A CRÓNICA: UM ANTAGONISMO ENTRE UMA EQUIPA COM CRITÉRIO E OUTRA SEM CRIATIVIDADE
Após a jornada de Champions, o FC Porto teve mais um teste de elevada dificuldade frente a um FC Paços de Ferreira que vinha de duas partidas sem perder. O dragão quis manter a “chama acesa”, mas do outro lado encontrou uma equipa recheada de criatividade e critério comanda por Pepa.
A equipa orientada por Sérgio Conceição apresentou um 11 inicial com algumas novidades aquando comparado com o jogo anterior diante o Olympiacos, estreando Diogo Leite e Grujic a titulares. Pepa, por outro lado, deixou de fora João Amaral (opção) e Douglas Tanque (lesão), avançando com Hélder Ferreira e Dor Jan para colmatar.
O jogo não podia ter começado melhor para a equipa pacense. Após um mau corte de Corona, Dor Jan aproveitou o espaço concedido pela defesa portista para fazer o primeiro golo da noite. Estava aberto o marcador em Paços de Ferreira. Em resposta à adversidade prematura na partida, o FC Porto apresentou um caudal ofensivo diferente, instalando-se constantemente no meio campo pacense. Ainda assim, apesar de um primeiro aviso de Sérgio Oliveira com um livre que tirou tinta à trave, a «turma» de Pepa viria a quebrar a defensiva azul e branca de forma quase consecutiva, suscitando à mistura muita polémica numa partida muito quente.
Ora, começando diacronicamente. Primeiro, Luther Singh visou a baliza de Marchesín, não obstante o golo tenha sido anulado de forma (no mínimo) muito dúbia, com recurso ao VAR. Consequentemente à decisão do árbitro e já com o coração «nas mãos», Pepa protestou efusivamente e foi expulso, tendo sido obrigado a controlar a equipa através da bancada. Mesmo com o golo anulado, o Paços de Ferreira voltou a encontrar espaço no lado esquerdo da defensiva azul e branca. Lado esquerdo este, com Manafá, evidenciou-se muitas vezes moribundo e deserto, ao passo que os dois golos de rajada (incluindo o anulado) do Paços de Ferreira foram a representação perfeita da abordagem amadora e muito comprometedora com que Manafá se apresentou durante toda a primeira parte.
Na saída para os balneários, Sérgio Conceição com certeza agastado com o baixo nível apresentado pela equipa na primeira parte, executou duas mexidas no meio campo. O treinador português retirou duas peças mais defensivas do meio campo (Uribe/Grujic) e colocou as fichas em Nakajima e Luís Diaz. Apesar de maior qualidade com bola e de maior capacidade individual, a incapacidade de definição no último terço manteve-se e foi mesmo o Paços de Ferreira a avolumar o resultado. Ao minuto 59, o ex-FC Porto Bruno Costa, fez o 3-1 de penalty.
O resto do jogo manteve a mesma toada, com um FC Porto cabisbaixo a cair num desespero inconsequente pelo golo. Não fosse o golaço de Otávio ao minuto 78, a equipa azul e branca teria saído de Paços de Ferreira com um resultado ainda menos animador do que foi, sendo que se tal fosse o caso, de sublinhar que seria justo, por tudo o que se passou nos 90 minutos de jogo.
A FIGURA
Um dos novos talentos entre os treinadores portugueses, Pepa Fonte: CD Tondela
Pepa – Foi expulso ainda antes do intervalo, contudo a preparação do jogo foi excelente, conseguindo extrair o melhor dos jogadores que tinha à disposição. Para além disso, restringiu de forma exemplar a organização ofensiva do FC Porto. A eficácia e o jogo associativo proporcionado por Pepa também é justo salientar, ao passo que para além da vitória o Paços de Ferreira realizou um jogo taticamente a roçar a perfeição, para mais tarde recordar.
O FORA DE JOGO
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede
Organização defensiva do FC Porto – Seja em transição defensiva, nas bolas paradas, na reação à perda ou até mesmo em jogo posicional, a facilidade com que o Paços de Ferreira entrava na defensiva portista era assustadora. Foram demasiados os erros defensivos, para uma equipa que auspicia lutar pelo título.
ANÁLISE TÁTICA – FC PAÇOS DE FERREIRA
A equipa pacense organizou-se num 4-4-2, com uma exploração inteligente da largura e versatilidade de movimentos dos principais homens ofensivos: Luther, Dor Jan e Hélder Ferreira. Tendo como motor Eustáquio, Pepa procurou atrair por dentro para explorar por fora, tendo na “ginga” de Luther Singh e na tomada de decisão de Eustáquio, argumentos fortes para desequilibrar a defensiva portista. O médio português e o extremo sul africano acabaram mesmo por ser duas das principais figuras do Paços de Ferreira, tendo Eustáquio sido premiado com o golo no final da primeira parte.
Na segunda parte, o Paços de Ferreira baixou as linhas e ofereceu na totalidade a iniciativa ao FC Porto. De acrescentar ainda a definição minuciosa dos pontos para efetuar a pressão no portador da bola, ao passo que tal foi muito importante nos constrangimentos dos homens criativos adversários. Esta organização defensiva compacta evitou qualquer alarme para Jordi, que também esteve impecável na baliza pacense.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Jordi (7)
Fernando Fonseca (6)
Marco Baixinho (6)
Marcelo (6)
Oleg (6)
Luiz Carlos (6)
Eustáquio (8)
Hélder Ferreira (6)
Bruno Costa (7)
Luther Singh (8)
Dor Jan (7)
SUBS UTILIZADOS
Uilton (6)
João Amaral (6)
Diaby (6)
João Pedro (-)
ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO
A «turma» de Conceição alinhou no clássico 4-3-3, com três médios em constantes permutas de posição em organização ofensiva, avançando todavia com Sérgio Oliveira e Uribe mais deslocados na dianteira do terreno, principalmente em transição defensiva. Apesar de apresentar um trio compacto no miolo, o vazio na zona intermediária era brutal, obrigando a uma mexida drástica ao intervalo, retirando Grujic e Uribe da equação do meio campo.
Ora, na segunda parte, com Nakajima e Otávio na frente de Sérgio Oliveira, o FC Porto procurou criar maiores dúvidas nos jogadores pacenses, principalmente com a presença entre linhas do japonês, contudo o vazio de ideias azul e branco permaneceu.
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