FC Porto 2-0 FC Paços de Ferreira: Sabe-se que Sérgio fala “à Porto”

    A CRÓNICA: É A PRONÚNCIA DO NORTE, O FC PORTO FOI A EQUIPA MAIS FORTE

    Discutia-se a Pronúncia do Norte. Rui Reininho, vocalista dos Grupo Novo Rock (GNR), deu o mote há alguns anos e a cidade do Porto, ao longo dos mesmos, imiscuiu-se dos vocábulos dessa espécie de hino nortenho. Entre FC Porto e FC Paços de Ferreira, quem poderia assumir o discurso mais fluente?

    A primeira parte do encontro, se pudesse ser classificada analogamente com um nome de um álbum, seria o Gritos Mudos, dos Xutos e Pontapés. As situações que podiam resultar em maior tormento – essencialmente para a baliza à guarda de Jordi – foram geradas através de bolas paradas (pontapés de canto). A vontade estava em campo, mas o último passe tinha perfurado a divisória mais cedo e adentrado pelos balneários.

    A entrada para a segunda parte prometia ser mais fogosa do que a primeira. Mbemba, após um canto batido por S. Oliveira, aproveita a sobra e, numa amálgama de cruzamento e remate (53′), envia a bola ao ferro da baliza de Jordi. O primeiro aviso estava dado…

    Marega, após recuperação do esférico de Otávio e numa zona mais lateral do terreno ofensivo, desfere um remate diagonal (57′), cessado pela luva direita do guarda-redes pacense. Na reposta: Bruno Costa, na transformação de um livre perto da área defensiva portista, coloca a redondinha na cabeça de Marcelo (62′), sem marcação visível; Marchesín, encarnou no homem-elástico, tirou o pão da boca ao central do FC Paços de Ferreira e somou mais uma intervenção digna de poucos ao seu incrível registo.

    O discurso, supracitado nas primeiras linhas, foi preferido pelos da Invicta: Sérgio Oliveira (77′) bateu o canto sem demora, Pepe apareceu no segundo poste e desviou. 1-0! Estava inaugurado o marcador.

    A resposta – ou a corroboração da mesma – veio, novamente, dos pés do camisola 27 dos Dragões: a distância foi tirada a papel químico do golo em Barcelos  (78′); num perfeito cenário de filme, a bola, Sérgio Oliveira, o remate, Jordi ainda tentou deter o remate, mas o selo de golo imperou.

    Aos 85′, Sérgio Oliveira continuava a fazer das suas traquinices: numa situação atacante, erigiu um túnel sobre Fernando Fonseca – quando se encontrava praticamente sem soluções – e alvejou a baliza dos castores. Resultado? Canto…

    Até ao final da partida, nada digno de registo. O FC Porto vence e mostrou quem tem mais pronúncia do norte, mantendo assim a terceira posição na tabela classificativa.

     

    A FIGURA

    Top peças fundamentais no clássico
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Sérgio Oliveira – começam a não existir vocábulos para descrever o médio do FC Porto. De quase preterido, a essencial. É a síntese de uma história de superação, de raça, de querer, de ambição. Hoje, diante do FC Paços de Ferreira, perpetrou mais uma exibição de encher o olho (principalmente na segunda parte): uma assistência repleta de inteligência e um golo pleno de sentido de oportunidade. Isto, além do que joga e faz jogar. A chave de ouro!

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

    Setor defensivo do FC Paços de Ferreira – Aguentou até onde podia. Chegou o momento de rebentar pelas costuras. Até ao primeiro golo, pode adjetivar-se o quarteto como imperial. A partir desse momento, um erro defensivo fez ruir a muralha construída por Pepa e deitou por terra a aspiração pacense: pontuar.

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO

    Defronte da Juventus FC, em Turim, Sérgio Conceição arquitetou um 4-4-2 primando uma postura mais defensiva. Corona e Otávio, no processo de recuo de linhas, eram as duas peças saídas diante das primeiras fases de construção da frente italiana, enquanto que Uribe e Sérgio Oliveira se encarregavam de fechar as entrelinhas e os movimentos interiores. Hoje, diante dos pupilos de Pepa, o sistema tático permaneceu não adulterado e, certamente, com menores preocupações – pelo menos, nos momentos iniciais – no que concernia à metodologia defensiva.

