Se eu tenho bola, tu não tens | FC Porto 1-0 Portimonense SC

    Foi com Pepê a pisar terrenos interiores que o FC Porto encontrou espaço nas entrelinhas do Portimonense SC, que garantiu que não perdia a batalha de meio-campo, que desmontou o bloco algarvio e que chegou ao golo, com assistência do ex-Grémio para Evanilson, pelo corredor central. Foi também com o “11” muito por dentro no momento ofensivo que o FC Porto foi tendo mais e melhor bola, dominando inequivocamente a posse.

    E foi essa capacidade para ter bola e encostar o Portimonense SC às cordas que, em parte, permitiu aos dragões manter, pela primeira vez esta época, a baliza a zeros. A turma de Paulo Sérgio ainda deu alguns esticões no jogo, mas sem criar perigo muitas vezes – e quando criava, Diogo Costa estava lá. Esse trabalho coletivo que permitiu ter bola – e, por inerência – subtraí-la ao Portimonense SC foi fulcral para os azuis e brancos saírem desta oitava jornada com a defesa menos batida da Primeira Liga, apesar de terem acabado a partida com uma linha defensiva composta por Jorge Sánchez, Zé Pedro, Wendell e João Mário.

    Individualmente, o FC Porto não tem, claramente, as melhores peças na sua linha mais recuada, mas coletivamente a coisa vai funcionando. Sem bola, a equipa é muito rigorosa taticamente; com bola, tem capacidade para a reter e circular e para fazer movimentar o bloco adversário pela basculação da bola de pé para pé até mudar de flanco ou com variações de flanco com passes mais longos, e, com isso, criar várias oportunidades.

    Nesta partida, à semelhança de outras recentes, a finalização voltou a ser pecado, desta vez não fatal. No entanto, as oportunidades foram várias e, honestamente, não pareceu nunca estar em causa a vantagem portista na partida, conseguida logo nos primeiros minutos. O Portimonense SC não foi totalmente inócuo, mas também não foi suficientemente ameaçador para fazer tremer o FC Porto. No final, ganhou quem foi e é melhor e quem fez mais por ganhar. Nada a contestar.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    BnR: O FC Porto tem estado e está ainda desfalcado de centrais. No entanto, sai desta oitava jornada com o melhor registo defensivo da Liga, a par do Sporting CP, que está ainda a jogar, com seis golos apenas sofridos. E hoje conseguiu, inclusive, manter a baliza a zeros pela primeira vez em jogos em casa esta temporada. Esse registo é fruto do trabalho individual dos centrais que têm assumido, do trabalho coletivo da equipa em momento defensivo ou há outros fatores que justificam esses bons números?

    Sérgio Conceição: É o trabalho coletivo, sem dúvida nenhuma. Nós já nos preparamos durante a semana para jogarmos em inferioridade numérica. Hoje, tive de ajustar a nossa linha defensiva, tínhamos um central e três laterais, mas eles são conhecedores daquilo que nós queremos e, mais do que isso, quando estamos sem bola, é principalmente o trabalho coletivo, sem dúvida nenhuma. Quando toda a gente trabalha – e aqui com alguns jogadores temos de trabalhar nesse sentido – fica mais difícil para o adversário e mais fácil para se defender, sem dúvida nenhuma.

    Outras declarações:

    “Acho que fizemos um jogo competente, tivemos muitas ocasiões de golo, mas fomos ineficazes em termos ofensivos”.

    “Foi um jogo bem conseguido”.

    “Mesmo com dez, criámos mais situações de golo”.

    (Sobre a ineficácia na finalização): “Eu preocupava-me mais se não conseguíssemos criar ocasiões de golo”.

    “Esta pausa é boa para recuperar um ou outro jogador lesionado”

    BnR: Marcar no Dragão não é fácil, mas a verdade é que o FC Porto tinha sofrido em todos os jogos em casa esta época. O que faltou ao Portimonense SC para marcar nesta partida e, talvez, não sair derrotado? Pergunto-lhe se faltou apenas ter mais bola ou ter melhor qualidade na posse de bola e se a colocação de dois homens na frente para tentar condicionar a saída do FC Porto na segunda parte visava precisamente tentar recuperar a bola mais rapidamente para poder criar oportunidades?

    Paulo Sérgio: O que faltou foi estarmos melhor naquela ocasião de golo do Hélio. Foi uma ocasião soberba na grande área do FC Porto para podermos fazer golo. Em relação às substituições, é difícil. O FC Porto tem muita qualidade. Eu, ainda no primeiro tempo, vou, num impulso, meter um jogador a aquecer para tentar alterar as coisas, logo ali por volta dos vinte e poucos minutos, e tive de me segurar. Por trás destes ímpetos, por vezes, há um problema. As coisas foram calculadas, mantive-me fiel ao plano de jogo e as coisas aconteceram como previmos. É muito difícil vir aqui ao Dragão. Os grandes e os grandes da Europa vêm cá e não conseguem e eu ter a audácia de vir cá com o Portimonense SC ter a audácia de sufocar o FC Porto acho muito arriscado. Mas tínhamos esse plano para mexer no jogo dessa forma, treinámo-lo durante a semana, os jogadores sabiam exatamente ao que vínhamos e funcionou, pelo menos no segundo tempo. Foi pena não termos conseguido segurar a baliza a zeros na primeira parte.

    Outras declarações:

    “Com o FC Porto reduzido a dez e com a nossa pressão ficou mais difícil para o FC Porto e poderíamos e deveríamos ter feito melhor”.

    “Falhámos a primeira missão: não sofrer golos em casa dos grandes nos primeiros minutos do jogo”.

    “A missão depois do golo era mantermos o plano”.

    “Com muita dignidade, com muita intensidade, fomos estando dentro do jogo”.

    “As substituições foram na tentativa de sermos audazes”.

    “Tivemos a melhor ocasião do jogo”.

    “Tenho que tirar o chapéu ao trabalho da equipa”.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.