. Muito se tem falado de Guillermo Ochoa, guardião do Standard Liège, de 33 anos; bom, não é um guarda-redes de sonho, porém de entre todos os nomes que vieram a público recentemente, acaba por ser o do mexicano a soar-me mais realista, muito por conta do seu contrato, que termina no final desta temporada, e pela concorrência menos feroz comparativamente aos outros dois nomes referidos anteriormente. Contudo, venha quem vier, 2019/20 tem de ser a época de lançamento de Diogo Costa, a espaços ou mesmo a tempo integral.

    Na baliza, Diogo Costa poderá herdar o lugar deixado vago por Iker Casillas
    Fonte: FC Porto

    Quarteto defensivo: apenas uma saída está confirmada (a de Éder Militão), contudo é expectável que outros elementos também façam as malas. Nomes como os de Maxi Pereira (fim de contrato), Felipe e Alex Telles poderão precisar de substituto. E esses substitutos, aparentemente, estão a ser procurados em solo brasileiro: Léo Pereira (defesa central, 23 anos), Renan Lodi (defesa esquerdo, 21 anos) e Iago Borduchi (defesa esquerdo, 22 anos) são alguns dos jogadores que, de acordo com recentes notícias, estão na mira do FC Porto. É impossível para os adeptos esquecer o recente sucesso nas aquisições de defesas provenientes do Brasil, como foram os casos de Felipe e Militão. Honestamente, é um mercado que tem muito por onde explorar, enorme em tamanho e em qualidade, um mercado onde a maior parte dos jogadores vê com bons olhos uma transferência para solo europeu. Portanto, é legítima a atenção especial dedicada pelo scouting do clube a este país específico. No entanto, há que saber gerir expetativas: dificilmente será possível encontrar um “novo Militão”, no verão.

    E se será difícil encontrar um “novo Militão”, também será complicado encontrar um novo Herrera. Não obstante as suas qualidades dentro das quatro linhas, considero que a enorme importância do mexicano encontra-se no balneário. Um capitão que surpreendeu o próprio Sérgio Conceição, um capitão que certamente fará falta ao clube. Substitui-lo a 100% acho uma tarefa a beirar o impossível, porém, dentro de campo, acho que poderá cair nos pés de Óliver Torres essa missão. Sérgio Oliveira será também uma opção válida, visto que não permanecerá na Grécia, e a possível contratação de João Mário, a concretizar-se, seria um autêntico golpe de mestre. Na minha opinião, tendo em conta a qualidade do jogador ex-Sporting, e, principalmente, sabendo das limitações existentes no seio da maioria das equipas portuguesas, a contratação deste internacional português seria uma ótima prenda ao técnico na luta pelo campeonato.

    Por fim, no setor ofensivo, três jogadores têm as portas de saída do Dragão escancaradas: falo de Hernâni, Brahimi e Adrián Lopez. O internacional argelino, a meu ver, será a principal perda no ataque portista, mesmo com a possível saída de Moussa Marega rumo à Premier League. Jogador muito talentoso, sem igual em Portugal e dos poucos no nosso campeonato que poderemos rotular de “craque”. Apesar da retribuição financeira ser nula, a contribuição desportiva de Brahimi de dragão ao peito é quase que inigualável, nos últimos anos. Logo, encontrar substituto não será tarefa fácil, contudo um nome em particular deixou-me bastante expectante: o do dinamarquês de 22 anos, Robert Skov. Campeão dinamarquês na presente temporada, ao serviço do København (Copenhaga), Skov acabou também por ser um dos destaques individuais da competição, marcando 27 golos e alcançando 9 assistências. Jogador que poderia ser uma mais valia para 2019/20. Por último, mas não menos importante, Ricardo Quaresma. Isto pode ser uma opinião polémica, mas não vejo com muitos bons olhos colocar nas costas do português de 35 anos a responsabilidade de dar resposta às nossas tremendas debilidades nas alas. Seria bom voltar a ver Quaresma vestido de azul e branco? Seria. Contudo, a sua contratação, por si só, não será suficiente.

    Concluindo, são inúmeras as debilidades que este FC Porto enfrentará na próxima época. Quase que uma espinha dorsal que se aproxima da saída, saúde financeira “pouco saudável” e quase que uma equipa para construir do zero. O desafio não poderia ser maior, contudo a vontade dos adeptos também não poderia ser maior.

    Foto de Capa: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Artigo revisto por: Jorge Neves

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    José Mário Fernandes
    José Mário Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    Um jovem com o sonho de jogar futebol profissionalmente. Porém, como até não tinha jeito para a coisa, limita-se a gritar para uma televisão quando o FC Porto joga.                                                                                                                                                 O José escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.