A ética marítima, se lhe pudermos chamar isso, afirma que o comandante de um navio é o último a abandonar o mesmo. O comandante argentino do Porto tem tudo tratado para saltar de um navio para o outro.
Sempre foi um grande fã de Lucho González. Era um jogador que me dava gosto ver jogar. A grande dupla de argentinos composta por Lucho e Lisandro fazia magia. Essa magia era transformada em golos e vitórias.
Como tal, a saída de Lucho para o Marselha deixou-me algo triste. De facto, de uma assentada o Porto perdia Lucho e Lisandro. Os meus jogadores favoritos. Na altura da saída lembro-me de ouvir o Luís Freitas Lobo dizer que se Lucho não abandonasse o Dragão iria tornar-se-ia um ícone do Porto. Lucho acabou por sair. Se a aventura por terras gaulesas foi boa ou má apenas Lucho o poderá dizer. Embora estivesse em França continuava a ter carinho por parte dos portistas.
Anos mais tarde, Lucho regressou ao Dragão. Já sem o habitual número 8, na altura nas costas de João Moutinho, passou a envergar a camisola número 3. Lucho demonstrou que quem sabe não esquece, apenas faz mais devagar. Num curto espaço de tempo, voltou a ser a engrenagem que fazia andar o relógio do Porto. Rapidamente voltou a conquistar a braçadeira, que, se formos ver, não chegou a perder. Durante a primeira volta do campeonato deste ano Lucho foi peça fulcral dentro das quatro linhas e um farol no que toca a sacrifício e dedicação.

Fonte: zerozero.pt
É com grande pena que vejo, novamente, Lucho abandonar o Dragão. Aquando do regresso pensei que fosse definitivo. Que Lucho González fosse terminar a carreira no clube que sempre o apoiou e que lhe deu os grandes feitos na carreira. Porém, começa a surgir a tendência de jogadores com idade avançada rumarem a ligas menos competitivas e com maior interesse monetário. Como Lucho há já bastantes jogadores a seguir o mesmo caminho.
“El Comandante” é um jogador que vai fazer falta ao Porto. Mesmo com Carlos Eduardo a crescer de dia para dia e com Josué e Quintero de reserva, a equipa de Paulo Fonseca vai sofrer um pouco com a partida de Lucho, que surge como uma surpresa, sim. Mas, como os adeptos do Sporting têm o hábito de dizer face aos maus resultados comuns: “há que levantar a cabeça“.
O Porto vai ultrapassar a saída de Lucho, tenho a certeza. Lucho foi, é e será um grande jogador. Foi uma honra vê-lo jogar em relvados portugueses. Desejo-lhe sorte no Qatar. Agora, por cá, há uma segunda volta de campeonato, eliminatórias da Liga Europa e da Taça de Portugal e as meias-finais da Taça da Liga para jogar. Não há tempo para ficar a pensar sobre o impacto de perder o comandante. É tempo de preparar o navio para o temporal que se aproxima.