Gil Vicente FC 0-2 FC Porto: O galo tempera-se duas vezes

    A CRÓNICA: UM GOLO MADRUGADOR, UM FC PORTO DOMINADOR E UM GALO SEM SABOR

    O galo de Barcelos, numa tentativa de evadir-se daquele chavão que é utilizado no seio da sociedade portuguesa, quis entrar numa peleja com um dragão desde cedo incisivo e tranquilo no encontro.

    Aos sete minutos, Matheus Uribe, após cruzamento atrasado de Otávio e alguns ressaltos fruto da indecisão do setor defensivo gilista, soprou a bola para as redes à guarda de Denis. 0-1!

    A triangulação Nanu-Marega (20′) foi peixe com escama própria para nadar na lagoa inserida no seio da defesa do Gil Vicente FC. Faltou apenas materialização de tal investida… O maliano parecia ter filiado um comportamento epilético dada a constante voracidade e rapidez dos seus movimentos (27′): dançou em frente a Denis, colocou no seu companheiro da frente de ataque – Taremi – que, por sua vez, pôs a bola à disposição de Sérgio Oliveira… Resultado? Mais uma oportunidade desperdiçada!

    Denis encerrava em si o peito que faltou ao Gil Vicente FC (40′): Otávio, naquela espécie de cruzamento que é caracterizada pela comparência de olhos, negou o golo a um cabeceamento de belo efeito de J. Corona; quando parecia ainda restabelecer os índices de respiração (43′), estira-se após Otávio desferir um remate colocado a passe de M.Marega.

    Intervalo! Enchiam-se, de novo, as caixas torácicas para a segunda metade.

    O FC Porto entrou na quadra com o mesmo volume na caixa torácica, enquanto que o Gil Vicente FC dilatou e encheu a sua.

    E mais uma instalação no meio campo gilista, Sérgio Oliveira, do meio da rua, inspira fundo e desfere um remate com a preparação prévia (60′); Denis ainda raspa no esférico, mas não evita 0-2! O conforto bateu à porta à hora de jogo…

    Ambas as equipas recuperaram o fôlego até ao término da partida, ainda que o FC Porto tenha aumentado a vantagem para 0-3, antes de o árbitro assinalar fora de jogo.

    Depois de uma exibição segura, o FC Porto sai de Barcelos com os três pontos na algibeira e sobe provisoriamente ao segundo lugar do campeonato.

     

    A FIGURA

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Manafá – No lote de escolhas para prémio de melhor em campo, também constava o nome de Sérgio Oliveira. Escolhi Manafá, essencialmente, pelo espírito de sacrífico que imprimiu na sua exibição, pela disponibilidade física que trouxe à partida, pelas locomoções quase sempre certeiras ao longo do flanco esquerdo portista e pela assertividade defensiva que um jogo desta linhagem exigia.

     

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Setor ofensivo do Gi Vicente FC – Hoje, defronte do campeão nacional, os avançados de Barcelos não foram capazes de criar as dificuldades habituais no seio das defesas adversárias. Tal facto deveu-se a uma organização e um posicionamento defensivos a aflorar a perfeição por parte dos dragões, que souberam fixar o ritmo que queriam que os avançados possuíssem.

     

    ANÁLISE TÁTICA – GIL VICENTE FC

    Na passada jornada, diante do CD Tondela (1-0), Ricardo Soares adotou característico de futebol total: um 4-3-3 com Claude Gonçalves a assumir uma postura mais defensiva enquanto que a Lucas Mineiro e Pedrinho cabia a batuta da partida e o controlo da posse de bola; S. Lino, Lourency e Fujimoto foi o tridente atacante utilizado de modo a que a profundidade fosse pedra de toque.

    Hoje, defronte dos campeões nacionais, o técnico gilista desenhou um 5-3-2 (3-5-2 aquando dos movimentos ofensivos):Ricardo Fernandes cumpre castigo e dá lugar a Rodrigão; Pedro Marques, avançado emprestado pelo Sporting CP, surge sozinho na frente de ataque, embora se preveja o apoio e as triangulações com Lourency e Pedrinho.

    Na primeira metade, o Gil Vicente FC não foi capaz de desarmar ou construir ciladas defensivas que pudessem importunar o carrossel ofensivo dos dragões; o meio campo perpassou a divisória escassas vezes e não inscrevia nos seus adversárias um tipo de pressão mais elevada sobre o portador da bola. A estratégia de Ricardo Soares passou pela entrega da posse de bola ao adversário e, aquando da recuperação do esférico, o desenho de contra-ataques capazes de gerar situações de perigo junto da área do FC Porto. Pendor ofensivo por registar, Marchesín foi um espetador assíduo da partida.

