Numa perspetiva mais “resultadista” podemos afirmar sem pejo que a primeira volta do FC Porto roçou a perfeição. Se tivermos em conta os 45 pontos conquistados (liderança isolada com 2 pontos de vantagem sobre o Sporting CP) em 51 possíveis e que 4 dos 6 pontos perdidos foram nos empates (com sabor a derrota diga-se) nos confrontos diretos com os rivais na luta pelo título, seria difícil pedir mais a uma equipa que não viu chegar qualquer reforço no mercado de Verão e que foi construída com o recurso a matéria prima que se encontrava espalhada um pouco por toda a Europa e que o FC Porto teve o condão de recuperar. Jogadores como Ricardo Pereira (Nice), Aboubakar (Besiktas), Diego Reyes (Espanhol) ou Marega (Vitória SC) estavam emprestados e são, hoje, figuras de proa do clube. Resta, portanto, o empate na Vila das Aves como resultado mais dececionante da temporada. O saldo fica-se, então, pelas 14 vitórias (das quais destacaria as deslocações aos sempre difíceis terrenos de SC Braga e Rio Ave) e os, já abordados, três empates.

Fonte: FC Porto
Recorrendo ao saldo de golos marcados (melhor ataque com 45 golos apontados) e sofridos (melhor defesa com nove golos concedidos), é possível perceber que o FC Porto tem sido a mais forte e mais acutilante equipa da Primeira Liga. As exibições têm sido autoritárias, como o comprova a superioridade evidenciada nos jogos frente a Sporting, em Alvalade, e Benfica, no Estádio do Dragão (pese embora os empates obtidos nessas partidas). Na minha opinião, este FC Porto tem vivido, essencialmente, de três grandes virtudes: a procura da profundidade (Aboubakar e, principalmente, Marega têm espalhado o pânico nas defesas contrárias), a bola parada ofensiva e, acima de tudo, a reação à perda de bola. A agressividade no pressing e uma rápida e inteligente ocupação dos espaços após a perda da posse de bola têm sido fundamentais para o sucesso do Porto e têm servido para maquilhar algumas dificuldades no ataque posicional e na construção de jogo a partir da defesa. As deficiências na construção de um meio campo composto por Danilo e Herrera (Óliver dá outro perfume neste capítulo do jogo) têm sido compensadas com altas percentagens no ganho de duelos físicos e de segundas bolas, o que permite ao FC Porto queimar linhas, recuperando a bola em zonas mais adiantadas do campo. Aqui, importa reconhecer o infinito mérito do treinador e elogiar a disponibilidade física e mental dos jogadores para colocarem em prática tão exigente plano de jogo.