As primeiras versões do FC Porto 2019/2020 estão ainda longe daquele que será o desenho oficial para esta temporada. Os sinais que se puderam ver nos últimos três jogos alimentam a expectativa e que bom é poder incutir mentalidade vencedora num plantel novo, em parte criado de raiz, e ao qual juntaram um trio de ‘rapazolas’ que deixam água na boca.
Pode ter passado despercebido à maioria, mas vitória frente ao Fulham trouxe um troféu ao FC Porto (Cidade de Albufeira) e, ontem, a equipa agarrou uma nova conquista. Vale o que vale, mas para um plantel que perdeu a sua espinha dorsal, viu ser-lhe adicionadas quatro caras novas e ainda três miúdos cheios de vontade de mostrar serviço, tem o seu ‘quê’ de importância.
Primeiro, os miúdos. E palavras? Não é fácil descrever o que pode sentir um adepto de futebol quando vê o seu clube fabricar tanto e tão bom talento na sua sala de máquinas. Tomás Esteves e Fábio Silva têm 17 anos. É preciso dizer mais alguma coisa? E se lhes dissesse que, se o primeiro jogo oficial fosse amanhã, Tomás seria o grande candidato a assumir a lateral direita? Pois é, a seriedade com que aborda cada lance, o à vontade com que sai a jogar e arrisca passes entre linhas, apenas para ‘cortar caminho’, bem… senhoras e senhores, isto é mesmo um caso sério. Saravia que se cuide, ele que, até ao momento, é o reforço que tem dado menos nas vistas. Precisará de melhor muito no aspecto defensivo. Já na frente, tem mostrado atributos. Grande velocidade e capacidade acima da média para os cruzamentos. Mas é preciso mais.
Em relação a Fábio Silva, não será fácil assumir uma titularidade a curto prazo, mas tem tanto para dar. A sôfrega vontade de fazer as redes balançar não o deixam sequer pensar que, em certos momentos, existem caminhos mais fiáveis de se chegar à baliza do que o remate instantâneo. Quando Fábio Silva conseguir discernir isso… Mas tem tanto, tanto tempo… Que delícia.
Ora então, e Romário Baró, que parece jogar a este nível há anos? Seja no centro ou na ala, as trocas de direção, as arrancadas, a técnica… este moço tem tudo.
Mas o que me apetece mesmo dizer dos últimos jogos é que continuem a cuspir para o ar sobre patinhos feios como são Otavio e Zé Luís, que a resposta será sempre dada dentro de campo. Nakajima? Já todos o conhecem. Marcano é o garante de estabilidade e assertividade num sector que suspirava por uma resposta à altura, depois de se ter desfeito. Por fim, Luís Diaz tem tudo para ser uma das figuras deste Porto. Com uma velocidade acima da média e juntando-lhe a qualidade técnica que já se lhe descobriu, é mais um caso sério para dar continuidade ao bom legado colombiano no Dragão.
O FC Porto deste ano é um produto claramente inacabado e, necessariamente, diferente do que se conhece dos últimos dois anos. Mas há coisas que não mudam. A verticalidade é uma delas. O remate fácil também. Os atores, esses, são outros e o filme também já caminha para um final diferente. Estamos no início, mas uma coisa já dá para perceber também. A malapata dos onze metros pode ter tido o final que bem merecia.
Foto de Capa: FC Porto