FC Porto 0-0 Sporting de Braga: E o desperdício continua…

atodososdesportistas

Numa jornada onde os azuis-e-brancos tinham a oportunidade de aumentar para 8 a vantagem pontual sobre o seu mais directo rival (Benfica), que havia visto horas antes o Sporting a passear na Luz e trazer de lá 3 golos, 3 pontos e a liderança isolada do campeonato, tivemos um onze escalonado por Lopetegui com algumas “surpresas”, a começar pela escolha de Martins Indi como capitão de equipa, quando tinha jogadores habitualmente titulares e com mais perfil para assumir a braçadeira: Marcano seria a escolha óbvia, mas não era de estranhar ver Brahimi, Aboubakar ou até mesmo André André com o escudo do Dragão no braço esquerdo. Outra curiosidade foi ver na equipa inicial cinco jogadores esquerdinos (Casillas, Indi, Marcano, Cissokho e Imbula). Para além destas pequenas curiosidades, que acabam por ser não mais que isso mesmo, a não inclusão de Rúben Neves em detrimento de Danilo, o adiantamento de Imbula no “pressing” quando a posse de bola estava nos homens de Braga e o recuo territorial de André André na primeira fase de construção dos Dragões trouxeram uma outra dinâmica à equipa, que merecia ir para o intervalo com uma larga e merecida vantagem, o que só não sucedeu por culpa do azar (Aboubakar e André André), do desacerto (Tello, sempre o mesmo, e Cissokho, que não acerta um cruzamento!) ou de um guarda-redes que já habituou o público a grandes exibições perante os grandes de Portugal (Kritciuk).

Numa opinião pessoal (é disto que se trata este espaço), Lopetegui “mexeu” bem na forma que a equipa tem de jogar, apenas falhando ao lançar Danilo e deixar a jovem pérola Rúben Neves no banco de suplentes: o “miúdo” tem uma capacidade de passe muito superior à do ex-marítimo e foi notória a falta de soluções para o passe em profundidade – relembro dois falhados de Indi, um de Marcano e outro do próprio Danilo, a tentar servir o lateral esquerdo portista. A primeira parte terminou com um festival ofensivo da equipa da casa, mas sem a bola dentro da baliza.

Veio o segundo tempo e mais do mesmo: um Braga a jogar defensivamente num 1-4-4-2 com todos os jogadores atrás da linha do meio campo (o típico de Paulo Fonseca quando joga com equipas superiores) e a explorar venenosos contra-ataques através dos rápidos Vukcevic e, principalmente, Rafa. Boly foi um autêntico “bombeiro” na zona defensiva dos arsenalistas e por diversas vezes travou as investidas de Aboubakar ou Bueno. O guardião dos forasteiros manteve-se inviolável e não seria de estranhar que recebesse o prémio de melhor jogador em campo.

Com a asfixia natural do Porto, Lopetegui (finalmente!) lançou Bueno e, para azar da equipa, lesionou-se Brahimi, deixando em campo aquele que seria o jogador que nem do banco deveria ter saído: Tello. O Porto melhorou a sua circulação de bola e conseguiu manter a mesma em zonas mais interiores e subidas do terreno, assumindo, até à saída do desastroso Cissokho, um sistema táctico de 1-4-2-3-1, onde Bueno assumiu a posição de “9,5 – 10”, jogando nas entrelinhas criadas pelo desgastado e trabalhador Aboubakar e pelos operários Danilo e André André (sim, o porquê de Imbula sair quando era o melhor jogador do miolo portista e se manter Danilo é mais uma das substituições “a la Lopetegui” que não se entendem), sendo as linhas entregues a Tello, que explorava (?) a profundidade, e Corona a vir para zonas interiores, deixando a ala direita entregue a Layún. Parecia inevitável o golo aparecer, mas, quando se desperdiça daquela forma, milagres não existem… Numa altura em que, no desespero, o técnico espanhol lança Rúben Neves e retira o lateral esquerdo francês, eu quase que ia jurar ter visto um tal de Osvaldo no banco, mortinho para os menos de 10 minutos de “chuveirinho” final que era exigido: presença na área e tentativa de forçar o muro de betão arsenalista. Mas mais uma vez a teoria não foi posta em prática.

Foi dificil quebrar a barreira arsenalista Fonte: Facebook do FC Porto
Foi dificil quebrar a barreira arsenalista
Fonte: Facebook do FC Porto

No meio de tudo isto, Alan teve nos pés a oportunidade de dar um calafrio enorme a todos os espectadores do Dragão quando, em mais um contra-ataque venenoso, ia desferindo um remate com selo de golo. Valeu a intervenção do defesa azul-e-branco, dando o corpo ao manifesto.

