Não está fácil, a vida de Julen Lopetegui no FC Porto. O acumular sucessivo de erros de gestão do plantel, desportiva e humanamente, esgotou a paciência dos adeptos, e a “travessia no deserto” em termos de títulos é a cereja no topo do bolo… Que tem sabido a amargo para a nação azul e branca.
Esta semana, os dragões eliminaram o Feirense e asseguraram a presença nos oitavos de final da Taça de Portugal. Como seria de esperar, e apesar dos fortes elogios do técnico basco à formação “fogaceira”, a real valia da equipa da Liga 2 exigia rotação de jogadores e minutos para os atletas menos utilizados, algo que se verificou.
No entanto, e aproveitando um tipo de jogo em que a rodagem dos intervenientes foi mais do que justificável, é necessário e fulcral olhar e analisar o tipo de gestão que Lopetegui tem feito ao longo do seu ano e meio de FC Porto, um dos temas centrais de discussão desde a sua chegada à Invicta.
Na minha opinião, aquele que tem sido o principal pecado do treinador prende-se com o seu modo de gerir a vertente humana dos jogadores portistas. Acima de tudo, Lopetegui parece-me aquilo que eu costumo classificar como “técnico dos livros”. Passo a explicar.
O espanhol surge como alguém que até sugere ter boas ideias em mente (algo que me levou a apresentar uma postura favorável à sua permanência), mas que falha na gestão dos recursos humanos que tem ao dispor. Se um jogador protagoniza uma exibição menos conseguida, o seu destino acaba por ser, invariavelmente, o banco ou a bancada. Lopetegui trata os jogadores como máquinas, como computadores, sem atentar à vertente psicológica de cada um, e há exemplos disso.
Imbula, o senhor 20 milhões, que passou de titular para a bancada do Dragão e que depois voltou a assumir a titularidade frente ao Chelsea, em Stamford Bridge, e Herrera, afastado das opções durante um período consideravelmente alargado e, subitamente, de regresso à titularidade e com a braçadeira de capitão.
Assim sendo, é urgente que Lopetegui seja capaz de reconhecer a sua fraca capacidade de gestão e possa começar por aí a mudança de rumo que se vai afigurando como imperativa. Tenho para mim que a sua saída no final da época será uma inevitabilidade, mas, seguindo esta ideia, pode ser que consiga adiá-la até lá, pelo menos, multiplicando os triunfos e, quiçá, a qualidade exibicional.
Foto de capa: FC Porto