Perfeição Lopeteguiana

    hic sunt dracones

    Na passada terça-feira, Miguel Sousa Tavares afirmou, na sua habitual crónica no jornal A Bola, que “o grande trunfo do Sporting na sua candidatura ao título, não se chama Jorge Jesus mas sim Julen Lopetegui”. Que Miguel Sousa Tavares percebia pouco de futebol isso já seria de esperar. Agora, que fosse intelectualmente desonesto para com os habituais leitores do jornal e da sua crónica é algo que não esperava da sua pessoa. Optar por uma afirmação destas é optar pelo caminho mais fácil, pela opinião fraturante que tem tanto de inverdade como de desonestidade.

    Caro Miguel Sousa Tavares, o maior trunfo do Sporting na candidatura ao título é Jorge Jesus, o melhor treinador em Portugal, na atualidade. Aquele que conhece como ninguém os adversários na liga portuguesa, aquele que potencia os jogadores e esconde as debilidades dos mesmos, aquele que foi campeão por três vezes em seis anos sendo que, em dois desses seis anos, lutou praticamente até ao final pelo título. Pelo caminho, conquistou também taças e supertaças de Portugal e voltou a colocar o Benfica nas bocas do mundo.

    Aliás, esta semana surgiu também uma notícia que dizia que Lopetegui nunca foi líder isolado em Portugal. Porquê? Porque no ano passado teve o Benfica a fazer frente. Este ano tem o Sporting. Qual é o elemento comum?

    Jogando com as mesmas armas, não há nenhum treinador em Portugal capaz de fazer frente a Jorge Jesus. Contudo, o jogo é jogado pelos jogadores e não pelo treinador. E é aí que o FC Porto sai a ganhar. No dragão moram as melhores individualidades. Há um enorme potencial na equipa azul-e-branca que é deixado por terra pelo pouco risco assumido nas opções do treinador.

    FC Porto campeão europeu e… com 74% de vitórias na liga portuguesa Fonte: UEFA
    FC Porto campeão europeu e… com 74% de vitórias na liga portuguesa
    Fonte: UEFA

    Eu sou o primeiro a dizer que Lopetegui não é o melhor treinador para o FC Porto. Daí a ser mau ao ponto de se tornar um trunfo do adversário… O FC Porto de 2014/15 terminou com 74% de vitórias na liga portuguesa e com uma média de 2,17 golos marcados por jogo. Pois, pasme-se… o FC Porto que foi campeão europeu também ousou ficar-se pelos 74% de vitórias na liga portuguesa e, ainda assim, conseguiu ganhá-la!

    Há uma grande diferença, sabe? É que Jorge Jesus elevou imenso o nível da liga portuguesa. E embora já não disponha das mesmas armas que tinha no Benfica, Jorge Jesus vai obrigar, uma vez mais, a que os outros treinadores rocem a perfeição para serem campeões. Os outros? Perdão… Julen Lopetegui. Porque eu já descartei Rui Vitória e, para mim, em Portugal só pode existir um campeão: o FC Porto.

    Julen Lopetegui terá de roçar a perfeição para ser campeão. Mas esta perfeição está longe de ser a perfeição exigível. Terá, sim, de roçar a perfeição lopeteguiana. Não é muito mas, infelizmente, o suficiente para liga portuguesa.

    Com o cérebro… joga-se com o cérebro! Fonte: FC Porto
    Com o cérebro… joga-se com o cérebro!
    Fonte: FC Porto

    Para terminar queria apenas explicar-lhe uma coisa… “Maldita posse de bola”? Não desdenhe da posse de bola. Ter a posse de bola é o primeiro passe para não sofrer golos, sabia? Porque o adversário não tem a bola. É por isso que o FC Porto tem sofrido tão poucos golos e tem batido recordes. É uma verdade de La Palisse. Se quiser reclamar de alguma coisa, reclama do facto de o FC Porto não saber o que fazer quando tem a bola. Não reclame pelo facto de ter a bola. Futebol sem bola só na educação física.

    Foto de Capa: bienalbrasildolivro

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    Nuno Ribeiro Margarido
    Nuno Ribeiro Margaridohttp://www.bolanarede.pt
    O Nuno sabe que o futebol se assume muitas vezes como a perfeita metáfora da vida. Entre muitas frases do mundo do futebol que o marcam há uma que guarda e que o inspira em tudo o que faz: "Ganhar, ganhar, ganhar... e voltar a ganhar, ganhar e ganhar... é isto o futebol".                                                                                                                                                 O Nuno não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.