A Argélia não é um país conhecido pelos grandes futebolistas que produziu ao longo dos anos; porém, há uma exceção a esta regra: Rabah Madjer, o mago argelino. Madjer, o herói do calcanhar de Viena, foi um dos melhores jogadores africanos de sempre e, ainda hoje, é idolatrado no Porto e no seu país natal.
Tendo realizado, entre 1985 e 1991 (com uma curta passagem pelo Valencia CF pelo meio), 147 jogos ao serviço do FC Porto, nos quais apontou um total de 73 golos, Madjer ganhou em Portugal (e a nível europeu) tudo o que havia para ganhar: três Ligas Portuguesas, duas Taças de Portugal, duas Supertaças Cândido de Oliveira, uma Taça dos Clubes Campeões Europeus, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental. Mas foi ao serviço da sua seleção (pela qual realizou um total de 87 jogos e marcou 29 golos) que Madjer começou a despertar as atenções do mundo do futebol.
Tendo sido fundamental para a primeira qualificação da Argélia para um Campeonato do Mundo de Futebol (disputado em Espanha, em 1982), Madjer foi também figura maior de um Mundial no qual a sua seleção apenas não passou da fase de grupos porque, no último jogo do grupo que esta integrava, a República Federal da Alemanha e a Áustria deram um triste espetáculo de futebol, com um resultado claramente combinado a priori, que acabaria por possibilitar o apuramento das duas seleções europeias para a fase seguinte. Apesar de tudo, os brilhantes desempenhos de Madjer abriram-lhe as portas do futebol europeu e, em particular, do campeonato francês de futebol.
Depois de passagens pelo RCF Paris e pelo Tours FC, chegou o Campeonato do Mundo de Futebol de 1986 no qual, contrariamente ao que havia sucedido em 1982, nem Madjer nem a seleção da Argélia foram de encontro às expetativas criadas quatro anos antes. Porém, e talvez nunca imaginando o que tal viria a representar na sua carreira, Madjer assinou pelo FC Porto e…o resto da história já todos conhecem.
Viena, Estádio do Prater, 1987: um calcanhar para a história. O adversário era o todo-poderoso FC Bayern Munchen. A primeira parte foi totalmente dominada pelos alemães mas, no segundo tempo, na sequência de uma jogada de Juary pela direita, Madjer marcou um golo de calcanhar que calou o mundo. Como se não bastasse, dois minutos depois inverteram-se os papéis: Madjer avançou pela esquerda e cruzou para Juary marcar o golo da vitória. O FC Porto conquistava a Taça dos Clubes Campeões Europeus pela primeira vez na sua história e Madjer tornava-se uma estrela no futebol europeu. No ano seguinte, aquando da disputa da Taça Intercontinental frente ao CA Peñarol, coube mais uma vez ao argelino o papel de protagonista ao apontar o golo da vitória.
A nível individual Madjer venceu diversos prémios, entre os quais se destacam a Bola de Ouro de África (que premeia o melhor jogador do continente), o prémio de melhor jogador da Taça das Nações Africanas, e o prémio de melhor marcador da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Com 1,78m de altura, o argelino destacava-se pela sua capacidade técnica e de leitura de jogo. Foi em Viena, e posteriormente em Tóquio, que Madjer se eternizou no imaginário dos adeptos do FC Porto; contudo, este elege um outro golo, apontado em 1987 contra o CF Belenenses (igualmente de calcanhar), como o melhor da sua carreira enquanto futebolista. Seja qual for o momento maior da sua carreira, certo é que na cidade invicta ele jamais será esquecido.
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Foto de Capa: FC Porto
artigo revisto por: Ana Ferreira