Ao desfazer o tabu que vinha alimentando uma das novelas deste mercado de verão, Iker Casillas deu, uma vez mais, uma prova do seu enorme profissionalismo, comprometendo-se, por mais um ano, com um projeto desafiante que encontrou desde a sua chegada ao Dragão.
Não é fácil de aceitar que a maior seca do FC Porto no que aos títulos diz respeito coincida com o período em que temos a feliz oportunidade de contar nos nossos quadros com uma lenda do futebol como é o guardião espanhol. Casillas é, atualmente, o jogador em atividade com o maior número de títulos conquistados na carreira, pelo que o que vem vivendo nos últimos dois anos configura-se como uma experiência tremendamente negativa nesse aspeto. Assim, importa perceber quais as motivações que levam Casillas a aceitar prolongar este desafio, abdicando mesmo de metade do estrondoso salário que auferia.
A vinda para o Porto proporcionou ao jogador e à sua família a serenidade que não encontravam em Madrid, face a tão grande pressão mediática. Por mais do que uma vez foi possível verificar a satisfação de Casillas pelo acolhimento e pela qualidade de vida que a cidade do Porto lhe ofereceu. Aqui o espanhol encontrou a felicidade que há muito havia perdido e não é de estranhar que queira agora retribuir com títulos todo o tratamento de que foi alvo, tanto do clube como das gentes do norte do país.
Contudo, assim que foi tornada oficial a permanência de Iker no Dragão logo se levantaram vozes que se prontificaram a interrogar a capacidade (sobretudo financeira) de o FC Porto suportar a continuidade do jogador, e se essa continuidade seria benéfica para o próprio clube, tendo em conta a idade de Casillas que, eventualmente, se poderia refletir em campo.
Não é difícil perceber que Casillas já não vai proporcionar uma grande venda ao FC Porto, nem esse será o objetivo. Nesse ponto, todos concordaremos que o aspeto financeiro não sai reforçado com esta operação. Mas também estamos conscientes de que o clube vem reestruturando os seus quadros, arrumando a casa e cessando alguns contratos que vão permitindo algum desafogo nos cofres. Essencialmente, a permanência de Casillas vem dar força ao plano desportivo, sobretudo se atestarmos o crescimento que o jogador vem registando nestas duas épocas, a última das quais absolutamente espetacular, ajudando a que o FC Porto tivesse uma das defesas menos batidas da Europa.
Este novo acordo trata-se de um exemplo de reconhecimento e de total disponibilidade por parte de Casillas em relação ao FC Porto, certamente sensibilizado pelo momento menos bom da equipa e com ganas de ser parte da solução que pretende levar o clube a reencontrar o caminho das vitórias.
Foto de Capa: FC Porto