Revista do Ano 2014: FC Porto

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    Com o ano de 2014 prestes a terminar, o Bola na Rede faz uma viagem pelos últimos 365 dias. Numa série de artigos, destacar-se-ão os protagonistas que marcaram um ano repleto de momentos que permanecerão na memória de todos os amantes de Desporto.

    RETROSPECTIVA DE 2014: Uma mão cheia de nada

    Falhanço. Ora aí está uma palavra que raramente rima com FC Porto. Porém, o ano que está prestes a terminar revelou-se tudo menos positivo para o reino do Dragão. O que fica do que passa? Três treinadores, nenhum título, pouco futebol. Primeiro com Paulo Fonseca, depois com Luís Castro, agora com Julen Lopetegui  – com qualquer um deles, e por mais que todos sejam diferentes uns dos outros, 2014 não teve um FC Porto impositivo, feroz e vitorioso. Dos desaires nas meias-finais das taças (de Portugal e da Liga) às mãos do Benfica, passando pelo memorável (negativo) 3º lugar no Campeonato – tudo ainda referente à época 2013/2014 –, chegando à precoce eliminação na edição deste ano da Taça de Portugal e aos actuais seis pontos de desvantagem na Liga, face ao Benfica, só a campanha na presente edição da Liga dos Campeões resgatou alguns dos sorrisos que o Dragão sempre se habituou a proporcionar. 2014 foi, para os portistas, o que ano nenhum costuma ser: uma mão cheia de nada.

    MOMENTO DO ANO: 6 de Maio de 2014

    Quando Pinto da Costa decidiu avançar para a contratação de Julen Lopetegui, não era só o posto de treinador que estava em causa – era o passado e uma filosofia. Um passado de aposta (falhada) em Paulo Fonseca e de uma filosofia de recrutamento interno de jogadores que não deu frutos. Contratar o espanhol significou cortar o mal pela raiz e apostar num treinador conhecedor de outra realidade, capaz de arriscar e capitalizar jovens com potencial e partidário de um estilo de jogo (alegadamente) assente na posse e gestão da bola. Se nem tudo isto se concretizou, também me parece indesmentível, por outro lado, que a concretização de determinadas contratações só foi possível muito por culpa da presença de Lopetegui no banco do Dragão. A mudança foi global e por mais que nem todas as expectativas tenham sido (ainda) concretizadas, pelo menos pela ilusão, a apresentação do treinador espanhol, a 6 de Maio, foi o momento de 2014.

    JOGO DO ANO: A rara exibição ‘à Porto’

    Liga Europa. 2ª mão dos Oitavos-de-final. Napoli-FC Porto. 20/03/2014. Não, não foi uma exibição de encher o olho do FC Porto, imaculada, incólume ou irrepreensível. Nada disso! Mas a equipa tinha acabado de perder o seu capitão (Hélton) por lesão, estava privada do seu defesa esquerdo (Alex Sandro) e só tinha dois centrais disponíveis (Reyes e Mangala). Dispunha, porém, de uma vantagem de 1-0 trazida do Dragão, que, todavia, haveria de ser anulada pelos italianos à passagem do minuto 20. Mas depois disso o FC Porto soube ser, como poucas vezes em 2014, uma verdadeira equipa: lutadora, coesa e sábia na hora do sofrimento, esperando pela oportunidade de ser feliz. E foi-no através de dois golpes de asa assinados por Ghilas e Quaresma, que permitiram a cambalhota no marcador (2-2 no final), num palco dificilíssimo, e a certeza (ainda que efémera) de que as exibições ‘à Porto’ não haviam sido extintas.

    GOLO DO ANO: Olá de novo, Harry Potter

    Carlos Eduardo (vs Vitória de Setúbal), Brahimi (vs Lille e BATE Borisov), Aboubakar (vs Shakhar). Qual prefere? Pois então que voltemos a Nápoles … 1-1 no marcador e depois isto:

    JOGADOR DO ANO: Dançando ‘Cha Cha Cha’

    Quando o colectivo não é eficiente, dificilmente as putativas estrelas poderão subir ao nível que todos sabemos que são capazes de atingir. Boa parte das figuras do plantel do FC Porto foram vítimas (mas também réus), ao longo de 2014, desta circunstância. É certo que havia Mangala e Fernando, tal como agora se pode pensar em Indi, Óliver ou Brahimi. E há ainda Danilo, que finalmente começou a justificar todas as expectativas que sobre ele existiam. Todavia, como em todos os desertos, também no FC Porto houve, em 2014, um oásis – Jackson Martínez. Os créditos de portentoso ponta de lança já estavam mais do que confirmados; porém, hoje é mais do que isso – de ‘9’ de mão cheia, mais uma vez melhor marcador da Liga, chegou também a capitão de equipa. ‘Cha Cha Cha’ é avançado de ‘A’ grande, garante de golos mesmo quando todos os que estão atrás de si nada fazem por isso, e, este ano, ninguém mais do que ele fez por ser feliz – 33 golos no total em 2014, acabando ainda como 10º jogador com melhor rácio golos/minutos nas principais ligas europeias em 2014/2015.

