Não é um engano, mas antes uma constatação. O Monte da Forca encarnou na perfeição o espírito que deve imperar em dias de Taça de Portugal, daí todos concordarmos que se fez, realmente, a festa da taça. O que é de salutar em tempos em que o futebol-negócio teima em ‘assassinar’ as poucas tradições que ainda procuramos manter do jogo puro. O pequenino Vila Real enfrentou o todo poderoso FC Porto. O pequenino campo da Forca vestiu-se a rigor para receber um grande do nosso futebol e a cidade, toda ela, parou durante duas horas para saborear a festa. O resultado, esse, não entra nesta equação. As gentes da terra reuniram e desdobraram-se em esforços para que o dia fosse inesquecível. Bravo! Foi bom sentir o ambiente e a energia que momentos como este trespassam para quem testemunha, ao longe, através de um pequeno ecrã, a alegria que muita daquela gente nunca havia sentido. Sim, fez-se Taça.
Mas não, não houve Taça. O Porto honrou a competição, respeitou o Vila Real e não descansou nunca à boleia de uma diferença abismal entre ambos os conjuntos. Desse ponto de vista, ficava difícil haver Taça, mas os homens do lado de lá do Marão já tinham ganho o jogo mesmo antes de ele começar. Tudo porque, lá está, houve condições para que existisse Taça, como toda a envolvência que isso exige. Um dia para mais tarde recordar.
O jogo. Bem, um treino de ataque continuado, praticamente sem história. Sérgio Conceição teve duas semanas a preparar toda esta equipa (à exceção de Militão) e certamente tirou apontamentos positivos. A estrela da noite, Adrián, pode ter dado um passo de gigante rumo à tão esperada afirmação de dragão ao peito. Quatro golos num só jogo, seja em que circunstância for, é um registo de excelência. Estará aí mais um milagre do São Conceição? A ver vamos.
João Pedro e Jorge também só tiveram preocupações ofensivas, estando ambos dispensados de tarefas lá atrás, que é onde lhes são detetadas maiores dificuldades. O lateral direito acabou por estar mais em evidência que o compatriota do lado oposto, ficando ligado ao quinto golo com uma bela jogada junto à linha de fundo.
No meio campo, Óliver voltou para marcar o ritmo da equipa e a classe do espanhol não só deu água pela barba aos presentes como também acabou a reclamar mais minutos no futuro. Bazoer teve a estreia e mostrou bons atributos acima de tudo quando SC o deslocou da meia direita para o centro, que é onde toda a amplitude do seu futebol vem ao de cima. Está aí um box to box à maneira.
Taça de Portugal: check. Bela maneira de se voltar à competição. Fazendo muita gente feliz. Adeptos e, essencialmente, jogadores que procuravam recuperar a alegria de jogar. Que na Rússia se jogue o prolongamento.
Foto de Capa: FC Porto
artigo revisto por: Ana Ferreira