FC Porto 2-1 Gil Vicente FC: Um filme de (re)ação com final de drama

    O FC Porto bateu o Gil Vicente FC em casa. O filme do jogo vive muito da reação gilista ao primeiro golo e a falta de ação dos barcelenses após o golo do empate.

    O FC Porto sabe que os jogos nas ressacas europeias se tornam perigosos quando o nulo no marcador se arrasta. Nessas partidas, o ideal é marcar cedo e tomar precocemente as rédeas do encontro. Frente ao Gil Vicente FC, foi isso que os dragões começaram por fazer: dominaram a posse desde o começo e variaram constantemente a zona da bola, com vários passes diagonais de flanco a flanco a encontrarem não raras vezes o lateral subido e com espaço, fruto do posicionamento mais interior de André Franco e Galeno, ou, por vezes, o próprio extremo luso-brasileiro, do lado esquerdo.

    Foi dessa forma que os azuis-e-brancos alcançaram a vantagem aos nove minutos: fizeram mexer o bloco defensivo dos barcelenses, com uma bola da esquerda para a direita para depois volver à esquerda e encontrar (com um belo passe de rutura de Wendell) Galeno desamparado e a poder ingressar com bola na área contrária. Daí ao calcanhar de Taremi e ao golo de Iván Jaime foi um saltinho.

    Após o golo portista, o controlo da partida pelos azuis-e-brancos passou a ser feito muito mais sem bola, que, com alguma permissividade dos da casa, ia passando mais tempo em pés gilistas. A maior desenvoltura no jogo dos forasteiros com bola deu confiança aos gilistas para, também a defender, subir o bloco e exercer uma pressão mais alta sobre o momento de construção dos portistas. O FC Porto ia sabendo superar esses momentos, com passes verticais a queimar linhas, mas, por vezes, dava sinais de desconforto.

    Os sinais de desconforto foram confirmados ao minuto 37, quando a pressão dos barcelenses surtiu efeito. Uma recuperação no corredor central, à entrada do meio-campo defensivo portista, permitiu a Martim Neto percorrer metros com bola e soltar para Depú, que fez o empate. A nova abordagem dos pupilos de Vítor Campelos, em reação ao golo azul-e-branco, ofereceu dividendos ao conjunto de vermelho.

    João Mário e  Leonardo Buta
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    No entanto, a partida parecia mesmo ser mais de reação do que de ação. De novo em reação a um golo, neste caso ao do empate, a postura gilista voltou a mudar e o bloco defensivo cerrado, coeso, em 4-5-1, voltava a caracterizar o Gil Vicente FC. Os primeiros minutos da segunda parte foram uma mimetização da primeira em termos de postura de parte a parte, mas sem o golo. E com uma nuance: a entrada de Fran Navarro para a saída de Alan Varela.

    O FC Porto abdicou, assim, da presença de Varela na construção desde trás para ter mais um homem dentro do bloco coeso dos visitantes. As entradas de Gonçalo Borges, Pepê e Francisco Conceição acentuaram essa busca do FC Porto por “minar” o bloco do Gil Vicente FC por dentro. O desiderato foi bem-sucedido. Apesar de alguns “esticões” gilistas no ataque, a falta de ação e proatividade dos barcelenses permitiu que o 2-1 acabasse mesmo por surgir.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    BnR: A colocação de Iván Jaime em terrenos mais recuados na segunda parte, após a saída de Varela, fazia também parte da estratégia para o segundo tempo ou foi uma consequência da necessidade de colocar mais gente na frente e dentro do bloco do Gil Vicente FC?

    Sérgio Conceição: Fazia parte da estratégia. Até porque pela capacidade que o Iván Jaime tem, que eu acho que tem, tem que aparecer mais vezes durante os jogos. Ele tem capacidade de remate, tem golo, como nós dizemos. Mas, naquela altura do jogo, estávamos a precisar de alguém que visse o jogo de frente e que saísse com outro critério, outra rapidez. Depois, as outras posições foi para abrir o jogo.

    BnR: A postura do Gil Vicente FC no período entre o 1-0 e o 1-1 foi diferente da apresentada na restante partida, tendo mais bola e exercendo sobre a construção portista uma pressão mais alta. Após o golo do empate, voltámos a ver um Gil com um bloco mais coeso e mais baixo, mais na expetativa e mais na transição, sobretudo na segunda parte. Fazia parte do plano de ação agir dessa forma após o golo e voltar à estratégia inicial chegando ao empate ou, mais do que ação, foi uma reação da sua equipa ao 1-0 e depois ao 1-1?

    Vítor Campelos: Tal como me está a dizer que por termos sofrido o golo ficámos mais pressionantes, também o FC Porto aí ficou mais baixo. Muitas vezes, é o subconsciente dos jogadores por o resultado estar a ser outro. Não, de forma alguma, nós dissemos para ficar mais baixo ou mais defensivo. Inconscientemente, acaba por acontecer. Da mesma forma que também o nosso adversário nos empurrou um pouco mais para trás.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.