Tanto jogador entrou, mas o que seria dos que saíram?

    atodososdesportistas

    Numa altura em que  o futebol nacional está virado para o Mundial de Sub-20 (onde Portugal categoricamente já carimbou a passagem à segunda fase, com as jovens promessas do Porto em claro destaque) e para o caso JJ, pouco assunto existe sobre a restante realidade desportiva. Estamos naquela altura onde o futebol interno fica “estagnado” e tudo o que se sabe são especulações atrás de especulações. No caso dos Dragões, muitos nomes se têm mencionado (alguns dos quais até já falei em textos anteriores), como são os casos de Danilo Pereira, Djaniny, André André, Sérgio Oliveira e Mayke (entre outros nomes veiculados pela imprensa), passando pela possível chamada de Kleber e Carlos Eduardo para a pré-época que se avizinha. São muitas as caras que têm feito correr tinta nos diários desportivos e gastado teclados nos sítios de maior preferência online.

    Posto isto, irei hoje abordar um tema que vai exactamente no sentido oposto a este: jogadores que saíram do Porto por “tuta e meia” e que hoje poderiam ter valor para jogar neste clube, que vingaram onde estão e que, continuando no Porto, certamente teriam tido uma margem de evolução muito maior… Tome em atenção que, como é lógico, me podem escapar vários nomes, pois foram tantos os que passaram. Começando:

    Beto: o guardião bicampeão da Liga Europa, pelo Sevilha, saiu dos actuais campeões da mesma competição para um empréstimo aos Romenos do Cluj, clube onde foi o titular indiscutível. Sem ser perceptível, de todo, a estratégia da SAD azul-e-branca, o guarda-redes é cedido ao Sporting de Braga com os Dragões a manterem 50% de uma futura venda. Meia época na pedreira e um empréstimo aos espanhóis do Sevilha, que exerceram opção de compra, fixada em um milhão de euros (repartidos por Porto e Braga), quantia francamente baixa para o valor do jogador. Verdade seja dita que Beto vivia na sombra do poderoso Helton, mas um guarda-redes amadurece após os 30 e hoje, no alto dos seus 33 anos, tem brilhado ao defender as cores andaluzas, sendo um dos capitães de equipa. A pergunta que faço é: não teria feito “este” Beto bem melhor do que Fabiano ou Andrés com a prolongada ausência de Helton?

    André Pinto: Não sendo um central de eleição, é um jogador com passagem por todas as camadas jovens da selecção nacional e extremamente seguro naquilo que é a principal tarefa de um defesa: defender. Hoje tem 25 anos e experiências por empréstimo em clubes como Santa Clara, Vitória de Setúbal, Portimonense e Olhanense. Quando todos pensavam que o jogador vinha com rodagem suficiente para poder “espreitar” um lugar na equipa principal, eis que é transferido para o Panathinaikos de Jesualdo Ferreira, que, ao vir para o Braga, traz o “seu” central com ele. Hoje em dia é uma das referências da defesa arsenalista e, contra Cabo Verde (no passado dia 31 de Março), obteve a sua primeira internacionalização A, pela mão de Fernando Santos. Com Marcano e Maicon como “betão” da defesa portista, não seria hoje um jogador que poderia muito bem fechar o leque de centrais juntamente com Indi?

    Ivo Pinto: Mais um jogador que me dá “azia” por não o ver no meu clube. Faz-me lembrar Fucile: jogador cheio de raça e que não dá por perdida uma bola que seja. Corre 90 minutos e tem uma colocação de bola acima da média. Mais uma perda que bem podia colmatar, facilmente, as ausências, por impedimento, de Danilo.

    Bolatti: Vindo do Belgrano, rotulado de “Super Mario”, cedo se percebeu que o versátil médio argentino (de cariz mais defensivo mas que podia ocupar qualquer posição do “miolo”) estava com dificuldades de adaptação ao futebol europeu, coisa normal num jogador que veio de um país sul-americano. Não era um Lucho Gonzalez ou um João Moutinho, mas nas épocas que passou de Dragão ao peito sempre o vi com mais qualidade do que em jogadores como Andrés Madrid, Tomás Costa, Pelé, Dias, Kazmierczak ou Leandro Lima. Saiu para a Fiorentina depois de dois anos de secura no Dragão para provar o seu valor, retornando depois à América do Sul para representar o Internacional, onde viveu os seus anos de ouro: foi chamado por Maradona para a selecção nacional das “pampas” e, na estreia, faz o golo que valeu o apuramento para o Mundial de 2010, frente ao Uruguai. Foi uma pena vê-lo partir; tinha tudo para dar mais.

