Foi recentemente conhecida a convocatória de Fernando Santos para os jogos de preparação para o Mundial 2018 frente ao Egipto e à Holanda. Numa lista de convocados com relativamente poucas surpresas, para os adeptos do FC Porto a grande nota de destaque acaba por ser a ausência de Ricardo Pereira, uma opção do selecionador nacional que parece tornar a presença do jogador no Mundial como pouco mais do que uma miragem.
A época já vai longa e certo é que Ricardo Pereira tem sido, com pouca margem para dúvidas, o melhor lateral direito da Primeira Liga. Para além da velocidade, ofensivamente é um futebolista capaz de desequilibrar as defesas adversárias pela sua técnica, pela capacidade de jogar em espaços curtos e pela competência na ligação com os seus colegas. Defensivamente, não sendo um fora de série, consegue fazer uso da sua velocidade para resolver os lances de 1×1 com os quais se vai deparando.
Realizando uma análise das opções de Fernando Santos, a (triste) conclusão a que se chega é que nenhuma delas é melhor, no cômputo geral, do que Ricardo Pereira. Por um lado, João Cancelo é um futebolista ofensivamente muito interessante, que consegue dar muita profundidade à sua ala; porém, defensivamente apresenta tremendas fragilidades, sobretudo se a equipa defender de forma zonal. Por outro lado, Cédric Soares é um daqueles casos de “sucesso” de difícil compreensão: trata-se de um futebolista com alguma competência no momento ofensivo, mas são evidentes as suas dificuldades para jogar em espaços curtos; defensivamente tende a não comprometer mas, não raras vezes, apresenta lacunas no capítulo do posicionamento.
Posto isto, não restam senão muitas dúvidas relativamente às opções de Fernando Santos para a posição de lateral direito da seleção nacional. Numa luta na qual ainda deverá entrar Nélson Semedo, Ricardo Pereira parece perder cada vez mais espaço e será, sem grandes surpresas face à situação atual, um dos ausentes do Mundial 2018 por opção técnica.
O passado leva a que os adeptos acreditem em Fernando Santos, embora fique sempre a ideia de que um milagre não acontece duas vezes na mesma capela (será preciso muito mais do que a seleção nacional mostrou no Europeu para que esta possa estar na luta pelo Mundial!). Portanto, resta esperar para ver. Por enquanto, a ideia que fica é que Ricardo Pereira poderia ser, não só pela sua qualidade como também pela polivalência, um jogador-chave para as aspirações da seleção das “quinas”. Porém, como bons portugueses, queremos veementemente que esta não seja mais do que uma crença errónea.
Foto de Capa: FC Porto