    REVELAÇÃO DO ANO: Só 17 anos?

    Quando Fernando saiu para o City, a interrogação pairou no ar: quem surge para substituir o ‘Polvo’? Haveria de se concretizar a chegada de Casemiro (por empréstimo do Real Madrid) e havia ainda Mikel Agu. Porém, a grave lesão do nigeriano, ainda na pré-época, retirou-lhe qualquer hipótese na luta pela titularidade. Mas, tal como diz o ditado, há males que vêm por bem. O azar de um foi a sorte de um menino de 17 anos, apenas habituado às andanças do futebol juvenil – Rúben Neves. Queimando etapas como nenhum outro (não jogou na equipa B nem sequer nos juniores), o (hoje) nº36 do FC Porto surgiu diante dos graúdos e impôs-se pelos seus maiores atributos: técnica, qualidade de passe, intensidade e visão de jogo. Depois de exibições de encher o olho na pré-temporada, começou a época a titular, desafiando todos os prognósticos e acumulando prestações de categoria – foi, aliás, da sua autoria o golo inaugural do FC Porto no Campeonato. Ainda que tenha perdido algum espaço nas últimas semanas, Rúben Neves foi das poucas coisas boas que aconteceu a este FC Porto em 2014; pela sua idade e pelo que já demonstrou, foi a revelação deste ano e pode ser a certeza dos próximos.

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    Rúben Neves foi a revelação do ano 2014 no FC Porto
    Fonte: Página de Facebook do FC Porto

    DESILUSÃO DO ANO: 2014 na pele do ‘26’

    Da perspectiva do FC Porto, olhar para 2014 chega a ser até doloroso. Dentro de campo, o clube falhou em todos os objectivos, não tendo conquistado um único título para amostra – uma raridade, diga-se. Se o falhanço foi geral e colectivo, o certo é que houve elementos que estiveram francamente abaixo do que podem e devem dar. O caso mais gritante e talvez mais paradigmático do 2014 do FC Porto talvez seja Alex Sandro. O nº 26 portista é indubitavelmente um craque de mão cheia – já o provou em momentos anteriores, em jogadas extraordinárias, em incursões ofensivas velocíssimas, em cruzamentos teleguiados ou até na sua capacidade acima da média no que ao posicionamento defensivo diz respeito. Porém, neste ano que agora termina, vimos um Alex Sandro que, apesar de jogar muito (em quantidade), jogou pouco (em qualidade). Exibições apagadas, desgarradas e descoloridas foram uma constante de um jogador que, se quiser, tem potencial e qualidade para actuar em qualquer clube do mundo. Saiba vestir a pele de um Danilo (que, na minha opinião, tem menos predicados do que o seu compatriota) e 2015 pode ser o ano em que o verdadeiro Alex Sandro ressurja.

    PERSPECTIVAS PARA 2015: O título e o outro sonho

    “Fazer pior é impossível, fazer melhor é uma obrigação” – é com este espirito que o FC Porto parte para o novo ano. Já arredado da Taça de Portugal, e mesmo a seis pontos da liderança do campeonato, os dragões têm o essencial para resgatar o título: os melhores jogadores. Pode discutir-se a filosofia, modelo e sistema de jogo implementados por Lopetegui – e muitas reservas mantenho sobre estes pontos –, mas a realidade é que o FC Porto dispõe de um um conjunto de jogadores de fazer inveja a muitos e bons clubes. Ainda que com uma ou outra lacuna – é um facto –, o plantel é bastante para lutar e conquistar o título; porém, para tal, terá de fazer aproximar a sua produção exibicional à qualidade que os seus jogadores inegavelmente têm.

    O título nacional será sempre a prioridade mas estando nos oitavos-de-final da Champions, e perante um sorteio que acabou por ser minimamente favorável aos dragões, o FC Porto tem uma oportunidade de ouro para voltar a chegar aos quartos-de-final da competição e assumir-se mais uma vez como a única equipa portuguesa com dimensão de Champions. Depois disso, sonhar nunca custará e com Óliver, Brahimi ou Jackson até os sonhos mais recônditos são almejáveis.

    Queira o FC Porto fazer de 2015 um ano memorável – mas, desta vez, pela positiva.

    Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

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    Filipe Coelho
    Filipe Coelho
    Ao ritmo do Penta e enquanto via Jardel subir entre os centrais, o Filipe desenvolvia o gosto pela escrita. Apaixonou-se pelo Porto e ainda mais pelo jogo. Quando os três se juntam é artigo pela certa.                                                                                                                                                 O Filipe não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.