Luís Castro disse na passada quarta-feira que quando os alunos são bons o professor aparece. O problema é que em Sevilha não apareceu ninguém!
Sem rodeios: o jogo de Sevilha foi, em grande parte, aquilo a que o Porto nos habituou durante a presente época. Com Paulo Fonseca no comando foi tudo muito mau, e agora com Luís Castro só está mau. Este último jogo contra o Sevilha não foi um tropeção… foi algo inevitável. E é fácil explicar porquê. Se se lembram do segundo jogo contra o Nápoles, em que empatámos a duas bolas, a primeira meia hora podia muito bem apresentar o mesmo resultado que vimos esta quinta-feira passada no Rámon Sanchéz Pizjuán. O Porto não tem jogado “à Porto” para depois, pontualmente, jogar mal aqui ou ali. É exactamente o contrário! O Porto tem jogado mal para depois, pontualmente, jogar bem aqui ou ali! Em Nápoles viu-se isso. Podíamos estar a perder por mais do que 1-0 só na primeira parte. Vá lá que depois encaixámos um pouco o nosso jogo, mas a verdade é que nunca fomos consistentes. Em jogos grandes ou pequenos, o Porto tem fraquejado muito. Agora, assumo perfeitamente o meu exagero quando digo que o Porto é por hábito muito fraco. A realidade não é bem essa, mas também não anda longe… Quaresma disse no final do jogo que tínhamos equipa para ganhar ao Sevilha. Concordo, mas só nos tais casos pontuais!
No meu último artigo falei de seis problemas que o Porto precisa de resolver o quanto antes. Contra o Sevilha notaram-se muito bem três deles. Herrera na primeira parte esteve muito lento a decidir o que fazer à bola, se bem que na segunda melhorou imenso. Ora aí está: o potencial existe, só é preciso uma ajudinha. O rapaz quando decide, decide bem. As bolas paradas continuam uma nulidade e Quaresma mantém-nas mal batidas. E, por fim, quem não chuta não marca! Os remates de meia distância são uma arma importantíssima no arsenal de qualquer equipa. O que vimos na quinta-feira passada foi um exemplo das dificuldades por que passamos quando não oleamos essa arma. O Sevilha, a ganhar 3-0, viu um jogador seu ser expulso e recuou as linhas todas, fechando-se muito bem na defesa. O Porto ficou sem espaços para criar desequilíbrios e acampou no início do último terço do campo, sem saber como penetrar a defesa espanhola. Já com Quintero, Kelvin e Ricardo em campo, nada parecia assustar o Sevilha. Nas poucas situações de remate de meia distância a bola nunca passou muito longe da baliza de Beto. Quaresma lá conseguiu reduzir a diferença mas já foi tarde.
Perdemos e fomos eliminados. Para mim não foi nenhuma surpresa… Acredito que temos um bom professor e alguns bons alunos, da mesma forma que acreditei que podíamos ganhar a Liga Europa porque somos Porto. Porque quando jogamos “à Porto” somos capazes de ganhar tudo e mais alguma coisa, independentemente dos alunos e do professor, mas a verdade é que temos uma equipa com fragilidades criadas durante meia época e que não podem ser melhoradas em algumas semanas. O facto de termos jogado “à Porto”, uma vez ou outra, só serviu para nos iludirmos. Porque não adianta muito ter um espírito de guerreiro imbatível se o corpo que o acompanha está doente.