Nas últimas semanas, a eventual saída de Gonçalo Borges do Futebol Clube do Porto foi notícia. O Estrasburgo, clube que atua na Primeira Liga Francesa, avançou com uma proposta de nove milhões para contratar o extremo dos dragões. Porém, o jogador acabou por ficar e parece que se vai manter pela invicta durante a época 2024/25.
Chegou aos dragões para jogar pelos Sub-15 e desde aí foi crescendo e subindo de escalão, conseguindo ganhar nas camadas jovens o título de campeão nacional de juniores e a Youth League em 2019. Nessas equipas, o jovem extremo era das principais figuras provocando muitas dores de cabeça nos adversários derivado aos seus desequilíbrios e ao seu futebol mais vertiginoso. Em 2022 tem a oportunidade de jogar pela equipa principal do FC Porto e desde então já participou em 50 jogos, contabilizando quatro assistências apesar de ainda não somar qualquer golo oficial no plantel principal dos azuis e brancos.
Sou muito dado a provérbios e acredito muito no provérbio português que diz que o comboio não passa muitas vezes. O portismo do Gonçalo sensibiliza-me muito, sobretudo por se tratar de um “menino” da casa, que depois de ter iniciado a sua formação no Seixal, fez os restantes escalões de formação no Olival.
Apesar desse portismo e de ter algumas qualidades interessantes como a sua imprevisibilidade e velocidade, o Gonçalo já não é um menino. É um “jogador feito” com 23 anos e vai terminar a época atual com 24. Não acredito que tenha muito mais margem de progressão e a realidade é que nas oportunidades que tem tido na equipa principal, tem ficado um pouco aquém daquilo que é exigido num nível de FC Porto.
A proposta do clube francês era satisfatória para as duas partes. Permitia um encaixe significativo de nove milhões livres de grandes “partilhas” uma vez que se trata de um jogador da formação portista. Também era uma proposta interessante para o jogador. Ia ganhar experiência num campeonato diferente e num clube com uma forte ligação ao Chelsea, possibilitando um possível salto para um colosso do futebol europeu se o talento justificasse.
Não ia ter tanto mediatismo e também não ia estar a lutar por títulos, mas em contrapartida teria mais espaço para crescer enquanto jogador e provar o seu valor. Em suma, nenhuma das partes fica a ganhar com a permanência do Gonçalo. O FC Porto, necessitado de encaixes, fica sem os milhões. Gonçalo Borges vai acabar por ter mais uma época apagada e vai perder o comboio. Um mal desnecessário.