FC Porto | A tática dos três centrais veio para ficar?

    Neste sábado, o FC Porto venceu o Gil Vicente FC por uma bola a zero, naquela que foi uma vitória bem sofrida para os dragões. Evanilson fez a sua estreia a marcar de azul e branco, mas houve mais um dado que não passou em claro: a utilização de três centrais.

    Estava tudo pronto para Hélder Malheiro apitar para o início do encontro até que os olhares fixaram-se para o posicionamento da equipa de Sérgio Conceição no relvado. Nada mais do que três centrais, três médios, dois médios alas e dois avançados. Maior estupefação de qualquer adepto era impossível.

    Mais curioso ainda era o FC Porto não ter nenhum terceiro central de raiz. Sarr não jogou de início e Zaidu ocupou a vaga de terceiro central a jogar pela esquerda. Corona e Manafá encarregavam-se dos corredores. Uribe, Nakajima e Fábio Vieira dominavam o corredor central e davam o apoio a Evanilson e Toni Martínez.

    Em suma, não só foi estranho este sistema tático como os intérpretes que integraram o onze portista. Nakajima não era titular no FC Porto desde março (a pandemia estava a entrar em Portugal!). Fábio Vieira começou a ter espaço nesta equipa. Evanilson e Toni Martínez caíram do céu. No entanto, creio que a única aposta falhada foi Toni Martínez que saiu ao intervalo não só pela ineficácia do sistema tático como por aquilo que não estava a conseguir oferecer à equipa.

    Após os 90 e poucos minutos de ontem, creio que é possível afirmar que o sistema tático adotado por Sérgio Conceição não foi o mais indicado. Não digo isto por ser contra um sistema de 3 centrais, mas porque notou-se uma falta de entrosamento gritante entre a equipa. Claro que a presença de intérpretes novos não facilita nada esse entrosamento, mas juntar a isso um novo sistema tático acaba por deitar achas para a fogueira.

    Foi claramente notório, sobretudo na primeira parte, a quantidade de passes falhados pelos jogadores do FC Porto. As jogadas e as combinações ofensivas morriam cedo e a equipa do Gil Vicente FC conseguia aproveitar os erros para chegar mais à frente e assustar Marchesín. Sérgio Conceição olhava para o banco, berrava para dentro de campo e notou-se uma equipa a começar a melhorar.

    A melhor frase para descrever isto foi que o FC Porto quis surpreender o Gil Vicente FC, mas acabou por também se surpreender a si próprio. Claro que se Sérgio Conceição lançou esta equipa neste sistema tático é porque já tinha sido trabalhado durante a semana, mas as dificuldades foram muitas e se o resultado tivesse sido outro havia muito por explicar.

    As minhas notas de rodapé vão também para o facto de Toni Martínez, na minha opinião, não ter qualidade para ser titular nesta equipa. A eterna ânsia para ver Taremi no onze inicial e o futuro de Felipe Anderson nesta equipa é algo para também ficarmos a saber.

    É verdade que foi a primeira vez que o FC Porto se apresentou num sistema tático peculiar para o campeonato, mas já na quarta-feira anterior, em Manchester, Sérgio Conceição tinha surpreendido tudo e todos ao apostar num sistema com 3 centrais. As duas grandes diferenças foram o facto de não haver nenhuma adaptação e Sarr entrar para terceiro central pela esquerda, e os médios alas serem mais laterais que jogadores ofensivos. Logo, podemos afirmar que era uma linha de cinco.

    Apesar da derrota, o FC Porto não “envergonhou” frente ao Manchester City FC, e o sistema tático não se desdobrou num 4-4-2 nem num 4-3-3 como no jogo frente ao Gil Vicente FC. Pep Guardiola ficou surpreendido com o sistema adotado pelos portistas, dando a entender que os dragões só tinham mudado neste encontro. Parece que Sérgio Conceição quis mostrar ao técnico espanhol que a linha de três centrais pode ter vindo para ficar…

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    João Castro
    João Castrohttp://www.bolanarede.pt
    O João estuda jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. A sua grande paixão é sem dúvida o jornalismo desportivo, sendo que para ele tudo o que seja um bom jogo de futebol é bem-vindo. Pode-se dizer que esta sua paixão surgiu desde que começou a perceber que o mundo do futebol é muito mais que uma bola a passear na relva.