Embora o futebol sempre tenha sido pródigo em dar-nos magia em qualquer pé ou cabeça, há sempre algo de inquietante em pés esquerdos mágicos, que criam, colocam a bola onde querem e fazem vibrar as bancadas. Sim, esta crónica é sobre Francisco Conceição e Wendell.
Com o resultado ao intervalo parado no 1-0, com uma assistência do número 10 para o lateral brasileiro, poucos imaginavam que terminaria 5-0, com vitória gorda azul e branca diante de um dos melhores conjuntos deste campeonato.
O ímpeto é sempre importante, e foi uma exibição muito a reboque do que os seus pés esquerdos conseguiram criar. Wendell na esquerda com combinações com Galeno ou os médios e Francisco Conceição a romper para dentro a tentar encontrar as melhores soluções perto da baliza cónega foram a receita ideal em partes que o conjunto no seu todo não foi tão forte.
Numa equipa programada para combater, o espetáculo também é sempre bem-vindo e também ajuda. A vencer por três vezes consecutivas, parece estar encontrada a melhor forma para encantar e tem tudo a ver com a complementaridade de todos os elementos.
O meio-campo forte e recuperador, os extremos desequilibradores: uma fórmula de sucesso. Wendel, mesmo com as suas carências defensivas, oferece mais ao jogo de Sérgio Conceição do que Zaidu e ‘Chico’ tornou-se um jogador impossível de abdicar.
A vitória e o golo trazem confiança e no reino do Dragão respira-se tranquilidade. Frente a uma boa equipa (que entrou com o pé esquerdo), Sérgio Conceição soube ajustar ao intervalo, criou condições para a sua equipa ser mais competente sem bola e a força no momento defensivo passou para o momento ofensivo.
Nos pés esquerdos de Francisco Conceição e no do «patinho feio» Wendell se desenhou a goleada conseguida. Embora sem ser perfeito – o que é impossível no futebol -, este FC Porto deixa água na boca para uma segunda volta onde tudo está em jogo. E claro, com os criativos está sempre mais perto do sucesso.