“Ele é o número 10, e finta com os dois pés; é melhor do que o Pelé, é o Deco Allez Allez”. Esta música vai voltar a ser cantada dia 25 de Julho no Dragão, naquela que é a despedida do melhor jogador que vi jogar no Porto e de um dos melhores números 10 de sempre.
Não quero falar muito sobre o seu talento e a sua carreira. Guardo isso para mais tarde, quando escrever sobre ele na rubrica “Jogadores que Admiro”. Quero deixar apenas umas palavras que façam portistas, portugueses e adeptos de todo o Mundo ter saudades de Deco e vontade de o ver de novo no Dragão daqui a uns meses.
O regresso de Anderson Luis de Sousa ao Porto vem tarde. Há situações em que jogadores voltam aos seus clubes passados muitos anos, mas, dada a sua idade, acabam por desempenhar más exibições e a sua importância resume-se a uma “voz no balneário”. Não acredito que com Deco fosse assim. Porquê? Porque Deco nunca soube jogar mal. Talvez se tivesse voltado a casa depois da sua passagem por Inglaterra houvesse uma bancada com o seu nome ou, pelo menos, mais do que uma estátua sua no museu do Porto.
O sonho de ver Deco de novo de azul e branco nunca passou disso mesmo, de um sonho. A realidade é que ele vai voltar a usar o seu número 10, a camisola que talvez não devesse voltar a ser usada por quaisquer prodígios sul-americanos que vão chegando ao Porto tão rápido como saem. Há que aproveitar cada segundo dos 45 minutos que ele a usar (nos outros 45 minutos vestirá o equipamento do Barcelona) e não os esquecer nunca mais, porque desta vez, serão mesmo os últimos.
Voltar a ver grandes glórias do Porto como Baía, Ricardo Carvalho, Jorge Costa e Benni McCarthy no Dragão é um privilégio que todos os portistas irão ter. Oxalá outros nomes como Lucho possam ajudar à festa (sempre foi um sonho para qualquer portista ver Lucho e Deco no mesmo meio-campo) e lembrar ao Porto que isto, sim, é ser Porto, talvez mostrando ao actual plantel azul e branco aquele que é o clube que representam.
É triste pensar que o regresso de Deco não é mais do que a sua despedida. Conotá-lo como ex-jogador portista é um insulto a toda a importância que teve na história do clube. Deco era magia, arte, paixão e criatividade; Deco era um jogador que fazia valer cada cêntimo que um adepto pagava para ver um jogo. Só tenho pena de que as gerações futuras não o possam ver jogar, porque como ele nunca existiu e certamente nunca existirá outro igual.
O jogo de despedida de Deco não é um adeus, é um obrigado por tudo o que o luso-brasileiro deu ao Porto (e ao Barcelona) e a Portugal. Diz-se que nunca se pode agradar a todos. É mentira. Como poderia alguém não gostar da forma como o mágico jogava? Eu adorava e graças a Deus tenho a oportunidade de o voltar a ver tocar na bola no estádio onde mais foi feliz.