    Na primeira metade, rarearam as situações através das quais o último passe surtiu o efeito desejado. O FC Porto, na primeira fase de construção, pecou e não foi hábil naquele que é um dos seus pontos fortes: posse de bola, progressão no terreno com o esférico e criação de perigo junto da baliza adversária. Uribe, Sérgio Oliveira e Otávio não tiveram a preponderância de outros jogos pelo facto de os castores terem tapado bem os espaços entrelinhas, os movimentos interiores e a profundidade provocada ora pelos alas, ora por Marega e Taremi – apesar da pouca solicitação.

    Nos segundos 45 minutos, o FC Porto pisou o relvado com uma atitude diferente. Até às substituições realizadas por Sérgio Conceição, nota para investidas ofensivas com perigo. O jogo suplicava por L. Díaz e F. Conceição e o técnico portista percebeu isso bem cedo. A partida necessitava de espaços interiores e de profundidade e esses eram os escolhidos para inscrever esses requisitos. Contudo, o golo acaba por chegar no aproveitamento de uma falha defensiva. A partir desse momento, o segundo golo chegou com naturalidade e a gestão do encontro foi consumada com sucesso.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Marchesín

    Manafá (5)

    Pepe (7)

    Mbemba (7)

    S. Zaidu (6)

    Otávio (7)

    S. Oliveira (8)

    M. Uribe (6)

    J. Corona (6)

    M.Marega (5)

    M. Taremi (5)

     

    SUBS UTILIZADAS

    F. Conceição (6)

    L. Diaz (6)

    T. Martinez (-)

    M. Grujic (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PAÇOS DE FERREIRA

    Pepa, o responsável pelo comando técnico do FC Paços de Ferreira, orquestrou exatamente a mesma estratégia utilizada no triunfo caseiro defronte do CD Nacional (2-1): um 4-3-3,  símbolo de “futebol total” e projeção ofensiva. Os castores iam ao Dragão com espírito temerário e focados na discussão do desfecho final, tentando comprovar o estatuto de “equipa sensação” da temporada 2020/2021.

    Durante os primeiros 45 minutos, os castores subiram as linhas e as respetivas zonas de pressão sobre o portador da bola. Desenharam-se algumas investidas ofensivas quer pelo flanco esquerdo, quer pelo flanco direito, principalmente em situação de contra-ataque. Defensivamente, Bruno Costa, Eustáquio e Luiz Carlos tiveram um papel fundamental na recuperação das chamadas segundas bolas e no impelir do gizar ofensivo proveniente dos pés de Sérgio Oliveira e Otávio.

    Na entrada para o segundo tempo, o FC Paços de Ferreira estava, novamente, à espreita, na expetativa de conduzir o contra-golpe perfeito e assim dificultar – mais ainda – a tarefa dos dragões. Uma falha de posicionamento defensivo abriu a lata. Salientam-se a tranquilidade demonstrada até aos dez minutos finais, a conduta temerária adotada em alguns momentos da partida e o envolvimento entre os três setores.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Jordi (5)

    F. Fonseca (6)

    Marcelo (6)

    Maracás (6)

    P. Rebocho (6)

    L. Carlos (5)

    S. Eustáquio (6)

    B. Costa (6)

    H. Ferreira (6)

    D. Tanque (6)

    L. Singh (6)

     

    SUBS UTILIZADAS

    Uílton (4)

    J. Pedro (4)

    Castanheira (-)

    Martin (-)

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    FC Porto

    BnR: Não foi possível fazer perguntas ao treinador do FC Porto, Sérgio Conceição.

     

     

    FC Paços de Ferreira

    BnR: Boa noite, mister. Pode considerar-se que a sua equipa veio fazer o chamado “jogo pelo jogo” ao Estádio do Dragão. Durante o jogo, em alguns momentos, foi percetível a temeraridade dos seus jogadores. Notou-se que eles próprios sentiam que podiam sair daqui com pontos? 

    Pepa: Sentimos, sentimos. Aquilo que estava a ser o jogo na primeira parte. Na primeira parte, jogamos o jogo pelo jogo. Quisemos retirar a profundidade que o FC Porto aproveita muito bem, dissipar os espaços entrelinhas e as movimentações interiores. Não consentimos situações de perigo na primeira metade. acelerar o jogo pelo corredor contrário. Quisemos jogar o jogo pelo jogo, isso é inegociável. Posso concordar consigo na primeira questão/ observação que fez. Depois do primeiro golo, notou-se a equipa muito nervosa, muito ansiosa, a equipa ressentiu-se ali nos dois, três minutos que se seguiram. Perdemos a capacidade de avançar no terreno e de procurar dar uma resposta mais afirmativa. Mérito para o FC Porto que, na segunda parte, nos empurrou para a nossa área.

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.