Quando se diz que o médio centro espanhol tem estado aquém da sua primeira época de dragão ao peito importa que se compreendam bem os contextos: com Lopetegui o FC Porto praticava um futebol apoiado, de posse de bola, beneficiando assim as caraterísticas de Óliver; atualmente, com um futebol no qual o meio-campo é mais importante para “morder os adversários” no momento de transição defensiva do que para pensar o jogo ofensivamente, é natural que o jovem espanhol perca influência na organização ofensiva da equipa.
Nuno Espírito Santo tem dois méritos: 1) trabalhou bem a equipa nos lances de bola parada ofensivos, situação de jogo na qual o FC Porto tem uma taxa de aproveitamento acima da média; 2) conseguiu que os jogadores, muitos deles com grande qualidade individual (Óliver, Corona, Brahimi, Diogo Jota, André Silva, etc.), conseguissem acreditar no treinador e no seu modelo de jogo pese embora as grandes debilidades do mesmo. Porém, e por muito que tal seja quase inconcebível para muitos dos adeptos do FC Porto, a equipa é hoje mais pobre ao nível do modelo de jogo e da estratégia do que quando era treinada por Julen Lopetegui.
Com o treinador espanhol o futebol praticado era demasiado lento e previsível, a circulação de bola tinha pouca progressão, a tendência (sobretudo na segunda época, sem Óliver) passava demasiado pela procura dos corredores laterais, mas era evidente que a equipa tinha, podendo ser-se mais ou menos apreciador do mesmo, um modelo de jogo bem definido. Atualmente esses princípios praticamente não existem, o futebol praticado pelo FC Porto foca-se sobretudo na garra, nos duelos individuais, na capacidade de Brahimi para desequilibrar no ataque e de Danilo para equilibrar na defesa. O individual sobrepõe-se ao coletivo e assim, de jogo em jogo, o FC Porto vai conseguindo obter resultados que só são possíveis dado o significativo desnível entre os clubes ditos “grandes” e as restantes equipas que alinham no campeonato nacional de futebol.
Foto de capa: Fcabook oficial NES