    Souza: Faço para Souza um texto idêntico ao que fiz inicialmente para Bolatti. Este médio viveu sempre na sombra de um 1-4-3-3 que privilegiava apenas um médio defensivo, e esse era Fernando. Fez alguns jogos, mostrou muito potencial mas, ao que tudo indica, não soube esperar pela sua vez.

    Paulo Machado: Um “canterano” é a coisa que mais custa ver partir, ainda mais quando é um jogador de valor incontestável. Tendo-se estreado com 17 anos na equipa principal azul-e-branca pela mão de Victor Fernandez, numa deslocação a Coimbra que quase culminava com um golo, o jovem começou a ser apontado como a nova coqueluche do plantel portista. Infelizmente para ele, o técnico espanhol é despedido no final da época e a vinda de José Couceiro ofuscou o crescimento do então jovem prodígio. Passou por clubes como Estrela da Amadora, União de Leiria, Leixões e Saint-Étienne (sempre a título de empréstimo), até que assinou em definitivo pelo Toulouse, clube que lhe deu a estabilidade necessária para arrancar uma série de grandes jogos. Passou pelo Olympiakos e este ano sagrou-se campeão na época de estreia pelo Dinamo de Zagreb, clube onde milita… Ivo Pinto. No meio de tudo isto, soma seis internacionalizações A.

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    Paulo Machado brilha, actualmente, no Dínamo de Zagreb, da Croácia
    Fonte: Página de Facebook de Paulo Machado

    Castro: A maior desilusão que senti. Um jogador que transpira Porto, sente a alma de ser Dragão e seria o mais natural sucessor da braçadeira usada por Helton (como agora terá de ser, num futuro próximo, Rúben Neves). Pelo clube este menino comia a relva, lutava até não poder mais… Nunca percebi como foi quase obrigado a deixar o Dragão, ainda mais quando se sabia que Fernando estava, mais ano menos ano, de saída… Triste.

    Vieirinha: Mais um produto daquela excelente fornalha do Futebol Clube do Porto. Extremo de raiz, hoje em dia é lateral direito da equipa sensação da Bundesliga: Wolfsburgo. Fez também parte do onze do ano da equipa germânica, tendo sido considerado o jogador mais regular naquela posição do Campeonato alemão. Soma 12 internacionalizações A e uma ida ao Mundial do Brasil, em detrimento de Ricardo Quaresma.

    Atsu: O actual melhor extremo da selecção ganesa, e uma das figuras de proa da mesma, começou o primeiro ano de Vítor Pereira como a surpresa do onze, até se tornar uma certeza com exibições fantásticas e arrancadas que deixavam os adversários pregados ao relvado. Aos poucos começou a ofuscar-se, e dizem os ecos que o empresário começou a meter-lhe “macaquinhos na cabeça”, e este, por sua vez, adoptou um comportamento intriguista, que levou ao seu afastamento. Pois bem, penso que a estrutura portista falhou, e de que maneira, na forma como abordou este assunto. Esta época esteve emprestado pelo Chelsea ao Everton e é visto como um caso sério no mundo do futebol. Tem 23 anos e um mundo de sucesso pela frente. Lá se foram 30 milhões do nada…

    Iturbe: Que se pode dizer de Iturbe? O mesmo que espero não vir a dizer de… Quintero. Difícil adaptação e poucas oportunidades. Hoje em dia o “mini-Messi” (alcunha que a imprensa portuguesa usou e da qual abusou a fim de poder jogar ao chão o menino, visto ser do Porto – e todos sabemos como é a comunicação social com os Dragões, basta ver como foram este ano com Lopetegui…) brilha na Roma. Não fosse a grave lesão, teria sido um dos protagonistas da equipa “Giallorossi”. Ainda rendeu uns milhões, mas desportivamente foi uma nulidade. Poderia e deveria ter sido mais bem aproveitado, quer desportiva quer financeiramente.

    E o caro leitor, que análise faz?

    Foto de capa: Página de Facebook da AS Roma

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