Após largos anos a jogar em 4x3x3, o Porto, pela mão de Nuno Espírito Santo, adotou um sistema que subtrai um homem ao meio-campo para adicionar um outro ao eixo do ataque. Mais tarde, Sérgio Conceição confirmou o 4x4x2 como sistema preferencial da equipa.

Esta velha questão dos sistemas é um tema há muito debatido, nomeadamente pelos treinadores de bancada. O que é facto é que um sistema não é mais do que um conjunto de números e um ponto de partida para todo um processo coletivo de uma equipa. Não há um sistema que seja melhor do que o outro, mas sim um conjunto de jogadores com características específicas, que combinadas com a ideia de jogo de um determinado treinador, desaguam no tão proclamado sistema base de uma equipa. A partir daqui criam-se dinâmicas e sub-dinâmicas, jogos de pares, trocas posicionais e um padrão de jogo no seio de um onze que definem o estilo de cada equipa. É isso mesmo. Duas equipas podem adotar o mesmo sistema e ter estilos e formas de jogar completamente distintos.

Vejamos o caso do FC Porto. Com o mesmo sistema (4x4x2) vimos Nuno Espírito Santo alternar um jogo mais direto, com um estilo de jogo em posse e vemos agora Sérgio Conceição privilegiar a potência física e a velocidade, numa procura incessante da profundidade e do espaço nas costas dos defesas. Dizer as coisas de uma forma tão simplista é, porventura, curto, mas, ainda assim, o suficiente, julgo eu, para que se perceba a ideia. No entanto, o que me levou a escrever este artigo foi o facto de vermos, não raras vezes, o FC Porto alternar o 4x3x3 (fórmula europeia) com o 4x4x2 (para consumo interno).

Óliver tem vindo a justificar mais oportunidades
Fonte: FC Porto

Assim, o que varia entre o 4x3x3 e o 4x4x2 no FC Porto? Para começo de conversa, o 4x3x3 permite a adição de mais um médio. Depois tudo dependerá da escolha de Sérgio Conceição. A escolhe recai na maioria das vezes em Otávio que confere à equipa uma maior qualidade de transporte de bola e definição no que ao último passe diz respeito. S e a opção for jogar em simultâneo com Danilo, Sérgio Oliveira e Herrera, acredito que a equipa sai prejudicada, perdendo no capítulo ofensivo (nenhum dos três é exímio na definição) e defensivo (pisam terrenos semelhantes), sendo que aqui o elemento chave teria que ser Herrera, forçando-o a libertar-se dos companheiros e a dar um passo em frente no terreno de jogo. A solução ideal, no entanto, seria devolver Óliver a um papel de protagonismo. A qualidade de circulação e posse estaria assegurada e a chegada à área contrária poderia ser feita de forma alternada entre o espanhol e o mexicano com outcomes distintos para a equipa, Óliver possui a qualidade do passe e Herrera de transporte e finalização.

No ataque as variantes podem ser várias. Parece me a inclusão de Corona fundamental, tanto pela qualidade individual do jogador como pela já notória incapacidade física de Maxi Pereira. Jogando aberto no flanco direito, Corona pode dar a largura à equipa que Maxi não dá e pode, igualmente, ser um apoio decisivo no momento defensivo. Do lado esquerdo Brahimi é dono e senhor e no ataque dependerá muito dos adversários e da intenção de Sérgio Conceição. Se o objetivo for manter as linhas recuadas e procurar espaços em profundidade Marega será a solução mais evidente, se, no entanto, a primazia for dada a um futebol mais apoiado e pressionante, Soares possui características infinitamente mais adequadas. Perdoem-me aqueles que vêm em Marega um elemento chave, mas, na minha modesta opinião, não é com o maliano em campo que o FC Porto poderá apresentar o seu melhor futebol. Sobrarão, ainda, vários elementos interessantes para lançar no decorrer das partidas. Tudo isto é, igualmente, possível em 4x4x2, dependendo sempre das peças escolhidas e dos comportamentos e dinâmicas que lhes serão exigidas.

Como tal, os sistemas não são definitivos nem decisivos, importando, essencialmente, a ideia de jogo e as dinâmicas que são impostas e exigidas aos jogadores. É de salientar e de realçar a capacidade quase “camaleónica” de um FC Porto capaz de se adaptar a qualquer circunstância e de variar com tamanha eficiência o seu estilo. No entanto, tenho a opinião de que, atendendo à qualidade da equipa, seria de esperar, e julgo até que deveria ser exigido, um pouco mais. É sabido que no futebol, independentemente dos sistemas, dinâmicas ou qualidade de jogo, as vitórias ditam as leis.

Foto de Capa: FC Porto

artigo revisto por: Ana Ferreira

Bernardo Lobo Xavier
Bernardo Lobo Xavierhttp://www.bolanarede.pt
Fervoroso adepto do futebol que é, desde o berço, a sua grande paixão. Seja no ecrã de um computador a jogar Football Manager, num sintético a jogar com amigos ou, outrora, como praticante federado ou nos fins-de-semana passados no sofá a ver a Sporttv, anda sempre de braço dado com o desporto rei. Adepto e sócio do FC Porto e presença assídua no Estádio do Dragão. Lá fora sofre, desde tenra idade, pelo FC Barcelona. Guarda, ainda, um carinho muito especial pela Académica de Coimbra, clube do seu pai e da sua terra natal. De entre outros gostos destacam-se o fantástico campeonato norte-americano de basquetebol (NBA) e o circuito mundial de ténis, desporto do qual chegou, também, a ser praticante.

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