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(Não) somos Porto

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A voz encurta, o coração chega a mil, as sensações vão ao expoente máximo e o plano da nossa vida reduz-se à baliza onde entra o esférico simultaneamente mais perfeito e importante da nossa existência – foi basicamente esta a sensação que invadiu milhares (ou milhões) de benfiquistas na passada Quarta-Feira, aquando do pontapé de André Gomes. Sei-o porque também eu, de Sevilha a Old Trafford, ou com Kelvin no Dragão, já o saboreei. Mas de que me vale hoje?

Sou um privilegiado. Continuo a ser um privilegiado. Mas o privilégio de que continuo a gozar por ser adepto do FC Porto não apaga nem esquece a vergonha da última Quarta-Feira. Pela primeira vez na vida, tive vergonha da minha equipa e do meu clube. De termos sido tão incapazes quanto ingénuos ou descomprometidos.

Não sou apologista de clichés mas quando, há uns anos, Nuno Espírito Santo (que feito conseguiu ele no Rio Ave!), então capitão do FC Porto, soltou um apelo de bravura e de crença em forma de “Somos Porto!”, apreendi o que estava em causa; quando André Villas-Boas ‘ajudava’ Álvaro Pereira a marcar o extremo-direito contrário e, exuberante, festejava os (imensos) golos da super-equipa que construiu, materializava ainda mais esse sentimento; e até Vítor Pereira, com murros na mesa e voz firme e, depois, lágrimas no final, demonstrava o sentimento que o unia a este clube. Sim, são exemplos recentes, e com eles muito provavelmente estarei a ser injusto para com figuras que ajudaram a erguer o Dragão e o encarnaram na perfeição. Colocando Pinto da Costa noutra dimensão, a colecção vai de Pedroto a Mourinho, passando por Oliveira; de João Pinto a Jorge Costa, não esquecendo Bruno Alves; de estrangeiros que se tornaram património do clube como Aloísio ou Deco a Lucho. Inevitavelmente todos eles perderam com a camisola do FC Porto – mas todos eles souberam corporizar o ‘sentimento Porto’ e deixar lá dentro mais do que aquilo que podiam dar.

A passividade da defesa portista facilitou o momento de inspiração de André Gomes Fonte:
A passividade da defesa portista facilitou o momento de inspiração de André Gomes
Fonte: Fpf.pt

O que sucedeu na passada quarta-feira em plena Luz foi exactamente o contrário daquilo que este clube representa. Passando por cima de todos os problemas estruturais que afectaram a equipa desde o primeiro dia desta temporada – e tanto que já falei deles aqui –, como a escolha de um treinador que nunca percebeu a sua nova realidade ou a deficiente construção do plantel, a equipa que entrou para defrontar o Benfica não soube honrar a camisola que envergava. Esqueceu-se do palco que pisava, do rival que tinha pela frente e do facto de estar a disputar uma final. Mais: esquecendo-se de olhar para o símbolo que trazia ao peito, esqueceu-se de o respeitar.

Tolero que a defesa seja imensamente jovem, condescendo que o meio-campo seja tão curto quanto pouco criativo e que a linha avançada não consiga facturar em função do mísero jogo que lhe chega em condições aceitáveis. Mas já não consigo admitir que os erros se acumulem, que as falhas se repitam e que os protagonistas, invariavelmente, sejam os mesmos.

Acredito que a má época desta equipa seja mais do que reversível – aliás, foi isso mesmo que este clube nos ensinou das últimas duas vezes que ficou em 3º lugar. Acho, inclusivamente, que há qualidade e potencial por explorar neste plantel. Mas seja qual for a revolução que esteja em marcha (e terei tempo de me pronunciar sobre o que aí virá …), o que está em causa é o sentimento Porto – é o comprometimento, a honra, a vontade e o crer. Tudo aquilo que vem faltando e voltou a falhar, clamorosamente, num dos palcos em que o Dragão mais tinha prazer de se impor. Até isso parece que se perdeu.

P.S.: “No llores porque ya se terminó … sonríe, porque sucedió”. Eu sei, sr. Gabriel. Mas o futebol talvez seja a excepção à regra: por mais que o passado “seja um livro de honra de vitórias sem igual”, é preciso voltar a ensinar a esta gente “o que é ser nobre e leal.” Depois, então, virá “mais um arco triunfal”.

Filipe Coelho
Filipe Coelho
Ao ritmo do Penta e enquanto via Jardel subir entre os centrais, o Filipe desenvolvia o gosto pela escrita. Apaixonou-se pelo Porto e ainda mais pelo jogo. Quando os três se juntam é artigo pela certa.                                                                                                                                                 O Filipe não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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