    Face ao lugar que ocupa na tabela classificativa, esperava-se da turma gilista se comporta-se de forma distinta na segunda metade: mais agressividade, mais ímpeto ofensivo, ocupação frequente dos espaços entrelinhas concedidos aquando dos momentos de baixa pressão dos dragões. Fujimoto e S. Lino urgiam de mais tempo de jogo pelo facto de serem velozes, tecnicistas e hábeis nos movimentos interiores. Existiu uma predominância pelo estilo de jogo direto, preferencialmente do corredor direito para o centro do ataque.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Denis (5)

    Paulinho (5)

    Y. Nogueira (6)

    Rodrigão (6)

    H. Gomes (6)

    Talocha (6)

    Pedrinho (5)

    Lucas Mineiro (6)

    Claude Gonçalves (5)

    Lourency (6)

    P. Marques (5)

     

    SUBS UTILIZADAS

    Fujimoto (4)

    S. Lino (4)

    Joel (-)

    J. Afonso (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO

    A meio de semana, no encontro que colocou frente a frente FC Porto e SC Braga em jogo a contar para a Taça de Portugal, Sérgio Conceição adotou um 4-5-1: Uribe e Grujic eram os homens responsáveis pelo começo da segunda fase de construção e, por isso, jogaram na frente do quarteto defensivo; Sarr ocupou o lugar que habitualmente pertence a Zaidu; M. Marega era suportado pela presença ofensiva de L. Díaz, J. Corona e Otávio.

    Hoje, diante do Gil Vicente FC, o treinador dos dragões preferiu gizar um 4-4-2: Taremi e Marega eram os jogadores-alvo e as referências atacantes, Luiz Díaz voltou ao banco de suplentes e foi substituído por Sérgio Oliveira. Além disso, Diogo Leite ocupa a vaga deixada pela lesão de Mbemba e Nanu o lugar de Sarr.

    O FC Porto teve uma entrada nas quatro linhas como há algum tempo não se observava: trocas de bola rápidas e ao primeiro toque, variações entre jogo direto e triangulações no meio-campo gilista, passes entrelinhas e incitação à criação em espaços mais interiores. O golo acabou por adentrar pela partida com naturalidade e a procura pelo segundo e pela vantagem mais confortável foi visível e notória. Os três blocos estavam compactos e exerciam pressão em zonas altas do terreno. Defensivamente, não existiu qualquer situação de perigo por parte do adversário, facto que permitiu realizar a gestão da partida desde muito cedo.

    Pepe e J. Corona foram substituídos devido a queixas musculares, facto que motivou Conceição a colocar Sarr e Luiz Díaz nos seus lugares, respetivamente. A entrada do adversário na segunda parte prima pelo caráter recôndito. Contudo, o FC Porto voltou a a entrar mais forte e mais decidido, acabando por dilatar a vantagem. Após o segundo tento, o exercício da pressão em zonas mais adiantadas do terreno já não acontecia com tanta frequência bem como a circulação do esférico com a intensidade característica dos primeiros 45 minutos. Manafá foi o comandante ofensivo do corredor esquerdo portista. A gestão da partida nunca foi colocada em causa, facto que se deve ao modo como o FC Porto abordou a partida.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    A. Marchesín (7)

    W. Manafá (8)

    D. Leite (6)

    Pepe (7)

    Nanu (7)

    J. Corona (7)

    S. Oliveira (8)

    M. Uribe (7)

    Otávio (7)

    M. Marega (7)

    M. Taremi (7)

     

    SUBS UTILIZADAS

    Luiz Díaz (7)

    Sarr (6)

    Evanilson (-)

    Grujic (-)

    F. Conceição (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

     

    Gil Vicente FC

    BnR: Boa noite, mister. Fujimoto e S. Lino são jogadores velozes, fortes com bola e tecnicistas. Sente que, agora,, volvido o jogo, as substituições pecaram por tardias?

    Ricardo Soares: Não posso prever isso com essa conclusão tão rápida e tão assertiva como está a dizer. Só sei que o FC Porto tem outros objetivos e que o facto de terem marcado cedo na partida deitou por terra as nossas aspirações. No futebol, o fator anímico conta imenso. O segundo golo também acaba por deitar por terra as aspirações que tínhamos na segunda parte. Quando digo “excelente”, quero dizer face ao que somos e temos e face ao que o adversário tem. Face às circunstâncias do jogo, penso que entramos bem na segunda parte, fomos em busca do resultado, quisemos pressionar mais à frente. E o segundo golo, como disse, acaba por deitar isso por terra.

     

    FC Porto

    BnR: Não foi possível fazer perguntas ao treinador do FC Porto, Sérgio Conceição.

     

     

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.