Morreu um génio. O futebol português nunca mais será o mesmo sem Eusébio. Espera-se uma grande homenagem à figura de Eusébio no próximo jogo na Luz. Por coincidência das coincidências, o jogo opõe as duas maiores equipas de Portugal: Porto e Benfica. Parte de mim gostaria de ver o Benfica prestar uma homenagem a Eusébio com uma vitória. Porém, não faz parte das ambições azuis e brancas dar uma “carta branca” no jogo de dia 12. Independentemente da morte de Eusébio, o Porto necessita da vitória e vai jogar para vencer.
Perante um público choroso em luto, o que espero, acima da vitória, é respeito. Não vejo melhor homenagem possível ao ”Pantera Negra” do que um embate entre Porto e Benfica. Se há, em Portugal, equipas capazes de produzir um jogo ao nível da figura de Eusébio são, sem dúvida, as equipas supramencionadas.

Tenho, no entanto, uma preocupação. Não sou contra claques. Acho que são uma forma saudável de mostrar carinho e afecto para com um emblema. Os maiores exemplos de claques, embora não o sejam na génese do termo, são as claques do Liverpool de Inglaterra e dos escoceses do Celtic. Em Portugal, as claques funcionam de forma diferente. O carinho e o afecto sofrem uma transformação para se tornarem fanatismo. Não interessa qual for a razão, o fanatismo nunca é positivo. A rivalidade entre Benfica e Porto é antiga e representa também confronto entre as duas grandes cidades.
Como nos tem mostrado a história, as romarias das claques ao recinto dos rivais são sinónimo de problemas, pancadaria e feridos. A falta de respeito entre claques também é notória. Na cobertura da morte de Eusébio, Toni, antiga glória do Benfica, mostrou preocupação face à claque do Porto. Em declarações sentidas, o treinador afirmou que espera que, quando for feita a homenagem a Eusébio, haja silêncio e respeito pela lenda não do Benfica, mas sim de Portugal.

Toni expõe, de facto, um sério problema. Espero, e faço disto um apelo a todos os amantes de futebol que desejem ir ao estádio no próximo dia 12, que, independentemente da cor da camisola, se dignem fazer silêncio e prestem uma homenagem merecida àquele que é provavelmente o melhor jogador português de sempre. Durante o jogo e depois dele puxem pela vossa equipa, entoem os vossos cânticos, mostrem quem vocês são e quem defendem. Mas antes mostrem respeito por um dos grandes.
No relvado, a minha ambição é igual. Como já referi, o resultado é importante. No entanto, dia 12 não é um jogo da 15º jornada da Liga Portuguesa. É um jogo de homenagem a Eusébio. Um jogo de homenagem a quem a merece.