Para a recepção ao Sevilha, na 1ª mão dos quartos-de-final da Liga Europa, Luís Castro fez três alterações na equipa titular do FC Porto em relação ao conjunto que foi derrotado na Choupana: saíram Adboulaye (impossibilitado de jogar), Licá e Herrera e entraram os recuperados Mangala e Varela, além de Carlos Eduardo. A estrutura táctica manteve-se (4-3-3 com Fernando como único pivot) e o objectivo estava definido: vencer sem sofrer golos.
O FC Porto entrou a mandar no jogo, com um Alex Sandro muito dinâmico e a carrilar jogo pela esquerda e um meio-campo muito móvel, com rotação e à procura de espaços, aqueles que o Sevilha – alternando entre um 4-2-3-1 e um 4-4-2 em função do posicionamento, a cada momento, de Rakitic – queria retirar ao Dragão: para isso, Unai Emery montou um conjunto muito recuado e expectante, com linhas baixas, à procura de sair a jogar em eventuais transições rápidas, com o perigoso Bacca como jogador-alvo.
O primeiro sinal de perigo foi dado por Jackson Martinez, com um remate de pé esquerdo de fora da área para defesa de Beto (3’). Depois disso vários cantos consecutivos e um FC Porto que, com muita posse de bola e sendo paciente, precisava de outra acutilância no último terço do terreno, por forma a assustar verdadeiramente a baliza sevilhana. Quaresma alternava com Varela, tal como Defour e Carlos Eduardo se revezavam na ocupação dos espaços do miolo do terreno mas as oportunidades tardavam em aparecer.
À passagem do minuto 31, na sequência do sexto canto favorável ao FC Porto, Alex Sandro sofreu uma falta, Fernando cobrou o livre de forma supersónica, endossando a bola a Quaresma, com o ‘Harry Potter’ a aplicar a sua famosa trivela, servindo Mangala, que, com um voo brutal, fez o 1-0. Nem por isso o Sevilha alterou o seu estilo de jogo; pelo contrário, foi o FC Porto que esteve perto de ampliar a vantagem por duas vezes no mesmo minuto: de novo por intermédio de Mangala, após mais um canto, com o lance a prosseguir para Jackson, que, abrindo longo para o lado direito, serviu Quaresma para este encher o seu pé direito, de primeira e sem deixar a bola tocar no solo, armando um espectacular remate, correspondido com uma boa intervenção por parte de Beto (36’).
Até final da primeira parte, mais três notas: primeiro um remate de Iborra, que, sofrendo dois desvios, acaba por criar relativo perigo para a baliza de Fabiano (42’); depois Jackson, numa disputa de bola normal, a ver um cartão amarelo das mãos de Wolfgang Stark que o deixa de fora do jogo da 2ª mão (42’); por último, um grande remate de Defour, à entrada da área e sobre a meia direita, para uma grande dupla defesa, primeiro de Beto e de seguida do poste (45’). Chegava o intervalo, com a afirmação de um FC Porto a fazer um jogo paciente, competente e sem conceder facilidades à equipa do Sevilha.
Com o inicio da 2ª parte, surgiu também uma equipa sevilhana com outra atitude perante o jogo, tentando ganhar a bola mais à frente, com as linhas mais avançadas e, finalmente, com algum critério na posse de bola. Num dos lances inaugurais dos segundos 45 minutos, Mangala acabou por facilitar, surgindo prontamente Reyes a salvar um remate de Coke. O FC Porto já não dominava o meio-campo da mesma forma, já não tinha tanto controlo sobre os ritmos de jogo e Luís Castro, percebendo-o, tentou alterar algo: lançou Quintero e retirou um Carlos Eduardo que apenas apareceu nos primeiros 20/30 minutos de jogo (57’).
A equipa ressentiu-se dessa mudança e melhorou um pouco; todavia, faltava-lhe ainda ser mais incisiva e objectiva, com níveis de tomada de decisão mais próximos daquilo que devem ser os de uma equipa de topo. Exemplo disso foram três lances consecutivos em que Defour, surgindo bem pelo lado direito, dando profundidade ao jogo da equipa, não soube concluí-los da melhor forma, o mesmo valendo para uma jogada em que Quaresma, depois de ‘entortar’ o adversário em plena grande área, rematou para… lançamento lateral.
Quem também não podia estar satisfeito era Unai Emery. O técnico do Sevilha operou uma dupla substituição (trocou Iborra e Marín por Diogo Figueiras e Kevin Gameiro), recuando Rakitic para o croata assumir as rédeas da organização de jogo (63’). À nova estratégia sevilhana, o FC Portou respondeu por dois dos seus melhores intérpretes: trivela de Quaresma, do lado esquerdo, e remate acrobático de Jackson um pouco por cima (67’). No lance seguinte, foi o Sevilha, por intermédio do português Diogo Figueiras, a criar algum perigo para a baliza portista. Entre as substituições (Herrera por Defour aos 70’, Vitolo por Reyes aos 74’ e Ghilas por Varela aos 77’), surgiu o lance mais perigoso do Sevilha: na meia-lua, Bacca a rematar muito forte para defesa incompleta de Fabiano, com Gameiro, na recarga, a não ter arte nem engenho para empatar o jogo. Também Ghilas tentou fazer funcionar o marcador mas o seu remate, após uma boa incursão da esquerda para o centro, encontrou Beto (82’).
Antes do pano cair sobre a partida, Quaresma ainda trataria de enviar, pela segunda vez na noite do Dragão, uma bola ao poste (após um livre por si cobrado e rechaçado pela barreira), já depois de Fernando ter sido expulso, fruto de uma dupla amostragem do cartão amarelo por duas faltas consecutivas na mesma jogada – Stark foi, aqui como no cartão mostrado a Jackson, demasiado precipitado, até porque o ‘Polvo’ não chega a ser faltoso na segunda disputa de bola, que o árbitro sancionou com falta e respectiva admoestação.
A partida terminou com uma vantagem que assenta bem à equipa do FC Porto mas que acaba por se revelar curta, tendo em conta aquilo que foi a postura do Sevilha ao longo de todo o jogo, a infelicidade de o Dragão ter enviado (uma vez mais) duas bolas ao poste, e, sobretudo, atendendo à circunstância de no Sanchez Pijuan ser expectável um ambiente infernal para uma equipa que não vai poder contar com dois elementos preponderantes no seu esqueleto: Fernando e Jackson Martínez.
Figura: Diego Reyes
Sempre bem posicionado, rápido e voluntarioso, o mexicano não perdeu um único lance no confronto directo. Além disso, foi sempre inteligente na gestão dos espaços e salvou Mangala num lance em que o francês ‘meteu água’.
Fora-de-jogo: Carlos Eduardo
O brasileiro até entrou bem na partida: participativo, caindo à direita e à esquerda e procurando servir os seus companheiros mais adiantados. Todavia, depois do duplo pivot do Sevilha (Iborra e Carriço) ter acertado agulhas e marcações, desapareceu da partida, sendo apenas de novo visto aquando da substituição por Quintero (que, em abono da verdade, também não teve a sua melhor performance).