Das (poucas) vezes em que os avançados conseguem vencer estes duelos individuais (sempre extremamente difíceis porque os defesas se encontram posicionados de frente para a bola), a ordem é para procurar os corredores laterais e cruzar a bola para a área, independentemente das condições existentes para que desses cruzamentos possa surgir a criação de verdadeiras oportunidades de golo. A estatística do FC Porto x CD Feirense retrata bem esta realidade: 50 ataques realizados pela equipa azul e branca, dos quais 37 culminaram com cruzamentos para a área (situação incrementada pela ausência de Brahimi da equipa).

Se no momento ofensivo a equipa de Nuno Espírito Santo é “muita luta e pouco cérebro”, defensivamente a realidade também não é muito melhor. Elogia-se muito o FC Porto pelos poucos golos que a equipa sofre; porém, tal resulta mais dos conservadores posicionamentos adotados no momento ofensivo do que da qualidade das dinâmicas coletivas no momento defensivo. Os princípios defensivos apresentados pelo FC Porto são pobres e a equipa, nesta capítulo, vale sobretudo pela qualidade individual (nos duelos que vão travando) dos cinco futebolistas mais recuados (com principal destaque para Danilo, muito importante pela forma como se posiciona e como se antecipa no momento de transição defensiva). Para além disso, o facto de ofensivamente o FC Porto funcionar (quase) sempre numa lógica de “esticar o jogo na frente” faz com que a equipa, quando perde a bola, raramente se encontre particularmente desequilibrada ao nível dos posicionamentos e mantenha sempre muitos jogadores atrás da linha da bola.
Questiona-se muito, atualmente, se Óliver Torres vale os 20 milhões de euros que o FC Porto desembolsou para adquirir o seu passe. Porém, a questão deveria ser outra: é aceitável que o modelo de jogo e a estratégia do FC Porto sejam de tal forma rudimentares que não permitam potenciar a (extraordinária) qualidade de Óliver?