Após (mais) um momento de menor fulgor na presente época futebolística, o FC Porto parece novamente ter encontrado o caminho para o sucesso, não apenas ao nível dos resultados mas também sob o ponto de vista exibicional. Se outrora a chave para a melhoria da equipa pareceu estar no 4-4-2 losango implementado por Nuno Espírito Santo, desta feita a subida de rendimento pode ser associada, ainda que não exclusivamente, a um elemento individual: Yacine Brahimi.
Analisar Brahimi, sob o ponto de vista futebolístico, é de certa forma analisar o futebol africano naquilo que são as suas principais virtudes, mas também as suas mais elementares limitações. Brahimi é sinónimo de desequilíbrio, de criatividade, de imprevisibilidade; mas é também sinónimo de individualismo. Este não parece, porém, tratar-se de um caso em que o futebolista apresente défices graves ao nível da tomada de decisão, porque já em diversas ocasiões este provou que sabe qual é o momento certo para soltar a bola ou para procurar outros colegas. O que parece é que Brahimi, sabendo ser um driblador nato e um jogador temível no um para um, tende a dar primazia a este tipo de soluções em detrimento, por exemplo, de tabelas ou combinações.
Apesar de todas as limitações ao nível do envolvimento coletivo que podem ser atribuídas a Yacine Brahimi, o que não pode ser considerada irrelevante é a sua extraordinária capacidade técnica sendo que este é, neste particular, provavelmente um dos melhores futebolistas da Liga NOS 2016/17. O futebolista argelino não tem, tendencialmente, um timing correto ao nível da tomada de decisão levando a que as soluções de que dispõe no momento em que decide soltar a bola já não sejam as melhores; porém, tem uma tremenda facilidade em “desmontar” equipas que se encontram em organização defensiva, algo que parecia faltar a este FC Porto.
Antes da sua lesão, e ainda com Otávio no seu 11 habitual, a equipa dispunha de um futebolista taticamente mais culto, tecnicamente dotado com bola e agressivo sem a mesma. Porém, era cada vez mais frequente a dificuldade apresentada pelo brasileiro em dar sequência, com sucesso, às jogadas de envolvimento ofensivo do FC Porto. Já com Brahimi a equipa não melhora ao nível da tomada de decisão e, consequentemente, das perdas de bola no momento ofensivo, mas torna-se francamente mais forte na capacidade de desequilíbrio, sobretudo quando em organização ofensiva.