É, certamente, algo a rondar o anti-patriótico proferir a frase “o que é nacional, afinal, não é assim tão bom”. E, na generalidade da nossa realidade, discordo veementemente deste tipo de afirmações. No entanto, o “mundo da bola” é um mundo ímpar portanto, partindo desse princípio, merece uma análise própria.
E, essa análise própria, talvez por mera preguiça ou, possivelmente, por uma incompreensível insistência, não tem sido feita pelo FC Porto, nomeadamente no quesito “transferências”.
Ao longo destas últimas temporadas, têm sido inúmeras as vezes em que a direção portista (com ou sem o aval do treinador) opta pelo mercado interno, na esperança de colmatar alguma lacuna existente no plantel azul e branco. Quantos nomes? Sinceramente, os dedos que possuo em ambas as mãos não seriam suficientes para efetuar estes cálculos. Contudo, se o tópico for “casos de sucesso”, os dedos que restam na mão esquerda de Lula da Silva, possivelmente, consigam tomar conta da situação.
Longe estão os tempos áureos do futebol português. Agora, restam-nos eliminações nas competições europeias que, infelizmente, começam a tornar-se num hábito, quer sejam contra equipas como FC Zorya Luhansk, quer sejam contra equipas polacas cujo nome mal consigo pronunciar. Culpas à parte, facto é: as equipas portuguesas, salvo as “comuns” exceções, estão cada vez mais niveladas por baixo. Logo, há que fazer todos os possíveis para escapar a este nivelamento.
No estrangeiro encontraremos apenas craques? Não, longe disso. Pelo meio, certamente, virão Depoitres e Adriáns. Mas, a meu ver, há que assumir esse risco, um risco que, vale a pena ressaltar, acaba por ser menor ao ser comparado àquele associado a “aquisições internas”. E esse risco associado às “aquisições internas”, aliás, tem rondado, ultimamente, a certeza: a certeza de que os contratados em Portugal não são reforços, no sentido literal da palavra.
Não estou a exigir, todavia, uma espécie de boicote aos jogadores que atuam no futebol português. Muito talento pisa os nossos relvados todas as épocas. A questão é: estará esse talento, maioritariamente, em formações de “meia tabela”? A resposta, na minha opinião, parece clara. A tarefa de encontrar jogadores “nível FC Porto” nos ditos “pequenos portugueses” começa a rondar o improvável, beira o encontrar uma agulha num palheiro.
Foto de Capa: FC Porto
artigo revisto por: Ana Ferreira