A estrutura do FC Porto nunca valorizou o cargo de drretor-desportivo e só com Antero Henrique essa função ganhou, através da sua competência, alguma notoriedade. Um clube demasiado presidencialista que acaba “por secar” quem rodeia o Presidente ou quem começa a ganhar algum protagonismo.
Depois da saída de Antero Henrique a função de diretor-desportivo ficou num limbo e foi sendo desempenhada por Luís Gonçalves e, mais recentemente também, por Vítor Baia, mas sem que ambos sejam identificados como tal e, já agora sem, na minha opinião, competências para tal.
A candidatura de André Villas-Boas percebeu essa lacuna na estrutura do FC Porto e apresentou Andoni Zubizarreta para as funções de diretor-desportivo. Uma das maiores lendas do Futebol Espanhol com passagens marcantes pelo Athletic, Barcelona e Valencia. tendo sido internacional por 126 vezes.
Focando agora a análise na vertente de Dirigente que começou no Athletic na época de 2001/02 e onde permaneceu durante três épocas. O Clube Basco tem uma política desportiva singular pois, só utiliza jogadores com ligação ao País Basco e, como tal, a aposta na formação é fortíssima e sendo esse um dos pilares da estratégia de André Villas-Boas a experiência de Zubizarreta no Athletic será uma mais-valia. Mas foi no Barcelona que atingiu o apogeu, onde desempenhou funções entre 2010 e 2015, e ficou ligado a uma das melhores equipas do Futebol Mundial.
Conquistou tudo o que podia conquistar e fez algumas contratações marcantes como Neymar ou Luis Suárez. Depois saiu da sua zona de conforto e aceitou o desafio do Marselha tendo permanecido quatro épocas no clube francês e onde trabalhou com André Villas-Boas.
Ter um Diretor-Desportivo que negociou com os melhores jogadores do mundo, que trabalhou com treinadores como Guardiola, Luis Enrique e Rudi Garcia e que já conquistou tudo, será sempre uma tremenda mais-valia. E um ponto que me parece interessante é ter trabalhado em clubes que, social e culturalmente, até se assemelham com o FC Porto. No seu percurso como dirigente algo que é notório é o bom relacionamento que manteve com os vários treinadores com quem trabalhou e a estabilidade que lhes assegurou para desenvolverem o seu trabalho.
Relativamente ao mercado propriamente dito, no Barcelona diria que foi sempre bem trabalhado e financeiramente sustentável. No Marselha, clube complicado de trabalhar, gostei particularmente das duas primeiras épocas, mas até foi na sua última, com o André, que conseguiu o melhor desempenho alcançando, o segundo lugar na Ligue 1. Passar de Luís Gonçalves ou Vítor Baia para Zubizarreta será, na minha opinião, um tremendo upgrade.