Que ilações se podem retirar deste jogo? Que era dos poucos onde o empate acabaria por ser um mal menor, caso não fosse para perder a liderança para o Sporting, o grande vencedor da jornada. Ainda assim, continuo a ter dúvidas em relação a este Sporting de Jorge Jesus (que realizou a melhor exibição da época) e só em Março (o mês onde as equipas do actual técnico dos leões costumam “dar o berro” fisicamente) se verá a capacidade de um plantel que peca por ser curto. Ainda assim, é logicamente uma equipa a ter em conta e a actual líder do campeonato.

Ganhamos 1 ponto em relação ao Benfica e mantemos um registo impressionante de jogos sem sofrer golos em casa para a Liga (os últimos foram encaixados por Fabiano na derrota com o clube da Luz por 0-2, com bis de Lima) mas interrompemos um registo impressionante de 20 vitórias consecutivas, a 4 do recorde histórico de Artur Jorge.

Ao Sr. Lopetegui só posso deixar uma palavra para que não volte agora com a história da rotação da equipa: mantenha a jogar aqueles que têm dado mais garantias, sabendo que Bueno há muito merece uma oportunidade e o mercado servirá para procurar uma real alternativa para as linhas laterais, pois se Maxi e Layún estão de pedra-e-cal Angel e Cissokho estão apenas a passar férias no Dragão. Não posso, de resto, culpar o treinador pela infelicidade do jogo de hoje, em que o Porto teve o dobro de posse de bola, muito mais ocasiões e um domínio claro e evidente do jogo. Apenas existem dias nos quais não somos bafejados por um pouquinho de sorte, e hoje foi um deles. Quanto à arbitragem, foi uma arbitragem segura onde o único erro se prendeu com os poucos minutos de compensação dados no final da partida e a demora em admoestar o principal retardador de jogo: o guarda-redes dos minhotos. De resto, nada a apontar.

A Figura:

Kritciuk/Boly e Layún/Bueno – A dupla arsenalista foi a responsável pelo sucesso da táctica meio suicida que Paulo Fonseca escalonou, onde o central limpou tudo o que havia por perto e, quando não estava lá, estava o seu novo melhor amigo, o guarda-redes. Formaram uma bela sociedade Russa/Francesa. Quanto aos Portistas, Layún já fez esquecer totalmente Alex Sandro e demonstra ser um jogador muito maduro, tecnicamente perfeito e com uma elegância de jogo que só os melhores têm. Já Bueno teve pormenores interessantes e que mexeram com o jogo, desde logo pelas mobilidade e espontaneidade do espanhol, que sem dúvida merece mais minutos na equipa inicial.

O Fora-de-jogo:

Cissokho/Tello –  Não existem adjectivos para a ala esquerda hoje apresentada pelos Dragões. Cissokho está longe de ser o jogador que deixou o clube a troco de 15 milhões de euros e Tello, desde a lesão, ainda não conseguiu evidenciar as qualidades que o destacavam: velocidade de ponta. O espanhol tem um poder de decisão horrível e foram “0” as vezes que decidiu bem um lance, principalmente um na primeira parte onde, 3 para 3 e conduzindo a jogada desde o centro, passa completamente mal a bola para Brahimi.

 Foto de capa: Facebook do Sporting de Braga

Redação BnR
Redação BnRhttp://www.bolanarede.pt
O Bola na Rede é um órgão de comunicação social desportivo. Foi fundado a 28 de outubro de 2010 e hoje é um dos sites de referência em Portugal.

Subscreve!

Artigos Populares

José Mourinho terá missão ‘apertada’: o calendário do Benfica até às eleições

José Mourinho deverá ser confirmado nos próximos dias como o sucessor de Bruno Lage no posto de treinador do Benfica.

De setembro de 2000 a setembro de 2025: José Mourinho vai assumir o Benfica após 25 anos da sua experiência no clube encarnado

José Mourinho vai voltar a ser treinador do Benfica. O técnico de 62 anos regressa ao clube encarnado após 25 anos.

José Mourinho a caminho do Benfica: negociações praticamente concluídas

José Mourinho está muito próximo de ser confirmado como treinador do Benfica. As negociações estão em vias de ficarem fechadas.

Benfica confirma saída de Bruno Lage em curto comunicado enviado à CMVM

O Benfica confirmou a saída de Bruno Lage em comunicado enviado à CMVM. O técnico foi afastado na noite desta terça-feira.

PUB

Mais Artigos Populares

Bruno Lage despedido do Benfica

Bruno Lage já não é treinador do Benfica. O técnico deixou o clube encarnado por mútuo acordo, após a derrota frente ao Qarabag.

Bruno Lage na porta de saída e José Mourinho é o eleito de Rui Costa para assumir o Benfica

José Mourinho é o desejado por Rui Costa para assumir o Benfica. O técnico pode estar em vias de suceder a Bruno Lage no comando das águias.

Bruno Lage justifica queda exibicional do Benfica: «O primeiro golo intranquilizou a equipa»

Bruno Lage analisou a derrota do Benfica diante do Qarabag por 3-2 na estreia da Champions League. Técnico encarnado falou em conferência de imprensa.