O FC Porto tem estado muito bem neste início de época e recomenda-se! Apostando num plantel lowcost, com poucas alterações face ao plantel da época passada (e fracassada) e com os reforços a serem apenas jogadores retornados de empréstimo, poucos adivinhariam um arranque tão positivo e promissor como este da equipa de Sérgio Conceição. Depois de um mercado estranhamente calmo para os lados do dragão, em que as novidades foram escassas, a maioria da massa adepta portista (incluindo eu) associou esta “dormência” no mercado a uma certa passividade e desleixo do FC Porto. Mas não. Errei e admito o erro. O FC Porto está a ter um arranque entusiasmante e, apesar de não ter ganho nada ainda, é motivador ver mudanças profundas no estilo do jogo e finalmente estarmos a jogar mais “à Porto”. Mais raça, mais entrega, mais vontade.
Contudo, não deixo de ficar um pouco desiludido por ver o FC Porto tão inativo e imóvel neste mercado. Para mim, o mercado de transferências é dos momentos mais entusiasmantes de uma época desportiva. O adepto de futebol fica preso de início ao fim, colado ao ecrã até ao último segundo à espera de uma mexida que envolva o seu clube do coração. O mercado no futebol está sempre a bombar e uma simples mexida desencadeia uma série de transferências. Não digo com isto que era necessário, nem obrigatório, contratar para os lados do dragão. A equipa está sólida e estruturada e as recentes exibições provam precisamente isso. Era apenas um “capricho” de um adepto tanto do FC Porto, como do próprio mercado de transferências.
O FC Porto adotou uma política diferente nesta janela de transferências e talvez tenha sido isso que apanhou de surpresa os adeptos portistas. A aposta neste mercado foi a de manter os jogadores com maior procura e a de dar uma “segunda vida” aos jogadores anteriormente emprestados.
Assim sendo, Marega, Ricardo e Hernâni foram os “reforços” improváveis e a permanência de Danilo, Marcano e Aboubakar foi fulcral para que os dragões apresentassem um plantel sólido e competitivo como até agora têm demonstrado.
Através de uma análise aprofundada ao plantel dos dragões pós-mercado de transferências, podemos verificar que a baliza é um dos setores mais bem entregues, com um Iker Casillas melhor do que nunca e que até agora tem mantido a baliza dos azuis e brancos inviolável. No setor da defesa, o FC Porto manteve no seu plantel Maxi Pereira e Layun que, para mim, eram jogadores excedentários, o primeiro pela elevada folha salarial e o segundo porque face ao escasso tempo que tem jogado podia render ainda algum dinheiro para os cofres do dragão. Sendo assim, os dragões preferiram preterir de Rafa que sai do clube por empréstimo.
Avançando no terreno, para a zona do meio-campo, podemos verificar que é um dos setores com menos opções, apesar de serem de qualidade. Com a “perda” de João Carlos Teixeira e com a saída de Agu, o leque das opções fica mais reduzido e Danilo é a única opção para trinco na equipa de Sérgio Conceição.
Por fim, o ataque do FC Porto perdeu mesmo no último suspiro do mercado, Rui Pedro. O empréstimo do jovem atacante divide os adeptos portistas. Por um lado, é mau para os dragões ficar com apenas três avançados quando jogam num sistema com dois atacantes e numa altura em que Soares ainda recupera de lesão. Por outro lado, é bom o jogador ser emprestado, principalmente a um clube vizinho (Boavista) para que o seu desenvolvimento seja acompanhado de perto e caso ficasse no FC Porto o seu potencial poderia estagnar.
Sem perdas de jogadores de“peso” neste mercado de transferências, o FC Porto é talvez dos três grandes, o que apresenta um plantel mais equilibrado e estruturado. Mantendo as maiores referências do seu núcleo duro, os dragões apostaram no que têm e apostaram bem, sendo essa a principal receita e fator diferenciador para os possíveis sucessos desta época.
Foto de Capa: FC Porto
artigo revisto por: Ana Ferreira