Um cenário mais azul

    A nação portista acordou hoje de manhã mais confiante. A generalidade dos portistas acredita mais hoje no título de campeão nacional do que ontem.

    O cenário após a derrota caseira com o SL Benfica era negro e confesso que nem com uma série de 10 vitórias consecutivas até ao final do campeonato eu acreditava num FC Porto campeão. Hoje, acredito, firmemente, que se Sérgio Conceição e os seus jogadores conquistarem os 27 pontos que faltam disputar sagrar-se-ão campeões nacionais pela 29ª ocasião na história do clube.

    Antes da jornada que passou o cenário era o seguinte: SL Benfica em primeiro com 59 pontos, seis jogos em casa e quatro fora por disputar e um calendário mais folgado do que o FC Porto que, por sua vez, tinha 57 pontos, cinco jogos em casa e cinco fora por disputar e ainda teria que jogar com o Sporting CP. A juntar a tudo isto, o clássico marcou uma jornada em que o FC Porto perdia a liderança no seu próprio estádio e em que o SL Benfica confirmava uma excecional recuperação e passava para a frente da tabela classificativa depois de recuperar uma desvantagem de sete pontos.

    Tive a oportunidade de referir, neste espaço, que uma eventual vitória do SL Benfica no Estádio do Dragão poderia resolver o campeonato a favor dos encarnados pelo impacto emocional que poderia ter. O elã positivo que criaria na massa adepta do SL Benfica e a ferida que se abriria mais a norte, depois de perdida a liderança num campeonato que chegou a estar ganho, dificilmente permitiriam a abertura de uma nova janela de oportunidade para os dragões se acercarem do título. O calendário era claramente favorável às águias e passaria a existir uma clara vantagem, não só pontual e no confronto direto, mas também no lado emocional da coisa.

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    Fonte: FC Porto

    O que é certo é que volvida uma semana tudo mudou. Não no que concerne à liderança, que se mantém do lado do SL Benfica, nem no que diz respeito à possibilidade de o FC Porto depender de si próprio para chegar ao título, que não depende. No entanto, muitas coisas mudaram. Nem sequer relevo a questão pontual, que apesar de importante não é o que mais me faz crer num Porto campeão. O que na verdade mudou é que o SL Benfica caiu à primeira.

    Logo na primeira de dez finais, os comandados de Bruno Lage desperdiçaram a almofada de segurança que tinham. E se há algo que a semana desportiva veio demonstrar é que o SL Benfica, que caminhava seguro e galopante rumo ao título, não está assim tão seguro. Na perspetiva benfiquista era fundamental confirmar, num jogo disputado no Estádio da Luz, o resultado obtido uma semana antes na cidade invicta. Os adeptos acorreram ao estádio mas o balão que estava cheio de confiança esvaziou e a pressão é, agora, muito maior. Se tivermos, ainda, em conta o medíocre jogo e resultado dos encarnados em Zagreb (que acredito que será corrigido com maior ou menor dificuldade na segunda mão), e a categórica e emocionante passagem do FC Porto aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, aferimos que o oxigénio que se perdeu no balão do Benfica, foi empurrado pelo vento para a cidade Invicta e para o plantel dos azuis e brancos.

    Em suma, a vantagem classificativa mantém-se do lado do SL Benfica, no entanto, a vantagem pontual esfumou-se e o ascendente emocional desapareceu. Cabe ao FC Porto não vacilar na pressão ao rival e ir somando os três pontos jornada após jornada. Se o fizer acredito que os comandados de Bruno Lage acabarão por vacilar. Não deixa de ser irónico ter sido o Belenenses, que alinha normalmente de azul e branco, a provocar este pequeno volte face e a pintar levemente de azul um novo cenário. Azul dá, azul tira.

    Foto de Capa: FC Porto

    Artigo revisto por: Jorge Neves

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    Bernardo Lobo Xavier
    Bernardo Lobo Xavierhttp://www.bolanarede.pt
    Fervoroso adepto do futebol que é, desde o berço, a sua grande paixão. Seja no ecrã de um computador a jogar Football Manager, num sintético a jogar com amigos ou, outrora, como praticante federado ou nos fins-de-semana passados no sofá a ver a Sporttv, anda sempre de braço dado com o desporto rei. Adepto e sócio do FC Porto e presença assídua no Estádio do Dragão. Lá fora sofre, desde tenra idade, pelo FC Barcelona. Guarda, ainda, um carinho muito especial pela Académica de Coimbra, clube do seu pai e da sua terra natal. De entre outros gostos destacam-se o fantástico campeonato norte-americano de basquetebol (NBA) e o circuito mundial de ténis, desporto do qual chegou, também, a ser praticante.