É fundamental a contratação de um treinador competente e dar-lhe estabilidade, confiança, apoio e tranquilidade para trabalhar. É necessário garantir-lhe que não terá o lugar em risco ao primeiro desaire. Fui um crítico de Nuno Espírito Santo e um apoiante da sua desvinculação enquanto técnico principal do FC Porto porque não lhe reconhecia competência para cargo. Quando falo em estabilidade, quero dizer que é fulcral estabilizar na competência. Treinadores como Marco Silva (já fora de órbita) ou Sérgio Conceição, seriam para mim os mais acertados para o cargo e seria de extrema importância a contratação de um destes nomes. Uma opinião meramente pessoal com base numa profunda análise, mais uma vez, da competência, ideia de jogo, gestão de recursos humanos e capacidade comunicativa.
No entanto, urge perceber, até pelo que já referi anteriormente, que nem estes ou outro qualquer nome que venha a ser o escolhido como timoneiro da equipa principal de futebol resolverão todos os problemas existentes. A solidez e competência da estrutura do nosso principal rival, encontra-se, infelizmente, a anos luz da nossa e, como tal, não será um treinador, por si só, a resolver todos estes problemas conjunturais e estruturais. É imperativo o reconhecimento de que, provavelmente, o FC Porto voltará a não ganhar na próxima temporada (oxalá esteja enganado), já que competirá com armas muito inferiores, como já sucedeu esta época.
O clube tem que saber dar um passo atrás para dar dois à frente. É necessária e essencial uma reabilitação financeira e um aumentar dos níveis de rispidez comunicacional para que se volte a ganhar, sendo quase certo que para isso acontecer, este hiato de vitórias (pelo menos no que ao título nacional diz respeito) correrá o risco de se prolongar por mais uma ou duas temporadas. O investimento e endividamento desenfreado já provaram não ser solução e colocaram em risco a sobrevivência do clube. Compete, agora, aos obreiros deste descalabro um emendar desses erros e o recolocar do navio em rota certa sob pena de este se afundar definitivamente.
Muitas vezes se confundem os domínios do possível e do provável. Ora, uma eventual conquista do campeonato nacional por parte do FC Porto na temporada desportiva que se avizinha entra no campo das possibilidades mas está completamente fora do âmbito da probabilidade.
Sei que não é fácil para um portista aceitar esta ideia, até pelo facto da eminente possibilidade de o SLB igualar a proeza do FC Porto no final do século passado e ser pentacampeão para o ano que vem, mas quando a sobrevivência do clube está em causa a racionalidade torna-se fundamental. Importa agora apoiar a equipa em mais uma longa temporada e saber fazer análises dentro do contexto atual do clube e nunca fazer a separação dos dois (clube e seu contexto). São tempos diferentes dos que estávamos habituados. Há que, primeiro, aceitar, para depois voltar a ganhar. Exige-se máximo rigor, honestidade e competência a todos os envolvidos no processo e pede-se, agora, alguma paciência e ainda mais apoio a uma massa adepta que se habituou a caviar mas a quem, ultimamente, têm sido servidas apenas latas de conserva.
Não quero com isto, ainda assim, reduzir as esperanças ou desculpabilizar possíveis insucessos. Cabe ao FC Porto lutar até à última gota de suor por todas as provas em que estiver envolvido mesmo que parta para estas em clara desvantagem. Isso é uma obrigação enquanto parte integrante do clube.
Mais uma vez apelo à união do clube porque só assim, juntos, poderemos dar a volta a uma situação que poderá ser bem pior do que imaginamos. É tempo de vacas magras no Reino do Dragão.
Foto de capa: FC Porto