Tradicionalmente difícil

    Depois de praticamente um mês de paragem, o Campeonato Nacional vai recuperar o atraso por via de uma jornada a meio da semana. Coisa rara, mas não virgem no que à principal prova de clubes em Portugal diz respeito. Ditou o sorteio que o FC Porto se deslocasse à Madeira para defrontar o único sobrevivente daquele arquipélago na 1ª divisão, o Marítimo.

    As visitas ao Estádio dos Barreiros são, já se sabe, tradicionalmente complicadas e na última década é um dos estádios onde o FC Porto encontra mais dificuldades para levar de vencida a equipa local. É verdade que sob o comando de Sérgio Conceição os dragões obtiveram duas suadas vitórias em outros tantos jogos na casa maritimista, no entanto, se recuarmos aos últimos 5 jogos, para além dessas duas vitórias, sobram dois empates e uma derrota. Um saldo claramente negativo para uma equipa que luta, todos os anos, pelo título de campeão nacional.

    Se o FC Porto, após a vitória frente ao Famalicão (a 7ª consecutiva), assumiu a liderança do campeonato, o Marítimo encontra-se a realizar uma prova algo titubeante. São, para já, 8 jogos, 2 vitórias, 3 empates e 3 derrotas. São 9 pontos que representam um 11º primeiro lugar. Curiosamente são mais os pontos conquistados fora de casa (5) do que os conquistados no caldeirão dos Barreiros (4). Como é normal numa fase tão embrionária da prova, o Marítimo está praticamente à mesma distância dos lugares de despromoção e dos lugares de acesso às provas da UEFA. No que concerne às restantes provas nacionais, o Marítimo está praticamente fora da Taça da Liga (1 ponto em 2 jogos) e foi surpreendentemente eliminado pelo Beira-Mar (equipa do 3º escalão) da Taça de Portugal.

    Após a vitória frente ao Famalicão, o FC Porto desloca-se à Madeira para defrontar o Marítimo
    Fonte: FC Porto

    Comandado por Nuno Manta Santos, o Marítimo alinha normalmente num 4x4x2 clássico com bastante mobilidade na frente de ataque. Amir tem vindo a ser o guarda-redes e o quarteto defensivo vem sendo composto por Nanu, na direita, Zainadine e Kerkez no centro e Rúben Ferreira na esquerda. No meio campo os jogadores mais utilizados têm sido Edgar Costa (já faz parte da mobília maritimista), Bambock, Rene e Marcelinho e na frente a mobilidade é conferida por Gatterson e Maeda. Não será de descurar a presença de Grolli ou F. China na defesa, de Jorge Correa no meio-campo ou, até, de Rodrigo Pinho no ataque para conferir à equipa maior presença na área adversária.

    Apesar de ser uma equipa que marca alguns golos (10 até ao momento), é, também, uma equipa permeável defensivamente, sento a terceira defesa mais batida da prova. No entanto, sabe-se que os jogos frente aos grandes têm um cariz motivacional muito específico e, como tal, qualquer análise pejorativa que possa ser feita à priori poderá ser desfeita durante a partida. Importa lembrar que o Sporting CP já foi travado por esta equipa (igualdade a uma bola na jornada inaugural).

    Como tal, mais do que tentar perceber o que é que o Marítimo será capaz de fazer, prefiro dissipar aquilo que o FC Porto e Sérgio Conceição poderão apresentar em campo para sair da Madeira com os 3 pontos na bagagem. E aqui é simples. Se o FC Porto, como sucedeu no Domingo, se apresentar em campo num esquema híbrido que varia entre um 4x3x3 e um 4x2x3x1, que potencia um futebol de pressão e circulação, que dá primazia ao perfume técnico de jogadores como Otávio, Corona ou Luís Díaz e que junta mais um homem ao meio campo para facilitar um jogo mais associativo, não deverá ter dificuldade em obter um bom resultado. Se, ao invés, recuperar Marega e o 4x4x2 viciado na profundidade, dependente da potência física e que ignora a vertente mais técnica e recreativa do jogo, poderá vir a ter grandes dificuldades. Têm a palavra Sérgio Conceição e os jogadores.

    Foto de capa: Diogo Cardoso/ Bola na Rede

    Revisto por: Jorge Neves

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    Bernardo Lobo Xavier
    Bernardo Lobo Xavierhttp://www.bolanarede.pt
    Fervoroso adepto do futebol que é, desde o berço, a sua grande paixão. Seja no ecrã de um computador a jogar Football Manager, num sintético a jogar com amigos ou, outrora, como praticante federado ou nos fins-de-semana passados no sofá a ver a Sporttv, anda sempre de braço dado com o desporto rei. Adepto e sócio do FC Porto e presença assídua no Estádio do Dragão. Lá fora sofre, desde tenra idade, pelo FC Barcelona. Guarda, ainda, um carinho muito especial pela Académica de Coimbra, clube do seu pai e da sua terra natal. De entre outros gostos destacam-se o fantástico campeonato norte-americano de basquetebol (NBA) e o circuito mundial de ténis, desporto do qual chegou, também, a ser praticante.